quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Sobre escolhas livres

É importante tomar decisões. Gosto e satisfação não podem nem devem ser definidos por lei.



O baile funk ocorrerá, quer a prefeitura permita ou não. (Foto: Arquivo)
Por Alexandre Kawakami*

Alguns leitores me perguntam se parei de escrever sobre o capitalismo para os pobres, tendo em vista os temas mais mundanos que tenho abordado em meus últimos artigos.

Não é essa minha intenção. Ao contrário, venho tentando abordar alguns temas que creio serem relevantes para remoldurar os preconceitos que carregamos quando abordamos o tema.

Quando escrevo sobre a prostituta idosa na Bélgica, tenho muito menos a intenção de chocar e muito mais o objetivo de mostrar que minha tendência, neste caso, foi a de querer censurar uma decisão que não tenho condições de julgar de forma abrangente. O mesmo acontece quando quero julgar se o baile funk é bom ou ruim, ou se deveríamos ou não permitir que nossas crianças tenham ou não acesso a vídeos na internet.

A verdade é que estamos prontos a colocar nossos julgamentos como parâmetros morais que se transformam em leis. A verdade é que a indústria do videogame é maior do que a indústria automobilística já há algum tempo. Nossas crianças terão acesso a conteúdo que não conseguiremos controlar, não importa o software antivírus que utilizemos. O baile funk ocorrerá quer a prefeitura permita ou não.

O mesmo acontece quando colocamos nossa nostalgia como medida de nossa virtude. O mundo evolui, independe do caminho que creiamos ser o melhor. Não adianta termos saudade do pão de queijo da infância ou acharmos que o lugar onde vivemos é bom por default, e não por seus méritos intrínsecos e objetivos.

As pessoas aqui ou na África continuarão procurando suas felicidades individuais, independente do que eu achar que esta deva ser.

E é assim que as pequenas empresas continuarão a empregar mais pessoas do que as grandes empresas. É assim que países com maior grau de liberdade econômica crescem com velocidade mais rápida do que países não tão livres. As pessoas criam as ofertas das demandas que percebem à sua volta, completamente alheias ao que eu ache ou deixe de achar dos meios com que atingem tal felicidade. Onde as ofertas podem se realizar, as trocas ocorrem com mais eficiência. Os que consomem têm maior satisfação, e os que proveem tem mais clientes. Países se tornam ricos não quando seus cidadãos têm mais dinheiro, mas quando tem mais acesso aos bens que, na sua individualidade, anseiam.

Assim como se faz em boa educação, acredito ser importante dar a todos os instrumentos para que indivíduos tomem decisões informadas. E não tomar esta decisão para estes indivíduos. É nisto que divirjo dos que acham que gosto e satisfação devem ser definidos por lei.
*Alexandre Kawakami é Mestre em Direito Econômico Internacional pela Universidade Nacional de Chiba, Japão. Agraciado com o Prêmio Friedrich Hayek de Ensaios da Mont Pelerin Society, em Tóquio, por pesquisa no tema Escolhas Públicas e Livre Comércio. É advogado e consultor em Finanças Corporativas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário