Em janeiro deste ano a cidade de Juazeiro do Norte (CE), terra de Padre Cícero, abriu as portas para fiéis de vários outros padrinhos. As fileiras dos romeiros engrandeceram com a presença dos mais de 4 mil participantes do 13º Encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base - CEBs, cujo tema foi Justiça e Profecia a Serviço da Vida. Além das delegações, estiveram presentes bispos, padres, lideranças indígenas e membros de várias outras religiões (mesmo as não-cristãs).
De acordo com o Paulo Suess, alemão radicado no Brasil, o que mais marcou o encontro foi a força da mística nordestina. Em uma região onde a religiosidade se mistura ao imaginário dos beatos e beatas, dos padres messiânicos e cangaceiros, a força da religiosidade popular se manifesta de maneiras únicas, ainda que em diálogo com inquietações de todo o Brasil. Assemelham-se nas lutas por justiça e lutas justiceiras, nos messianismos políticos e mesmo nas loucuras messiânicas (como no emblemático caso da Pedra do Reino). "Em cada um de nós, a religião pode alimentar desespero e esperança. Saber para que lado do muro se deve pular é decisão da fé. Mas a fé não é necessidade, é opção."
Paulo Suess, padre, doutor em Teologia Fundamental com um trabalho sobre Catolicismo popular no Brasil. Em 1987 fundou o curso de Pós-Graduação em Missiologia, na Pontifícia Faculdade Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, onde foi coordenador até o fim de 2001. Recebeu o título de Doutor honoris causa das Universidades de Bamberg (Alemanha, 1993) e Frankfurt (2004). É assessor teológico do Conselho Indigenista Missionário - Cimi e professor no ciclo de pós-graduação em missiologia, no Instituto Teológico de São Paulo - ITESP. Entre suas publicações, citamos Dicionário de Aparecida. 40 palavras-chave para uma leitura pastoral do Documento de Aparecida (São Paulo: Paulus, 2007).
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Uma das grandes dificuldades das confissões religiosas nos dias de hoje é vincular a espiritualidade às práticas do cotidiano. Muitos enxergam uma fratura entre o reino de Deus e a vida material, como se fossem espaços dissociados. Como as CEBs colaboram para a construção de pontes entre os "dois mundos"?
A autonomia se desdobra na liberdade da autodeterminação e da criatividade, e como tal é constitutiva para a dignidade humana. A criação do mundo continua nas "práticas do cotidiano" em todas as suas dimensões. Por isso não faz sentido falar em "fratura entre o reino de Deus e a vida material", porque nem o reino de Deus está desprovido da vida material, nem "a vida material" está desprovida do espírito.
A física quântica nos esclareceu sobre o fato de que no fundo da "vida material" encontra-se energia, luz, vida, espírito, processos em mutação permanente. As CEBs vivem esses processos de encarnação na vida. Suas raízes têm asas! Aprenderam no seguimento de Jesus que a vida material nunca é o fim último nem realidade definitiva, e que a vida espiritual está embutida na terra e na água, na dor cotidiana e na morte que é passagem.
IHU On-Line - Como evangelizar sem alienar? Ou seja, é possível viver em espiritualidade mantendo um pensamento crítico?
Paulo Suess - O que é "alheio" e produz alienação, e o que é "próprio" e fortalece a identidade? A relação entre ambos é resultado de acordos, consensos e negociações históricas. Tanto "alienar" como "pensamento crítico" pressupõem um fundo de valores e normas constitutivos e assumidos em liberdade por uma determinada comunidade. Quem se "aliena", se afasta desses valores que compõem uma visão do mundo compartilhada. O pensamento crítico aponta para esse distanciamento da visão do mundo compartilhada e reivindica a volta ao "ideal" abandonado.
"Saber para que lado do muro se deve pular é decisão da fé. Mas a fé não é necessidade, é opção"
A proposta comum das CEBs, seu ideal, é sua articulação entre fé e vida. Nas CEBs, a relevância da fé é permanentemente aferida a uma vida na qual o fruto do trabalho de todos é repartido igualmente entre todos e apropriado em harmonia com a natureza, tendo particularmente em vista as futuras gerações. O "pensamento" crítico, inerente ao Evangelho, fortalece a "espiritualidade".
A vida espiritual, como as CEBs a compreendem, faz um esforço permanente para resistir contra certo "essencialismo nas nuvens" e fora dos contextos e da história. Vida espiritual significa vigilância sobre um projeto civilizatório, capaz de alienar-nos de nós mesmos, do outro e do mundo. O tema do 13º Intereclesial de CEBs "Justiça e Profecia a Serviço da Vida" é expressão dessa vigilância em defesa do bem viver para todos e do discernimento crítico.
A proposta comum das CEBs, seu ideal, é sua articulação entre fé e vida. Nas CEBs, a relevância da fé é permanentemente aferida a uma vida na qual o fruto do trabalho de todos é repartido igualmente entre todos e apropriado em harmonia com a natureza, tendo particularmente em vista as futuras gerações. O "pensamento" crítico, inerente ao Evangelho, fortalece a "espiritualidade".
A vida espiritual, como as CEBs a compreendem, faz um esforço permanente para resistir contra certo "essencialismo nas nuvens" e fora dos contextos e da história. Vida espiritual significa vigilância sobre um projeto civilizatório, capaz de alienar-nos de nós mesmos, do outro e do mundo. O tema do 13º Intereclesial de CEBs "Justiça e Profecia a Serviço da Vida" é expressão dessa vigilância em defesa do bem viver para todos e do discernimento crítico.
IHU On-Line - De que forma o trabalho promovido pelas CEBs dialoga com a lógica do bem viver (sumak kawsai)?
Paulo Suess - O bem viver, como está inscrito nas Constituições da Bolívia e do Equador, é um processo de conquistas e esforços históricos permanentes contra tudo que estorva a vida de pessoas, comunidades e sociedades. No horizonte dessa luta está a transformação do Estado do Bem-Estar para poucos em um Estado do Bem Viver para todos (fim da sociedade de classes e dos privilégios) e para sempre (memória dos antepassados, projeto para hoje e para as futuras gerações).
As comunidades construídas por beatos e beatas nordestinos do século XIX foram herdeiras e construtoras do bem viver rural e precursoras das CEBs de hoje. Da afinidade entre o projeto do bem viver e o projeto das CEBs, emergem eixos comuns. Primeiramente, a simplicidade garante a dignidade da vida para todos. Essa simplicidade nos faz gastar o necessário para todos. Ela não é uma extensão da miséria ou da pobreza; pelo contrário, ela faz todos viverem melhor com menos e em equilíbrio com a vida em sua totalidade.
Na base do bem viver das comunidades está o equilíbrio entre os saberes ancestrais e os científicos.
O sumak kawsay faz parte daquela sabedoria que a humanidade adquiriu ancestralmente nas relações vividas e transmitidas entre gerações. A ciência é parte complementar desse saber adquirido. O equilíbrio vivencial encontra-se nas relações que aparentemente são caracterizadas por oposições ou contradições: o indivíduo se desenvolve na comunidade, o trabalho integra o lazer (dança, música, arte), o jejum faz parte do comer. O equilíbrio entre essas oposições garante a vida em sua plenitude.
Nos três tipos de comunidades (comunidades dos beatos, comunidades do bem viver e CEBs) prevalece a comunicação oral. O bem viver comunitário exige a superação dos conflitos pelo diálogo e a participação de todos e todas. Essas práticas de oralidade apontam para uma espécie de "democracia participativa" que questiona a escrita e a delegação representativa da ação.
Vai fazer 60 anos que Lévi-Strauss, em seu Tristes Trópicos, nos lembrou: a escrita "parece favorecer a exploração dos homens, antes de sua iluminação. Essa exploração, que permitia reunir milhares de trabalhadores para obrigá-los a tarefas extenuantes [...]. Se a minha hipótese for exata, é necessário admitir que a função primária da publicação escrita foi a de facilitar a servidão".
Por fim, ao não se realizar historicamente em sua plenitude, o bem viver das comunidades tem no seu horizonte rupturas sistêmicas e conversão pessoal. Ruptura e conversão têm dimensões religiosas, sociais, políticas, éticas, econômicas e escatológicas.
IHU On-Line - Este ano o Intereclesial ocorreu em Juazeiro do Norte, terra de Padre Cícero, um religioso que por muitos anos foi recusado pela Igreja. Atualmente, o Vaticano prepara a reabilitação e a possível canonização do padre. Independentemente da decisão de Roma, no entanto, para seus milhares de fiéis espalhados pelo país, Padre Cícero já é santo. Qual a importância deste reconhecimento oficial?
Entre as três forças (o Estado, a Igreja e o Povo), os beatos, via de regra, foram questionados pelos seus poderes políticos e eclesiásticos. Não foi diferente com Padre Cícero, que nasceu em 1844, em Crato, no Ceará. Juazeiro do Norte, onde morreu, em 1934, originalmente pertenceu a Crato, de onde só em 1911 foi emancipado. Por 11 anos e a pedido do povo, o Padre Cícero, que desde 1872 era morador de Juazeiro, foi seu primeiro prefeito.
A partir de 1872, Cícero desenvolveu intenso trabalho pastoral, com pregações, visitas domiciliares e confissões. Os peregrinos e retirantes foram recebidos em Juazeiro com dignidade. Nunca o padre Cícero mandou alguém de volta para os territórios da fome. Todos foram assentados em comunidades de oração e trabalho.
"Nunca o padre Cícero mandou alguém de volta para os territórios da fome. Todos foram assentados em comunidades de oração e trabalho"
Seguindo a experiência do Padre Ibiapina, Cícero recrutou mulheres solteiras e viúvas para ajudá-lo nos trabalhos pastorais. No dia 1º de março de 1889, ao participar de uma comunhão geral oficiada pelo Padre Cícero na Capela de Nossa Senhora das Dores, a beata Maria de Araújo, ao receber a hóstia consagrada, não pôde degluti-la, pois a hóstia se transformou em sangue.
O fato se repetiu várias vezes e causou perplexidade na casa episcopal de Fortaleza. Em plena época de romanização, milagres poderiam acontecer na Europa, em Lourdes (11-02-1858) e mais tarde em Fátima, mas não em Juazeiro do Norte. As censuras eclesiásticas de Fortaleza e Roma não se demoraram. O bispo de Fortaleza, D. Joaquim José Vieira, se mostrou muito irritado com o "milagre" de Juazeiro do Norte. O Padre Cícero foi suspenso de ordem. Durante toda sua vida tentou em vão revogar essa pena.
Cem anos depois, o milagre de Juazeiro passou a ser novamente estudado e as conclusões mostram que não houve embuste atribuído ao Padre Cícero. A grande mudança na abordagem do "caso Cícero" veio com a sedimentação do Vaticano II e com a atitude do atual bispo de Crato, Dom Fernando Panico, em 2001. No Concílio, a Igreja católica procurou fortalecer as Igrejas locais e superar a fase da romanização anterior; fortaleceu a voz do povo de Deus, sobretudo a dos leigos.
Os romeiros de Juazeiro do Norte tiveram confirmadas a sua voz teológica, a sua infalibilidade no ato da fé (in credendo): "O conjunto dos fiéis, ungidos que são pela unção do Santo, não pode enganar-se no ato de fé". O povo de Deus recebeu do Espírito o "senso da fé". O Papa Francisco, que enviou aos participantes do 13º Encontro Intereclesial das CEBs uma mensagem animadora, diria: "faro da fé". Tudo isso foi confirmado pelo bispo de Crato, Dom Fernando, que atribuiu sua cura de um câncer, que parecia incurável, à intercessão do Padre Cícero.
A fidelidade do povo simples, que sempre se soube amparado por seu Padim, e a humildade e gratidão de Dom Fernando conseguiram abrir as portas para a reabilitação e, quem sabe, para a beatificação oficial do Padre Cícero. O "faro da fé" do povo de Deus é como um GPS que indica ruas e veredas da fé. A canonização poderá confirmar esses caminhos e veredas.
IHU On-Line - A experiência mística nordestina é marcada por beatos, padres e outros personagens emblemáticos que se envolveram em diversas lutas sociais. Como esta mística se caracteriza? De que forma ela se diferencia daquela encontrada no restante do Brasil?
Paulo Suess - A "mística nordestina" precisa ser analisada em sua grande diversidade. Comum à maioria dessas experiências é o "comunitarismo interno" e o "ceticismo externo" dispensado pela Igreja oficial, romanizada e distante do povo simples. Ao desenhar uma tipologia dessas místicas podemos elencar cinco grupos diferentes.
Fé e fome
O resultado de todas essas comunidades guiadas por fé, fome, trabalho e vida comunitária era a possibilidade de a festa fazer um eixo estruturante da vida. Geralmente, quando se fala da mística nordestina, pensa-se nesse grupo "fome-fé-trabalho-vida comunitária-festa", composta pelos padres Ibiapina e Cícero, pela beata Maria de Araújo como pars pro toto para tantas outras beatas que sustentaram o trabalho comunitário e social, e pelo beato Zé Lourenço.
Messianismo
Ao lado dos grupos "fome-fé-trabalho-comunitarismo-festa" devemos lembrar o grupo da "pedra do Reino". Durante três anos, de 1835 a 1838, em Pernambuco, uma comunidade com cerca de mil pessoas morou próximo às pedras de 30 e 33 metros de altura. Sua crença era baseada numa visão messiânica, com raízes no sebastianismo de Portugal. Dom Sebastião foi o rei português morto em 1578 quando, aos 24 anos, se lança numa Cruzada, rumo ao Marrocos. Seu corpo nunca fora encontrado e sua volta, sempre esperada.
No sertão pernambucano, o jovem João Antônio foi o primeiro a pregar a volta do rei Sebastião para consertar a precariedade da vida social. Seu sucessor, que rachou radicalmente com a Igreja Católica institucional, foi o cunhado João Ferreira. O fanático João Ferreira reunia seus seguidores em torno de um grande rochedo (a "Pedra do Reino") e dizia que, para que o rei Sebastião revivesse e pudesse realizar o milagre da riqueza, era preciso que a grande pedra ficasse totalmente tingida com sangue humano.
Quem doasse o sangue para a volta do rei seria recompensado: velhos ressuscitariam jovens; pretos voltariam brancos; e todos, além de ricos, seriam imortais na nova vida. Famílias empobrecidas de agricultores, com a última camisa da esperança, acamparam em volta da rocha e passaram a aguardar o milagre. A espera terminou com o massacre da Pedra do Reino, promovido por João Ferreira. Entre os dias 14 e 16 de maio de 1838, 53 pessoas foram sacrificadas. Uma patrulha do exército massacrou os sobreviventes.
A este leque de místicos nordestinos pertence também o movimento messiânico de Antônio Conselheiro (1830-1897), fundador da Cidade Santa de Belo Monte, destruída na "guerra santa" de Canudos (1897), e o capuchinho italiano Frei Damião, com uma mensagem de conteúdo moral, apologético e espiritualista que divulgou em Santas Missões, confissões, celebrações eucarísticas, sempre convidando à conversão. Por causa de sua mensagem estritamente religiosa, Frei Damião foi um dos poucos "beatos" do Nordeste, política e eclesiasticamente, não perseguido. Por causa de sua amabilidade e fidelidade ao seu estilo de peregrino-missionário do Nordeste, o povo o "adorou" como um santo e os governos federal e estadual declararam luto oficial no dia de sua morte.
Cangaço
Nesta ciranda de místicas nordestinas falta ainda a mística guerrilheira do grupo de Lampião. Com certa espiritualidade escatológica e com pitadas de Robin Hood, alegou defender os pobres, espalhando terror. Lampião, em certo momento de suas andanças, chegou também em Juazeiro do Norte (1926), de onde o Padre Cícero, com delicadeza e prudência, logo conseguiu afastá-lo.
Lampião atuou durante as décadas de 20 e 30 do século XX em praticamente todos os estados do Nordeste. Por parte das autoridades, Lampião simbolizava a brutalidade; para uma parte da população do sertão, ele encarnou valores como a bravura, o heroísmo e o senso da honra. Em 1938, Lampião e sua companheira Maria Bonita com mais nove cangaceiros foram assassinados por ordem do Estado Novo.
A mística de Lampião e do cangaço tem traços da mística de certos profetas do Antigo Testamento. Confirmou a experiência de que todas as religiões lutam no decorrer de sua história contra traços de violência embutidos no perfil de seus seguidores. As religiões podem ser amortecedores e articuladores de violência.
A mística nordestina
Cada um dos cinco grupos (Fome-fé, Pedra do Reino, Antônio Conselheiro/Canudos, Frei Damião, Cangaço de Lampião) mereceria uma análise profunda. A partir das respectivas opções político-religiosas, essa análise poderia mostrar as grandes diferenças dessas místicas entre si e com o "restante do Brasil" - por exemplo, com o Contestado de João Maria -, mas também semelhanças significativas: lutas por justiça e lutas justiceiras, messianismos políticos e loucuras messiânicas, pregações alienadas e alienantes, opções suicidas e opções pela vida. Em cada um de nós, a religião pode alimentar desespero e esperança. Saber para que lado do muro se deve pular é decisão da fé. Mas a fé não é necessidade, é opção.
IHU On-Line - Qual sua avaliação sobre o 13º Intereclesial de CEBs? De que forma as discussões apresentadas no evento dialogam com os desafios contemporâneos da Igreja?
Paulo Suess - Através do 13º Intereclesial de CEBs pôde-se mostrar a relevância de processos - e a irrelevância de eventos - para o diálogo com desafios contemporâneos da Igreja. A Jornada Mundial da Juventude, que ocorreu entre 23 e 28-07-2013 no Rio de Janeiro, por exemplo, foi um evento organizado em torno da visita do Papa Francisco, que conseguiu fazer passar a sua mensagem. No entanto, ao lado das belas mensagens de Francisco, o evento deixou dívidas extraordinárias que obrigaram a Igreja local a vender um prédio do hospital Quinta D'Or por R$ 46 milhões. Mesmo assim, ainda restou um rombo de R$ 90 milhões. Já do 13º Intereclesial de CEBs, organizado seis meses mais tarde em Juazeiro do Norte (07 a 11-01-2014), não constam dívidas significativas. O evento reuniu mais de 5 mil pessoas em Juazeiro do Norte (CE), deixou saudade e impulsos para a prática da justiça a serviço da vida.
A partir das experiências de Juazeiro do Norte e do Rio de Janeiro eu arriscaria a tese: "eventos" no âmbito eclesial se tornam, economicamente, cada vez mais insustentáveis e, espiritualmente, com nenhum impacto sobre ações de conjunto dos participantes. Eventos podem ser progressivamente substituídos pela mídia: videoconferências, internet, Facebook, Skype, etc. "Processos" são escolas de vida e fé, portanto, escolas políticas e religiosas, escolas de mística militante missionária, capazes de dar impulsos concretos para a transformação da realidade que oprime os pobres.
No Intereclesial, o diálogo com os desafios contemporâneos da Igreja aconteceu em vários níveis. Numa época de "vacas magras", mostrou que a autossustentação, articulada com a solidariedade internacional, é capaz de realizar um evento desta magnitude. Além disso, já é uma longa tradição, no processo em que as CEBs se constituíram, que os Intereclesiais nacionais sejam precedidos por encontros nas regiões onde acontece o diálogo real com os desafios contemporâneos da Igreja no mundo de hoje, com seus reflexos nas Igrejas locais.
A Organização do Intereclesial
O Intereclesial Nacional é povoado por delegados que participaram do processo preparatório nas regiões. Eles são os que trazem o mosaico da realidade regional, as vitórias e derrotas, as alegrias e as dores de suas comunidades para o gran finale - em nosso caso, o 13º Intereclesial de Juazeiro do Norte. Em reuniões plenárias, em grupos e subgrupos dos participantes acontece o processo de partilha das diferentes realidades e a troca dos figurinos. Assessores ajudam a integrar as diferentes realidades numa visão global e oferecem impulsos para políticas de ação.
O conjunto do acontecimento de Juazeiro do Norte e de seus encontros preparatórios estava seguindo indicações da V Conferência de Aparecida (2007): seguir Jesus que é o caminho, testemunhar o Deus Amor, que "se mostra mais nas obras do que nas palavras", anunciar o Reino da vida, denunciar - "como profetas da vida" - a crise civilizatória e as políticas governamentais que beneficiam as elites e não os pobres e, por fim, celebrar o dom da vida.
O processo preparatório dos Intereclesiais, a partir das comunidades e regiões, permite a intervenção permanente da realidade na caminhada. Esse processo próximo às bases permite a autossustentação dos encontros e facilita a articulação entre fé e vida.
Fonte: www.ihu.unisinos.br
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