Milhões de pessoas passaram pelo Vaticano num primeiro de pontificado com quatro viagens, uma encíclica e uma exortação apostólica
Cidade do Vaticano, 11 mar 2014 (Ecclesia) – O Papa vai completar esta quinta-feira um ano de pontificado, marcado pelas intervenções em favor da renovação da Igreja Católica e pela preocupação com as situações de pobreza e violência no mundo.
Francisco tem apelado a uma Igreja “em saída” e atenta às “periferias”, centrando o seu discurso, teologicamente, na “misericórdia” de Deus.
“A Igreja deve ser o lugar da misericórdia gratuita, onde todos possam sentir-se acolhidos, amados, perdoados e animados a viverem segundo a vida boa do Evangelho”, escreveu no seu ‘programa’ de pontificado, a exortação apostólica ‘A Alegria do Evangelho’, na qual rejeita o que denomina de “economia da exclusão”, que “mata”, ao mesmo tempo que pede soluções para as “causas estruturais da pobreza” e todos os tráficos e novas formas de escravatura.
A mesma abordagem têm merecido os temas ligados à defesa da vida e do matrimónio, reafirmando a doutrina da Igreja Católica ao mesmo tempo que se pede atenção a cada particular.
Francisco, primeiro pontífice a escolher este nome, decidiu manter residência na Casa de Santa Marta, dentro do Vaticano, onde celebra diariamente uma Missa matinal cujas homilias têm deixado uma marca pessoal na reflexão sobre a Igreja; desloca-se em carros utilitários e apresenta-se como um “homem normal”, rejeitando “interpretações ideológicas” da sua figura.
Francisco encontrou-se por várias vezes com Bento XVI, seu predecessor, valorizando a figura do Papa emérito, ao qual reconheceu um papel fundamental da redação da encíclica ‘Luz da Fé’, a única publicada durante o pontificado, esperando-se que o próximo documento do género (os mais importantes assinados por um pontífice) seja dedicado ao tema específico da pobreza.
Ao longo do último ano, o Papa concedeu entrevistas à Globo, às revistas dos Jesuítas e aos jornais italianos ‘La Stampa’ e ‘Corriere della Sera’, além de ter conversado durante mais de uma hora com jornalistas na viagem de regresso do Brasil.
O país lusófono foi o único destino internacional de viagens (22-29 de julho de 2013), com passagens pelo Rio de Janeiro, onde chegou a ficar preso no trânsito, para a Jornada Mundial da Juventude, e pelo Santuário de Aparecida.
O Papa, de 77 anos, fez ainda três viagens na Itália, com destinos simbólicos: em Lampedusa (8 de julho de 2013) lembrou a “globalização da indiferença”; na Sardenha (22 de setembro de 2013) encontrou-se com desempregados e trabalhadores afetados pela crise económica; em Assis (4 de outubro de 2013) evocou São Francisco, que o inspirou na escolha do nome e na intenção de uma “Igreja pobre para os pobres”.
O Papa argentino tem mais de 12 milhões de seguidores na sua conta da rede social ‘Twitter’ e foi eleito personalidade do ano 2013 pela revista Time, entre outras distinções.
Milhões de pessoas passaram pela Praça de São Pedro, para as audiências semanais e os encontros dominicais do ângelus, para além de iniciativas como o encontro com noivos, no último dia de São Valentim, a jornada de oração pela Síria (7 de setembro de 2013) ou as várias iniciativas ligadas ao Ano da Fé, que se concluiu em novembro do último ano.
Nestas intervenções, Francisco tem apelado à paz nas várias regiões do mundo afetadas por conflitos e manifestado solidariedade às vítimas de tragédias naturais.
OC
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