quarta-feira, 12 de março de 2014

Um pouco mais sobre nossas riquezas

Marcus Eduardo de Oliveira

O Brasil é, reconhecidamente, um País dono de uma riqueza ambiental sem precedentes. Somos, em outras palavras, um dos maiores reservatórios de biodiversidade do planeta. Possuímos a mais extensa área de floresta tropical (Mata Atlântica) e floresta equatorial (Floresta Amazônica) do mundo.

Florestas equatoriais são aquelas que se formam perto da linha do equador; as tropicais ficam nas regiões quentes e úmidas entre o equador e os trópicos, em lugares aonde chega a chover mais de 180 centímetros por ano. Em comparação às florestas equatoriais, as tropicais possuem menor diversidade de espécies vegetais, árvores de menor porte e espécies diferentes.

Nossa área florestal total é de 524 milhões de ha (dados de 2008 – Brasil-MMA). Nossas florestas ocupam 61,5% do território brasileiro. Temos a segunda maior área de florestas entre os 200 países existentes, atrás apenas da Rússia.

Pelo conceito adotado pela FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação -, “Floresta é uma área medindo mais de 0,5 ha com árvores maiores que 5 m de altura e coberta de copa superior a 10%, ou árvores capazes de alcançar estes parâmetros in situ. Isso não inclui terra que está predominantemente sob uso agrícola ou urbano”.

A importância das florestas para o meio ambiente é vital: fixam a energia solar, promovem o sequestro de carbono, purificam o ar, mantém o equilíbrio entre o oxigênio e o dióxido de carbono e liberam o vapor que dá origem às nuvens, que retornam em forma de precipitação. Além disso, protegem o solo da lixiviação (processo de extração de uma substância de sólido através da sua dissolução num líquido) e da erosão, facilitando a penetração da chuva no solo, reabastecendo o lençol freático, nos diz Emílio F. Moran, em

“Meio Ambiente e Florestas”, obra publicada pela Editora Senac São Paulo (2010).
Especificamente em relação à Mata Atlântica, apesar de estar reduzida a apenas 7% de sua área original, é certo que ainda abriga a maior biodiversidade do planeta. Estima-se que na Mata Atlântica existam cerca de 20.000 espécies vegetais incluindo diversas espécies endêmicas (encontradas apenas num determinado local) e ameaçadas de extinção.

Levantamentos apontam que a Mata Atlântica abriga 849 espécies de aves, 370 espécies de anfíbios, 200 espécies de répteis, 270 de mamíferos e cerca de 350 espécies de peixes. Essa região é de extrema importância para quase 120 milhões de brasileiros que vivem em seu domínio, onde são gerados aproximadamente 70% do PIB brasileiro, prestando importantíssimos serviços ambientais.

Quanto à Floresta Amazônica, esta tem 60% de sua extensão territorial na região Norte do Brasil, 13% no Peru e porções menores distribuídas entre Bolívia, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Levando-se em consideração apenas a região administrativa (Amazônia Legal), a Floresta Amazônica tem uma área de 5.200.000 km² - mais que a metade de toda a extensão territorial do continente europeu. A cobertura total, contudo, é de 6.900.000 km², cobrindo 49% do território brasileiro.

Pesquisas recentes revelam que a Floresta Amazônica detém aproximadamente 1.800 espécies de aves, 2.500 de peixes, 320 de mamíferos e dezenas de espécies de répteis, anfíbios e insetos.

Essa riqueza ambiental é toda nossa. Esse patrimônio natural está sob nossa administração. É com essa biodiversidade sem igual que nos diferenciamos dos demais países. O que nos cabe é administrar com mais eficiência os serviços oferecidos pela natureza.

São muitos os serviços ambientais que, em especial, as florestas oferecem ao homem, como a geração de alimentos, fibras, biomassa, funções de regulação do ciclo da água, manutenção de habitats para preservação da biodiversidade dos ecossistemas e sequestro e armazenamento de carbono. O que nos falta é um total controle sobre isso.
Após o Brasil perder 97% da Mata Atlântica, agora é a Mata Amazônica que vem sendo destruída. Até 1970 a Mata Amazônica permaneceu quase praticamente intacta. Desde então, destruiu-se 14% de sua área. Apenas em 1999, foram desmatados 17.000 quilômetros quadrados.

Isso evidencia o pouco cuidado que temos para com nossas riquezas naturais, em especial nossa riqueza florestal. Em âmbito geral, as perdas com a destruição das florestas equivalem a 7% do PIB mundial; os desperdícios com o desmatamento anual chegam próximos a US$ 5 trilhões. Não podemos mais permitir que isso se aflore
Marcus Eduardo de Oliveira é economista e professor de economia da FAC-FITO e do UNIFIEO, em São Paulo | prof.marcuseduardo@bol.com.br

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