Opções odiadas por políticos de carreira, sedentos de votos fáceis em troca de mimos vulgares.
Por Fernando Fabbrini*
A História ainda há de fazer justiça aos incompreendidos – e tão criticados – Brancos & Nulos. Discretos em certas urnas – ou aos milhares, nas somatórias finais -, os Brancos & Nulos estão aí, incomodando os gênios dos institutos de pesquisas. Pelo que representam, silenciosos e enigmáticos, Brancos & Nulos são odiados pelos políticos de carreira, sedentos de votos fáceis em troca de mimos vulgares.
Antes de generalizá-los, é preciso diferenciar os legítimos Brancos & Nulos – autênticos, de boa cepa – dos outros, os impostores. Os falsos brancos e nulos apoiam seus gestos em pecados menores, como a preguiça e a leviandade. Acordam de ressaca no domingo, botam o bermudão e o chinelo Raider. E apenas para não sofrerem as penas da Lei, dirigem-se à seção eleitoral onde, num golpe displicente dos dedos, mandam para o espaço o patrimônio democrático, fazendo piadinhas enquanto sufragam. Ao Brasil de seus filhos os falsos brancos e nulos não dedicarão sequer um dia sem beber cerveja, muito menos dois minutos de reflexão e seriedade. São eles que, se ainda existisse a cédula escrita, votariam outra vez no elefante Beré, no rinoceronte Cacareco ou no macaco Tião.
Porém, como eu dizia, existem os verdadeiros Brancos & Nulos, genuínos, de tradição. Eles têm altivez e orgulho e devem ser respeitados por isso. E não apenas porque sobrevivem a duras penas, eleição após eleição, mas também porque representam um grupo de cidadãos de alta qualidade. Velhas raposas de outras urnas, já ouviram promessas demais, discursos infindáveis, muita conversa para eleitor dormir. Diante de seus olhos muitos políticos já subiram ao palanque da esperança e depois desmoronaram por conta da sede alucinada do poder a qualquer custo, conchavos, roubalheiras e outras transações inomináveis.
Os legítimos Brancos & Nulos têm boa memória. Prestam atenção a tudo; jamais lhes escapa uma notícia, um detalhe, um abraço de cumplicidade explícita ou relutante. Ao se depararem com uma bombástica campanha publicitária, os Brancos & Nulos não se deixam impressionar pela riqueza das cores ou pelo layout sofisticado. Antes, tentam imaginar o quanto deve ter custado tamanho carnaval; de onde saiu tanto dinheiro e quem está pagando a festa (ou porque faz questão de manter-se no anonimato, o que é mais grave).
Outra característica dos Brancos & Nulos é o sentimento de comiseração que lhes desperta a massa dos desvalidos, trocando votos por promessas, bolsas diversas, churrascos e testemunhos de artistas da TV. Se os falsos brancos e nulos se divertem na fila da urna, os verdadeiros chegam ali como condenados, arrastando pelo braço a consciência trôpega.
- O que fazer? O que darei, enfim, ao meu país? Um voto-qualquer? Um menos-ruim? Um rouba-mas-faz?
Na hora da verdade, no tilintar da urna eletrônica, o verdadeiro Branco & Nulo revira a própria alma, remexe as entranhas e entrega à Nação sua repulsa ou dolorido silêncio – feio, condenável, alienado – mas fiel aos princípios do partido radical, idealista e independente que os Brancos & Nulos levam no peito.
A História ainda há de fazer justiça aos incompreendidos – e tão criticados – Brancos & Nulos. Discretos em certas urnas – ou aos milhares, nas somatórias finais -, os Brancos & Nulos estão aí, incomodando os gênios dos institutos de pesquisas. Pelo que representam, silenciosos e enigmáticos, Brancos & Nulos são odiados pelos políticos de carreira, sedentos de votos fáceis em troca de mimos vulgares.
Antes de generalizá-los, é preciso diferenciar os legítimos Brancos & Nulos – autênticos, de boa cepa – dos outros, os impostores. Os falsos brancos e nulos apoiam seus gestos em pecados menores, como a preguiça e a leviandade. Acordam de ressaca no domingo, botam o bermudão e o chinelo Raider. E apenas para não sofrerem as penas da Lei, dirigem-se à seção eleitoral onde, num golpe displicente dos dedos, mandam para o espaço o patrimônio democrático, fazendo piadinhas enquanto sufragam. Ao Brasil de seus filhos os falsos brancos e nulos não dedicarão sequer um dia sem beber cerveja, muito menos dois minutos de reflexão e seriedade. São eles que, se ainda existisse a cédula escrita, votariam outra vez no elefante Beré, no rinoceronte Cacareco ou no macaco Tião.
Porém, como eu dizia, existem os verdadeiros Brancos & Nulos, genuínos, de tradição. Eles têm altivez e orgulho e devem ser respeitados por isso. E não apenas porque sobrevivem a duras penas, eleição após eleição, mas também porque representam um grupo de cidadãos de alta qualidade. Velhas raposas de outras urnas, já ouviram promessas demais, discursos infindáveis, muita conversa para eleitor dormir. Diante de seus olhos muitos políticos já subiram ao palanque da esperança e depois desmoronaram por conta da sede alucinada do poder a qualquer custo, conchavos, roubalheiras e outras transações inomináveis.
Os legítimos Brancos & Nulos têm boa memória. Prestam atenção a tudo; jamais lhes escapa uma notícia, um detalhe, um abraço de cumplicidade explícita ou relutante. Ao se depararem com uma bombástica campanha publicitária, os Brancos & Nulos não se deixam impressionar pela riqueza das cores ou pelo layout sofisticado. Antes, tentam imaginar o quanto deve ter custado tamanho carnaval; de onde saiu tanto dinheiro e quem está pagando a festa (ou porque faz questão de manter-se no anonimato, o que é mais grave).
Outra característica dos Brancos & Nulos é o sentimento de comiseração que lhes desperta a massa dos desvalidos, trocando votos por promessas, bolsas diversas, churrascos e testemunhos de artistas da TV. Se os falsos brancos e nulos se divertem na fila da urna, os verdadeiros chegam ali como condenados, arrastando pelo braço a consciência trôpega.
- O que fazer? O que darei, enfim, ao meu país? Um voto-qualquer? Um menos-ruim? Um rouba-mas-faz?
Na hora da verdade, no tilintar da urna eletrônica, o verdadeiro Branco & Nulo revira a própria alma, remexe as entranhas e entrega à Nação sua repulsa ou dolorido silêncio – feio, condenável, alienado – mas fiel aos princípios do partido radical, idealista e independente que os Brancos & Nulos levam no peito.
*Fernando Fabbrini é publicitário e escritor.
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