Nas trilhas do ouro, da cachaça, dos livros. ‘Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV’, Amyr Klink.
Patrícia Azevedo*
Agosto é mês de ‘baixa temporada’, repetem as operadoras de turismo (e os jornais, e as pessoas). Agora, quando o assunto é Paraty, a história – ou o calendário – parecer ser um pouco diferente. A cidade recebe 25 mil visitantes nessa época do ano, segundo dados do Ministério do Turismo. Grande parte deles atraídos por dois tradicionais eventos: a Festa Literária Internacional (FLIP) e o Festival da Cachaça.
A primeira acontece desde 2003, reunindo escritores de todo o mundo, artistas, pesquisadores e curiosos, fãs de literatura (ou não). São cinco dias de debates, shows, exposições, oficinas, exibição de filmes e tudo mais. Uma ‘festa’ mesmo, que neste ano prestou homenagem ao escritor Millôr Fernandes e foi encerrada no último dia 3.
Já o Festival da Cachaça começa nesta quinta-feira (21) e prossegue até domingo (24). Em sua 32ª edição [fazendo as contas, criado em 1982], terá cinco alambiques participantes: Pedra Branca, Paratiana, Engenho d'Ouro, Coqueiro e Corisco. Os estandes serão montados na praia do Pontal, que receberá também variada programação artística, com apresentações de ciranda, jongo, maracatu e forró. Haverá ainda shows musicais e atividades na Praça da Matriz e na Casa de Cultura. Veja a programação!
História
O primeiro povoado de Paraty foi fundado em 1600, em torno da Igreja de São Roque. Mas a cidade cresceu mesmo no fim do século XVIII, quando se tornou um dos principais portos para o escoamento do ouro, vindo de Minas Gerais. Com o fim do ciclo, a cidade se manteve graças às centenas de engenhos e alambiques, que produziam açúcar e aguardente.
Na verdade, ainda produzem (tanto que a cidade é referência no assunto) e os turistas podem, inclusive, acompanhar os bastidores da fabricação. Entre os engenhos abertos ao público estão o Maria Izabel, que faz a tradicional pinga da cidade (a 7 km de Paraty, sentido Angra dos Reis); o Coqueiro (BR-101, km 583); o Engenho D'ouro (estrada para Cunha, km 8); e a Fazenda Murycana (estrada para Cunha, km 6). As informações são do portal G1.
Histórias
Uma das minhas visitas à Paraty coincidiu com os últimos dias do Festival da Cachaça. O ano era 2005, se não me engano. Universitária na época, dinheiro contado, achei sensacional a ampla oferta de doses para degustação (e eram boas mesmo, principalmente as cachaças envelhecidas). A única garrafa que comprei ficou pelo caminho, de presente para o velhinho que sentou ao meu lado no ônibus de volta à Belo Horizonte (e fez a minha viagem muito mais legal).
Mas voltando à Paraty: realmente gosto de lá. Já fui com família, com colegas do trabalho, com namorado – e ela se encaixou bem em todas as situações. Como brincou um amigo, ‘é tipo Ouro Preto, com mar e sem morros’. Boa definição. Aquele charme dos casarões antigos, o calçamento de pedras. Bares, restaurantes, lojinhas, livrarias.
Fecho os olhos e as imagens aparecem, então deixo dicas em formas de lembranças: passeios pelo centro histórico; o mar invadindo as ruas no início da manhã; a Igreja Santa Rita, em frente ao píer; almoço em Paraty-Mirim (há pouca estrutura para o turismo, o que de certa forma faz parte do charme), caminhada até o Forte Defensor Perpétuo – e a bela vista que se tem lá de cima.
Para quem gosta de praia (aquelas com ondas, para sair da pousada e ir a pé), a cidade deixa um pouco a desejar. Mas Trindade está logo ali, são apenas 16 quilômetros. É possível ir de carro ou nas vans que saem regularmente do centro da cidade. Outra opção para curtir o mar – a melhor, diria – são os passeios de barco e escunas: ai sim, muitas belas praias pelo caminho.
Paratii
Falando nelas, uma das paradas tradicionais das embarcações é a praia de Jurumirim, de propriedade do navegador Amyr Klink. Uma casa simples, coqueiros e canoas criam o clima de tranquilidade do local. Foi de lá que Amyr partiu para sua jornada ‘entre dois polos’, retratada no livro ‘Paratii’. Leitura tão gostosa quanto uma tarde na praia.
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