terça-feira, 26 de agosto de 2014

Casal volta a estudar para fazer Enem por certificado e vaga em faculdade

Atualizado em 26/08/2014 06h30

Luciano e Claudia fazem o 2º ano do ensino médio pelo EJA, no Rio.

Eles querem a certificação e o ingresso no ensino superior.

Vanessa FajardoDo G1, em São Paulo
Claudia e Luciano voltaram a estudar juntos neste ano no 1º do ensino médio pelo EJA na escola Garriga de Menezes (Foto: Divulgação/ Garriga de Menezes)Claudia e Luciano voltaram a estudar juntos neste ano no 1º do ensino médio pelo EJA na escola Garriga de Menezes (Foto: Divulgação/ Garriga de Menezes)
Moradores do Rio de Janeiro, Luciano Coelho Souza, de 39 anos, e Claudia Fernandes Dias dos Santos, de 42 anos, desistiram da escola antes de concluir o ensino médio, tiveram filhos, e decidiram retomar os estudos, juntos, neste ano. Eles se matricularam no primeiro ano do ensino médio, pelo Educação de Jovens e Adultos (EJA), na escola Garriga de Menezes, em Jacarepaguá, e querem este ano dar um passo a mais: farão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para conseguir a certificação do ensino médio e tentar uma vaga ou uma bolsa na universidade.
“Trabalho como funileiro, e sem estudo não tenho possibilidade de crescer, alcançar uma gerência, preciso ter diploma. Sem ele, fico estagnado”, diz Souza, que cursou até o segundo ano do ensino médio quando era adolescente, mas resolveu retomar os estudos agora desde o primeiro ano.
Claudia cursou só até a extinta 8ª série, hoje 9º ano, “porque era muito jovem, não dava ouvidos ao pai e não levava os estudos a sério.” “Aí eu casei, tive filhos e ficou mais complicado, fui deixando para vez mais para lá, mas sempre senti falta dos estudos. Até para ensinar minhas filhas [de 5 e 8 anos] com as lições da escola, às vezes me sentia excluída até das conversas.”
Ela soube das aulas do projeto Garriga Social da escola Garriga de Menezes e foi se informar, a princípio, para que o marido estudasse. Embora o colégio seja particular, as aulas de EJA são gratuitas. Os alunos são admitidos após análise do histórico escolar, não pagam mensalidade e ainda recebem o material didático. Souza incentivou a esposa a retomar os estudos junto com ele. A mãe de Claudia se prontificou a ficar com suas filhas durante à noite para que ela pudesse frequentar as aulas.
“No começo fiquei um pouco acanhada porque era a mais velha da turma, mas depois foi tudo bem. O respeito dos amigos é grande. Estou me sentindo mais segura, mais viva, dá vontade de ir para a escola, o prazer aumenta a cada dia.”
Eles dizem que o fato de estudar juntos só ajuda, pois um incentiva o outro. Além da escola, eles dividem aulas particulares de matemática. “Temos o mesmo objetivo, de crescer, e não tem outra forma, a não ser estudando”, diz Souza.
Com o Enem, querem conseguir a certificação do ensino médio, para isso é necessário ter uma pontuação mínima de 450 pontos em cada uma das áreas de conhecimento e 500 pontos na redação. A regra só vale para quem tem no mínimo 18 anos. Com a certificação do ensino médio, o casal pode disputar uma vaga pelo Sistema de Seleção Unificado (Sisu) ou uma bolsa pelo Programa Universidade para Todos (Prouni). Souza pretende estudar algo na área de gestão ou administração, Claudia ainda tem dúvidas, quer pesquisar mais, para cogita cursos como fotografia ou gastronomia.
“Na aula alguns professores estão mais focados na preparação para o Enem, mas estudo um pouco em casa. Acredito que na hora da prova o nervosismo vá vir um pouco, mas logo eu me adapto e vai ser só mais uma prova”, afirma Claudia.
As provas
No total, 8.721.946 estudantes estão aptos a fazer as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos dias 8 e 9 de novembro. No sábado, dia 8, os participantes farão as provas de ciências humanas e ciências da natureza, das 13h às 17h30 (horário de Brasília). No domingo, dia 9, serão aplicadas as provas de linguagens e códigos, matemática e redação. Nessa data, o tempo do exame será mais longo, entre as 13h e as 18h30 (horário de Brasília).
Segundo o MEC, serão impressas 18,3 milhões de provas (incluindo normal, ampliada, ledor e braile – estas três últimas, para quem tem diferentes graus de deficiência visual) em 1.699 municípios do país. Este ano, 785 mil funcionários vão ajudar na realização do Enem, entre coordenadores de locais de aplicação, assistentes de coordenação, chefes de sala, fiscais e apoio. Em todo o Brasil, haverá 16,6 mil locais de exame.

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