segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Fiz 300 testes e só consegui dois papéis, diz atriz de séries do Netflix

Madeline Brewer veio a São Paulo para divulgar seriado 'Hemlock Grove'.

Durante 'Orange is the new black', ela foi garçonete: 'Preciso pagar contas'.

Braulio LorentzDo G1, em São Paulo
 Madeline Brewer nas séries 'Orange Is the New Black' (esquerda), 'Hemlock Grove' (centro) e em visita a São Paulo (Foto: Divulgação/Netflix)Madeline Brewer nas séries 'Orange Is the New Black' (esquerda), 'Hemlock Grove' (centro) e em visita a São Paulo, em foto tirada em hotel na Zona Oeste da capital (Foto: Divulgação/Netflix)
A vida de atriz não é tão fácil quando se está em começo de carreira. Madeline Brewer, de 22 anos, está aí para comprovar. Nos últimos meses, fez mais de 300 testes em busca de papéis em filmes e séries. Foi chamada duas vezes: para interpretar a dependente química Tricia na primeira temporada de "Orange is the New Black"; e Miranda Cates, em um triângulo amoroso da série de terror "Hemlock Grove".
Mesmo em seriados do Netflix, serviço de conteúdo por streaming, Madeline volta e meia trabalha como garçonete "para pagar as contas". Durante conversa com o G1, em um hotel em São Paulo, ela fala que está lendo o roteiro de um filme dirigido por Quentin Tarantino, seu diretor preferido. Possivelmente, este será mais um teste para Madeleine. "É uma vida cheia de altos e baixos. Mas eu gosto", explica, sorrindo.
G1 - Por que aceitou o convite para fazer 'Hemlock Grove?'
Madeline Brewer - Estava sem trabalho há oito meses, desde que fiz "Orange is the new black". Então, precisava de um trabalho. Assisti a uns episódios e adorei, gosto de projetos assim, crus. Sabia que o Eli Roth [produtor, diretor e ator] está envolvido e ele não tem medo de levar para outro nível...
G1 - Estando no set, é possível sentir medo, tomar sustos?
Madeline - 
Eu acho que por saber os segredos, saber do sangue falso... Mas isso não quer dizer que não possa sentir nojo. Às vezes, tenho que olhar para o outro lado e falo: "Eca, que nojo". O sangue tem cheiro de canela... Mas mesmo assim.
É parecido com uma entrevista de emprego. Às vezes, faço pensando: 'É só pelo dinheiro'. Mas tem papel que é mais difícil perder. Eu não tinha um projeto desde fevereiro. Fiz mais de 300 testes... E só me ligaram de volta quatro vezes. O que, claro, já me fez pensar que talvez seja uma péssima atriz."
Madeline Brewer, atriz
G1 - A morte da Tricia, em 'Orange', foi como perder um amigo?
Madeline - Até hoje, eu me sinto triste pela Tricia. Recebo homenagens no Twitter, vídeos com cenas... Vejo as fotos e meu coração dói, sinto falta dela... Era uma amiga que eu perdi. Quando vejo fotos eu não me vejo, eu vejo Tricia, porque éramos diferentes. Foi como perder uma irmã gêmea. Estive em contato com alguém que amo e agora não posso mais vê-la. Muitas pessoas me param na rua e falam como ela era humana, real. Eu gosto quando me dizem que aprenderam algo com ela. Ela tinha problemas com drogas e a gente a via tentando melhorar. Estava feliz com ela, antes de acontecer a tragédia.
G1 - Li que você chegou a fazer oito testes em uma semana. Como é perder um papel que você queria muito? Até que ponto parece uma entrevista de emprego?
Madeline - É parecido com uma entrevista de emprego. Falam para você ir aos testes, só interpretar, não se preocupar se vai conseguir ou não... Mas é difícil, principalmente quando é um papel que você quer muito, que você acha que nasceu para ele. Às vezes, faço pensando: "É só pelo dinheiro, não me importo". Mas tem papel que é mais difícil perder. Eu não tinha um projeto desde fevereiro. Fiz mais de 300 testes... E só me ligaram de volta quatro vezes. O que, claro, já me fez pensar que talvez seja uma péssima atriz. (risos)
No ano passado, trabalhei como garçonete. Eles me diziam: "O que você está fazendo aqui? Gostaria que você pudesse se sentar aqui com a gente". Eu olhava para eles e dizia: "Posso anotar o seu pedido? Ainda sou garçonete, tenho que pagar minhas contas".
Madeline Brewer, atriz de 'Hemlock Grove'
G1 - O que fazia para pagar as contas?
Madeline - 
No ano passado, mesmo durante a gravação de "Orange", tive que trabalhar como garçonete. Trabalho como garçonete quase sempre, desde que tinha 16 anos. No ano passado, trabalhei servindo mesas, fazia testes... Acho que meu quarto no Harlen era do tamanho desta mesa. (risos)
G1 - Os clientes no restaurante te reconheciam? O que diziam?
Madeline - Eles me diziam: "O que você está fazendo aqui?". E me falavam "eu gostaria que você pudesse se sentar aqui com a gente". Eu olhava para eles e dizia: "Posso anotar seu pedido? Ainda sou garçonete, tenho que pagar minhas contas". Mas agora é diferente, porque estive em duas séries incríveis da Netflix. Mas não tem nada de novidade depois que isso passa: apenas mais teste, testes e testes... Reuniões, reuniões e reuniões. E visito meus pais e meu gato. Nestas duas semanas, estou cheia de entrevistas, reuniões, testes. Mas daí passa a não ter nada de novo. É uma vida cheia de altos e baixos. Mas eu gosto.
G1 - O que você espera para a sua carreira?
Madeline - 
Eu tive um começo incrível. É um tipo de início que seria o sonho de muitos. Eu não sou o tipo de pessoa que se acomoda, quero fazer de tudo. Quero fazer filmes o mais rápido possível. Estou lendo um roteiro do Tarantino... E eu nem sabia que o Eli Roth é tipo melhor amigo dele. Eu devo fazer algum teste para algum papel no filme. Eu quero muito fazer filmes. Quero ver como é, entender como um diretor trabalha, quais câmeras eles usam, como funciona... É o que quero agora para mim.

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