Padre Geovane
Saraiva*
A aspersão da
água pelos ministros, por ocasião das celebrações eucarísticas e nas mais
diversificadas ocasiões de bênçãos, simboliza a manifestação da graça, do
perdão e da alegria, tendo Jesus Cristo como água viva, a deixar as pessoas
compungidas e purificadas das suas mazelas diárias. Da parte dos ministros,
como é indispensável uma disposição e alegria interior, a causar nas pessoas um
reconhecimento da ação de Deus em suas próprias vidas, proporcionando-lhes um
não indiferentismo e uma profunda alegria. A respeito dessa alegria interior
dos ministros é oportuno relembrarmos as palavras do Papa Francisco: "Não
se pode anunciar a Jesus Cristo com cara de cemitério".

É Deus Nosso
Senhor, pelo seu Espírito ao agir na criatura humana, que a faz gostar verdadeiramente da realidade que transcende o
plano terreno, na direção do sobrenatural, numa íntima união da criatura com o Criador, prevalecendo: "Pensai nas coisas do alto e não nas da terra" (Cl 3,2).
Recordo aqui as palavras do Papa Francisco em 04/09/2014: “O lugar privilegiado
para o encontro com Jesus Cristo são os nossos pecados. Quando o cristão não é
capaz de se sentir um pecador, salvo pelo sangue do Cristo crucificado, ele se
torna um ‘meio-cristão’, um ‘cristão morno’. E quando encontramos Igrejas
decadentes, paróquias decadentes, instituições decadentes, quer dizer que
certamente os cristãos que estão ali nunca encontraram Jesus Cristo ou se
esqueceram de seu encontro com Ele. A força da Palavra de Deus e da vida cristã
reside naquele preciso momento, em que eu, pecador, encontro Jesus Cristo, e
aquele encontro transforma a minha vida e dá a força de anunciar aos outros a
salvação”. Só assim é que podemos
perceber a segurança advinda do Amor Divino, que quer sempre edificar os projetos
dos nossos corações (cf. 1Cr 4,1-5).
Entre os grandes
homens, os heróis da galeria da fé, os que deixaram um legado indelével para a
humanidade, em prol da dignidade da pessoa humana e de sua própria realização,
destaca-se Charles de Foucauld (1858-1916). Sua vida foi toda voltada para Deus, ao se fazer presença viva e silenciosa do Cristo aonde a Igreja precisava ser marcada pelo Espírito Santo de Deus, na dimensão do deserto e da contemplação do absoluto de Deus, mesmo sem o tradicional mosteiro. Foi exatamente no antagonismo que ele soube perceber os sinais de
Deus, como monge, padre, missionário e eremita, no Deserto do Saara. E lá assim ele
orava: “Meus Deus, entrego minha vida em vossas mãos, eu vo-la dou, meu Deus
com todo o amor do meu coração”.
De maneira
similar, como as palavras da Mãe de Deus, ao visitar sua prima Isabel, nos colocam para cima: “Minha alma engrandece o Senhor e meu espírito exulta em Deus, meu
Salvador”. Também as palavras de
Zacarias, esposo de Isabel e pai de João Batista, ao recuperar sua voz, no
cântico de júbilo: “Bendito seja o Senhor Deus de Israel que visitou seu povo,
que lhe trouxe a salvação”. Sem esquecer
o velho Simeão, desejoso da vinda do Messias, no alegre hino de louvor: “Agora
podes deixar o teu servo partir em paz, porque já vi a salvação preparada para
os povos de todas as nações”. Por fim, guardemos a alegria do místico Padre de
Foucauld, que fez de sua vida um profundo ato de amor: “Tão logo que acreditei
que existia um Deus, compreendi que não podia fazer outra coisa, senão viver só
para Ele”. Assim seja!
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor,
colunista, blogueiro, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza,
da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente
da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso - geovanesaraiva@gmail.com
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