No fim de um domingo, o negócio é somente torcer para que a semana seja leve.
Por Ricardo Soares*
Um domingo que termina indeciso. Entre uma luz solar pouco maciça e um mormaço com jeito de preguiça. Um homem acende a boca do fogão, põe a água para ferver numa chaleira antiga; está chegando a hora do chá. Ajeita sua coleção de imãs de geladeira, vê que o calendário aponta as proximidades de outubro e pensa nas suas possibilidades. Recomeçar de novo, mandar tudo para o espaço, visitar de novo o canyon Malacara, lá em Santa Catarina?
É muita água para a pouca fervura do chá. Ninguém lê mais crônicas de costumes, agora o lance é ligar o texto ao assunto do dia. Na mais grossa companhia, sem a fina sutileza de que gentileza gera gentileza. As pessoas tem pressa. Inclusive para ler. Tudo corre tão depressa, se você tropeça não vai levantar, como diria uma jurássica canção cantada por Alceu Valença.
O domingo termina indeciso, sem luzes sobre a cidade porque o tempo nubla e a voz desse homem está sendo dublada por outros que o interpretam. Contam versões sobre ele. Sobre o que ele não é. Atribuem a ele obras que não são suas e, por outro lado, não lhe dão o devido crédito naquilo que é dele. Mas onde está hoje em dia, no mundo virtual, o direito autoral?
O chá está em infusão. Simples camomila. Não importa ao homem a autoria de nada porque, no fim das contas, tudo o que ele queria era tocar guitarra como Eric Clapton, escrever como Salinger, filmar como Fellini, amar como Vinicius de Moraes, observar estrelas como Galileu. Mas todos esses talentosos chegaram antes. Nos mistérios pouco gozosos de um fim de domingo que termina indeciso, o negócio é somente torcer para que a semana seja leve. Sobretudo breve para viver domingos vindouros mais decididos.
Um domingo que termina indeciso. Entre uma luz solar pouco maciça e um mormaço com jeito de preguiça. Um homem acende a boca do fogão, põe a água para ferver numa chaleira antiga; está chegando a hora do chá. Ajeita sua coleção de imãs de geladeira, vê que o calendário aponta as proximidades de outubro e pensa nas suas possibilidades. Recomeçar de novo, mandar tudo para o espaço, visitar de novo o canyon Malacara, lá em Santa Catarina?
É muita água para a pouca fervura do chá. Ninguém lê mais crônicas de costumes, agora o lance é ligar o texto ao assunto do dia. Na mais grossa companhia, sem a fina sutileza de que gentileza gera gentileza. As pessoas tem pressa. Inclusive para ler. Tudo corre tão depressa, se você tropeça não vai levantar, como diria uma jurássica canção cantada por Alceu Valença.
O domingo termina indeciso, sem luzes sobre a cidade porque o tempo nubla e a voz desse homem está sendo dublada por outros que o interpretam. Contam versões sobre ele. Sobre o que ele não é. Atribuem a ele obras que não são suas e, por outro lado, não lhe dão o devido crédito naquilo que é dele. Mas onde está hoje em dia, no mundo virtual, o direito autoral?
O chá está em infusão. Simples camomila. Não importa ao homem a autoria de nada porque, no fim das contas, tudo o que ele queria era tocar guitarra como Eric Clapton, escrever como Salinger, filmar como Fellini, amar como Vinicius de Moraes, observar estrelas como Galileu. Mas todos esses talentosos chegaram antes. Nos mistérios pouco gozosos de um fim de domingo que termina indeciso, o negócio é somente torcer para que a semana seja leve. Sobretudo breve para viver domingos vindouros mais decididos.
*Ricardo Soares é diretor de TV, escritor e jornalista. Foi cronista do jornal Estado de S.Paulo, Jornal da Tarde e Diário do Grande ABC. Autor e co-autor de mais de uma dúzia de livros entre os quais “Cinevertigem”, “Valentão” e “O Brasil é feito por nós?“
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