Alexandre e Ana Carla criaram sistema automotivo mais eficiente e 'verde'.
Projeto concorreu com mais de 960 equipes, e levou o prêmio máximo.
Dois estudantes de Minas Gerais venceram o prêmio principal de um concurso de inovação na indústria automobilística na França no mês passado. Alexandre Marques Bemquerer, de 25 anos, e Ana Carla de Sá Campos, de 26, superaram mais de 960 equipes e receberam um prêmio de 100 mil euros (cerca de R$ 320 mil) na primeira edição do Desafio de Inovação da Valeo (VIC, na sigla em inglês), promovido pela fornecedora de peças de automóveis francesa.
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O concurso pediu aos candidatos que criassem protótipos "que façam os carros mais inteligentes e intuitivos até 2030". O projeto da dupla brasileira focou na melhoria do que Alexandre classificou como "o coração" do carro: a transmissão de marchas e o motor. "É um modelo de câmbio automático para carros, baseado em um novo modelo transmissão continuamente variavel [CVT, na sigla em inglês], que proporciona uma melhora significativa na performance do veículo, além de otimizar o consumo de combustivel e reduzir as emissões de CO²", explicou ele aoG1.
Estudante de graduação em engenharia mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Alexandre já havia tido a ideia de criar um projeto relacionado ao câmbio CVT (que, em comparação com outros tipos de câmbio, pode ser mais econômico e eficiente, e já é bastante difundido em scooters).
Ele diz que descobriu o concurso em outubro de 2013, quando já desenvolvia o projeto, e enquanto buscava ajuda para conseguir tirar a patente de sua ideia. "Fazer uma patente, como pessoa física, é muito complicado, e no concurso tinha essa oportunidade de ajudar no processo da patente", lembrou.
Foi assim que ele decidiu montar a equipe com Ana Carla, que é formada em gestão de processos e atualmente faz pós-graduação em perícia, auditoria e análise ambiental pelo Centro Universitário UNA. "Eu fiquei mais na parte administrativa e burocrática, a parte técnica toda foi ele que desenvolveu", contou a jovem.
969 concorrentes
Os dois batizaram o time de Sadec e, em fevereiro deste ano, quando se encerrou o período de inscrições do VIC, descobriram que estavam entre as 969 equipes concorrentes. Além da dupla mineira, apenas um segundo time brasileiro participou da competição, segundo a assessoria de imprensa da Valeo no Brasil.
Os dois batizaram o time de Sadec e, em fevereiro deste ano, quando se encerrou o período de inscrições do VIC, descobriram que estavam entre as 969 equipes concorrentes. Além da dupla mineira, apenas um segundo time brasileiro participou da competição, segundo a assessoria de imprensa da Valeo no Brasil.
A primeira fase do concursou incluiu o envio dos documentos dos projetos e, em abril, só 20 equipes de 13 países diferentes foram selecionadas para a segunda fase, entre elas a dos dois estudantes de Belo Horizonte. "As 20 equipes que foram para a segunda fase receberam cinco mil euros pra financiar o protótipo", explicou Alexandre.
Dali, sete times chegaram à semi-final, que foi disputada em outubro em Paris. Até então, os mineiros ainda competiam com estudantes do Canadá, Estados Unidos, Austrália, Alemanha e Índia. Entre as sete equipes finalistas, só havia uma outra estudante mulher, além de Ana Carla. Nesta fase, os grupos tiveram que apresentar seu projeto para o júri e diretores da Valeo. Apenas três passaram para a final: a equipe brasileira e duas equipes canadenses, que acabaram empatadas em segundo lugar e receberam um prêmio de 10 mil euros (cerca de R$ 32 mil).
'Contra o senso comum'
Em comunicado divulgado pela Valeo, Guillaume Devauchelle, vice-presidente do Grupo de Inovação e Desenvolvimento Científico da montadora, afirma que a dupla de estudantes de Minas teve "coragem" e apresentou uma tecnologia convincente. "O que mais admiramos nessa ideia é o fato de ser tão inovadora, que força 'experts' a reconsiderar o que eles já sabem. Apreciamos a coragem do time de ir contra o senso comum e questionar nossas suposições básicas e nos desafiar a pensar se devemos mudá-las", disse Devauchelle na nota.
Em comunicado divulgado pela Valeo, Guillaume Devauchelle, vice-presidente do Grupo de Inovação e Desenvolvimento Científico da montadora, afirma que a dupla de estudantes de Minas teve "coragem" e apresentou uma tecnologia convincente. "O que mais admiramos nessa ideia é o fato de ser tão inovadora, que força 'experts' a reconsiderar o que eles já sabem. Apreciamos a coragem do time de ir contra o senso comum e questionar nossas suposições básicas e nos desafiar a pensar se devemos mudá-las", disse Devauchelle na nota.
Para Alexandre, o diferencial do seu projeto está na área do carro que ele escolheu melhorar. "É muito difícil as pessoas se disporem trabalhar com a mecânica do carro. Ela é muito consolidada, a transmissão e o motor são o coração no veículo. Ninguém mexe muito mais com isso, todos os outros projetos que chegaram lá eram mais na parte de elétrico e eletrônico. Eram mais cosméticos, sobre o conforto do motorista, não é automotivo em si."
Ana Carla afirma que desde o início a dupla estava confiante de chegar longe no concurso. "Até então ninguém tinha tido a ideia de mudar um pouco a forma de criar e reelaborar uma CVT de forma que ela tenha um custo viável e que consiga atender a parte de eficiência e um máximo de aproveitamento", disse.
Alémpós a entrega do prêmio de cem mil euros, que ainda não tem destino certo, mas deve ir parcialmente para alguma aplicação financeira, a equipe ainda não se desfez desde o fim do concurso. Além de seguir com o trabalho para tirar a patente, Alexandre diz que a ideia é continuar desenvolvendo o projeto para, mais para frente, transformá-lo em um produto. "Não adianta ter algo bom e não botar no mercado", disse
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