domingo, 16 de novembro de 2014

Grupo faz ato pela paz após morte de jovem agredido em porta de boate

16/11/2014 13h21

Passeata reuniu cerca de 250 pessoas em Ribeirão Preto neste domingo (16).

Dentista recebeu soco de desconhecido por não ter cigarros, diz testemunha.

Fernanda TestaDo G1 Ribeirão e Franca
Familiares e amigos do dentista João Paulo de Moraes Camillo fizeram passeata pela paz nas ruas de Ribeirão Preto (Foto: Fernanda Testa/G1)Familiares e amigos do dentista João Paulo de Moraes Camillo fizeram passeata pela paz nas ruas de Ribeirão Preto (Foto: Fernanda Testa/G1)
Amigos e familiares do dentista João Paulo de Moraes Camillo, de 24 anos, morto uma semana após ser agredido na porta de uma boate em Ribeirão Preto (SP), se reuniram na manhã deste domingo (16) em um ato pela paz. O grupo, formado por cerca de 250 pessoas, saiu em passeata do Parque Municipal Dr. Luiz Carlos Raya, no Jardim Botânico, e seguiu até a casa noturna na Avenida Nove de Julho, no bairro Jardim São Luiz. A Polícia Militar acompanhou o percurso e auxiliou no bloqueio do trânsito pelas vias. Vestidos de branco, os manifestantes fizeram orações e deixaram rosas e balões brancos no local. "É uma homenagem ao João Paulo e uma forma de chamar a atenção da população. Só queremos paz e justiça", afirma Narayane Camillo, de 23 anos, empresária e irmã do dentista.
A agressão que teria resultado na morte de Camillo aconteceu na madrugada de 2 de novembro, na porta de uma casa noturna. Segundo testemunhas, o rapaz recebeu um forte soco no rosto após ter dito a um desconhecido que não tinha cigarros. Irritado, o jovem armou o golpe e atingiu o dentista, que caiu no chão já inconsciente e bateu a cabeça. Camilo passou por uma cirurgia, ficou internado em coma induzido por uma semana, mas não resistiu. O suspeito, Gabriel Navarro, de 19 anos, se apresentou à polícia de Ibitinga (SP), cidade onde mora, na sexta-feira (14). Em depoimento, ele negou todas as acusões.
A passeata deste domingo foi organizada por Narayane e pela namorada de Camillo, a estudante Mariah Andrez, de 20 anos, e divulgada pelo Facebook. Neste domingo, elas distribuíram camisetas com a foto do dentista aos participantes do ato. "Pensamos nesse ato como uma homenagem ao João Paulo e uma forma de chamar a atenção da população. Achamos que falta colaboração das pessoas que estavam no local para ajudar a solucionar esse caso. Só queremos paz e justiça", diz Narayane.
Para a namorada de Camillo, que estava com o dentista na noite da agressão, o que ameniza a perda é o apoio dos amigos e familiares. "A gente se conforta um pouco ao ver o tanto que as pessoas gostavam dele. Estão todos aqui por ele, para pedir justiça pela morte dele. Apesar de o Joãozinho ter ido embora cedo, a missão dele foi bem cumprida. Fica a saudade e o nosso desejo de luta pela paz de agora em diante", diz.
Durante o ato, os participantes caminharam em silêncio, apenas com o som de músicas religiosas ao fundo. Cartazes com apelos de paz e justiça e com homenagens ao dentista foram erguidos ao longo do percurso. Na porta da casa noturna, o grupo fez orações por Camillo.
Emocionada, Meire Camillo, mãe do dentista, chorou e deixou uma rosa branca no local em memória do filho. "Ele [João Paulo] me deu 24 anos de orgulho. Foram só alegrias nessa trajetória. Eu creio na justiça de Deus e é só isso que nós esperamos", afirma.
Mãe de João Paulo se emociona e chora durante ato em homenagem ao filho em Ribeirão Preto (Foto: Fernanda Testa/G1)Mãe de João Paulo se emociona e chora durante ato em homenagem ao filho em Ribeirão Preto (Foto: Fernanda Testa/G1)
Investigação
De acordo com a Polícia Civil, o suspeito, Gabriel Navarro, foi indiciado no dia 6 de novembro por lesão corporal dolosa. Entretanto, com a morte de Camillo, o resultado do exame necroscópico pode contribuir para a mudança da investigação que, neste caso, poderá ser tratada como homicídio.
Natural de Ibitinga (SP), Navarro se apresentou na sexta-feira (14) e foi ouvido por carta precatória, conforme pedido de seu advogado, Ariovaldo Moreira. À polícia, segundo Moreira, Navarro negou todas as acusações à polícia. Ele disse que agiu em sua defesa porque teria sido xingado por Camillo e outros três amigos. O rapaz contou à polícia que durante a confusão acabou empurrando o dentista, que caiu e bateu a cabeça no chão.
Ato terminou em frente a casa noturna, onde participantes fizeram orações por dentista morto após agressão (Foto: Fernanda Testa/G1)Ato terminou em frente a casa noturna, onde participantes fizeram orações por dentista morto após agressão (Foto: Fernanda Testa/G1)

Nenhum comentário:

Postar um comentário