Consumidores dormiram e improvisaram banheiro na loja, em Macaé (RJ). Leitor de preço indicou valor bem abaixo do apontado no caixa.
Um erro de cadastramento no preço de produtos provocou discussão, tumulto e fechamento de um hipermercado em um shopping de Macaé, no interior do estado do Rio. Consumidores decidiram acampar na loja da empresa Walmart desde a tarde de domingo (14). A confusão começou depois que clientes pegaram cestas de Natal no valor de R$ 3,04 e R$ 8,23, conforme verificado no leitor de preço, mas ao passar no caixa descobriram que os produtos custavam, na verdade, R$ 84,98.
O baixo valor fez com que longas filas se formassem rapidamente nos caixas. Mas ao saber das operadoras o preço correto, os clientes exigiram que fosse cobrado o mesmo valor registrado no leitor de preços (veja o vídeo ao lado). Diante do impasse, as compras não foram realizadas e nem os clientes embora e o mercado foi fechado.
Cerca de 200 pessoas estavam nas filas tentando fazer as compras, mas não conseguiram. Ninguém passou e quem estava no local para fazer compras simples do mês, teve as compras canceladas.
A advogada Fabiana Santos saiu da loja nesta segunda-feira (15), por volta das 12h. Ela disse que a confusão gerou centenas de reclamações e promete entrar com uma ação na justiça contra o hipermercado.
"Dormi lá e sai agora porque precisei cuidar da minha filha. Estão vendendo produtos mofados, estragados e fora da validade. A advogada do hipermercado esteve na unidade, mas o acordo que eles fizeram não foi aceito pelos clientes. Muitas pessoas ainda estão dentro da unidade que está fechada", contou.
O mecânico Johan Alves está dentro da loja desde às 12h de domingo. Ele contou que a esposa chegou a passar mal, mas só vão sair após conseguirem comprar as cestas de Natal com o preço indicado no leitor. Johan conta ainda que como foram impedidos de regressar ao supermercado caso saíssem para utilizar o banheiro, os clientes improvisaram.
"Como fomos impedidos de voltar, pegamos uma tenda, improvisamos uns baldes e estamos usando o local como banheiro", revelou.
Para dormir no local foram usados colchonetes que estavam na prateleira do hipermercado. A ideia foi copiada por mais de 150 pessoas, que até as 3h tentavam passar as compras nos caixas, mas foram impedidas.
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"Só saio daqui quando consegui passar minhas compras. Não pela cesta de Natal, mas por uma questão de princípios. Temos que brigar por nossos direitos, porque se não vamos continuar passando por humilhações como essas. Idosos, crianças e gestantes dormiram na fila. Algumas passaram mal e foram para casa", completou.
Segurança reforçada
A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram acionados para acompanhar o tumulto. Fiscais do Procon estão no local e farão uma vistoria na unidade. Caso sejam comprovadas as irregularidades e preços diferentes, o Walmart poderá ser multado. O valor da multa pode variar entre R$ 500 a R$ 7 milhões.
A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram acionados para acompanhar o tumulto. Fiscais do Procon estão no local e farão uma vistoria na unidade. Caso sejam comprovadas as irregularidades e preços diferentes, o Walmart poderá ser multado. O valor da multa pode variar entre R$ 500 a R$ 7 milhões.
Princípio da razoabilidade
O Procon esclarece que, apesar do Código de Defesa do Consumidor estabelecer que o menor preço deve predominar, existe o princípio de razoabilidade que pode ser considerado pela Justiça a favor da empresa.
O Procon esclarece que, apesar do Código de Defesa do Consumidor estabelecer que o menor preço deve predominar, existe o princípio de razoabilidade que pode ser considerado pela Justiça a favor da empresa.
"Há casos e situações em que há uma divergência muito grande em relação ao valor real do produto. Nesse caso, pelo princípio da razoabilidade, o juíz vai avaliar se houve uma propaganda enganosa ou se houve um erro de informação ou na grafia, por exemplo, podendo não atender ao pedido do consumidor com base no bom-censo, por considerar um preço muito maior do que o indicado", revelou Rosângela Tavares, secretária executiva do Procon-Campos.
A reportagem do G1 tentou contato com a empresa Walmart, mas as ligações não foram atendidas. Um e-mail também foi encaminhado à assessoria de comunicação da empresa, mas nenhuma resposta chegou até o início da tarde desta segunda-feira (15).
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