Os EUA acusaram diretamente outro país de uma agressão cibernética em solo norte-americano.
Por Aruna Viswanatha e Steve Holland
WASHINGTON
Obama disse que a agressão cibernética “casou muitos danos” à Sony, mas que acredita que a empresa cometeu um erro ao cancelar o lançamento do filme “A Entrevista”, uma comédia que mostra o assassinato do líder norte-coreano, Kim Jong Un.
“Iremos responder”, declarou Obama em uma coletiva de imprensa de final de ano. “Iremos responder proporcionalmente, e iremos responder no lugar e no momento e da maneira que escolhermos.”
Duas horas antes de seu discurso, a polícia federal dos Estados Unidos (FBI) anunciou que investigadores determinaram que a Coreia do Norte esteve por trás da invasão à Sony, classificado de ato inaceitável de “intimidação” com patrocínio estatal.
Obama afirmou que a Coreia do Norte parece ter agido sozinha.
Foi a primeira vez que os EUA acusaram diretamente outro país de uma agressão cibernética desta natureza em solo norte-americano.
A natureza do ataque e as ameaças dos hackers que levaram o estúdio de Hollywood a suspender o filme, o destacou em relação a outras intrusões cibernéticas, disse o FBI.
Um diplomata norte-coreano na Organização das Nações Unidas (ONU) declarou que Pyongyang não teve nada a ver com o ciberataque. “A República Democrática Popular da Coreia (Coreia do Norte) não é parte disso”, disse ele à Reuters sob condição de anonimato.
Obama disse que gostaria que a Sony tivesse conversado com ele antes de cancelar o filme, dando a entender que o gesto pode criar um precedente ruim. “Acho que cometeram um erro”, afirmou. “Gostaria que tivessem conversado comigo primeiro.”
Ele acrescentou: “Não podemos ter uma sociedade na qual o ditador de algum lugar começa a impor censura aqui nos Estados Unidos”.
Após as declarações de Obama, o presidente-executivo da Sony Pictures Entertainment, Michael Lynton, negou que o cancelamento do filme tivesse sido um erro.
As opções de Obama para reagir ao ataque virtual parecem limitadas.
A Coreia do Norte está sujeita a sanções dos EUA há mais de 50 anos, mas elas tiveram pouco efeito em sua política de direitos humanos ou no desenvolvimento de suas armas nucleares. O país se especializou em esconder suas atividades de angariação de fundos, muitas vezes criminosas, evitando em grande parte os bancos tradicionais.
O FBI declarou que uma análise técnica do malware (programa mal-intencionado) usado no ataque à Sony encontrou links para um malware que “agentes da Coreia do Norte” desenvolveram e uma “sobreposição significativa” com “outras atividades cibernéticas mal-intencionadas” ligadas anteriormente a Pyongyang.
Reuters
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