domingo, 18 de janeiro de 2015

Rio 450 anos

 Rádio Vaticana

Rio de Janeiro (RV) - A cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro completa 450 anos de fundação pelos portugueses neste ano. O Papa Francisco abriu as comemorações com uma mensagem em vídeo aos cariocas na passagem do ano. Ao celebrarmos a festa do padroeiro da cidade nesta semana nós nos unimos a todos rezando por essa cidade tão visibilizada no mundo.
A Igreja conserva a memória da fundação da cidade: o marco pétreo português, o túmulo de Estácio de Sá e a imagem histórica de São Sebastião trazida pelo fundador da cidade.     
O litoral fluminense atraiu colonizadores portugueses e corsários franceses em razão do rendoso comércio de pau-brasil. Combatendo os franceses instalados na Baía de Guanabara, Estácio de Sá, sobrinho do governador geral Mem de Sá, funda a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro em 1º de março de 1565.
A causa da fundação foi dar início à expulsão dos franceses que já estavam na área há 10 anos. Estácio de Sá morreu em 20 de fevereiro de 1567, um mês depois de expulsar os franceses, em consequência de uma infecção no rosto causada por uma flecha envenenada, que o feriu durante os combates. Pesquisadores também testam a presença de São José de Anchieta na fundação da cidade.
Mem de Sá, terceiro governador-geral do Brasil e tio do fundador da cidade, transferiu, após a morte de Estácio de Sá, a cidade da área da Urca, onde fora fundada, para o Morro do Castelo com o objetivo de melhor defender a cidade de ataques. Passou, em seguida, o governo do Rio de Janeiro para outro sobrinho, Salvador Correia de Sá.
Com o primeiro governo de Salvador Correia de Sá em 1568, inicia-se o que poderíamos chamar de dinastia carioca dos “Correia de Sá”. Com ótimo e enorme prestígio no Rio de Janeiro, por quase um século três gerações deles governariam o Rio de Janeiro repetidas vezes. A Ilha do Governador possui esse nome por ter sido um engenho de açúcar de Salvador Correia de Sá.
Ocupando posição estratégica no litoral sul da colônia, na Baía de Guanabara, a povoação cresce como região portuária e comercial. No século XVIII, com o desenvolvimento da mineração, o Porto do Rio de Janeiro torna-se o principal centro exportador e importador para as vilas de Minas Gerais, por onde saem ouro e diamantes e entram escravos e manufaturados, entre outros produtos. Em 1763 a cidade transforma-se na sede do Governo Geral, em substituição a Salvador-BA.
Em 1808, com a chegada da família real, o Rio torna-se a sede do governo português. Após a independência, a cidade continua como capital, enquanto a província enriquece com a agricultura canavieira da região de Campos e, principalmente, com o novo cultivo do café no Vale do Paraíba. Para separar a província e a capital do Império, a cidade converte-se, em 1834, em município neutro, e a província do Rio de Janeiro passa a ter como capital Niterói.
Como centro político do país, o Rio concentra a vida político-partidária do Império e os movimentos abolicionista e republicano. Durante a República Velha, com a decadência de suas áreas cafeeiras, o Estado perde a força política para São Paulo e Minas Gerais.
O processo de enfraquecimento econômico e político do Rio continua após a Revolução de 1930. A economia fluminense não se beneficia da industrialização, apesar de o Estado ser escolhido para sediar a Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, ponto de partida para a implantação da indústria de base no país.
A cidade do Rio de Janeiro mantém-se como importante zona comercial, industrial e financeira, mas com a mudança da capital federal para Brasília, em 1960, o declínio do novo Estado da Guanabara é inevitável. Em 1974 os estados do Rio de Janeiro e Guanabara fundem-se por determinação do Regime Militar, constituindo o atual Estado do Rio de Janeiro. Com o objetivo de recuperar a sua importância política e econômica, os governos militares fazem grandes investimentos no Estado, como a construção de Angra I e Angra II, no município de Angra dos Reis, e a implantação do pólo petrolífero na bacia de Campos, a mais produtiva do país.
O maranhense Coelho Neto, o "Príncipe dos Prosadores Brasileiros", escritor, jornalista, professor e membro fundador da Academia Brasileira de Letras, criou este sinônimo para o Rio de Janeiro em 1908, nas páginas do jornal "A Notícia". Em 1934, o compositor baiano André Filho lança, para o carnaval, uma das músicas brasileiras mais famosas de todos os tempos, transformada em Hino da Cidade do Rio de Janeiro: “Cidade Maravilhosa” (cheia de encantos mil, cidade maravilhosa, coração do meu Brasil). O Rio de Janeiro é uma cidade para ser ouvida, admirada, percorrida, descoberta. Esta é a única maneira de entender por que o Rio é incomparável.
O Papa Francisco dedicou sua mensagem para a nossa cidade pelos seus 450 anos de história. Logo no início ele recorda de seu padroeiro, São Sebastião, que fora corajoso e peça fundamental no cristianismo. O Santo Padre também acenou para o símbolo de nossa cidade, que é o Cristo Redentor. Lembrou que tal qual o Cristo está de braços abertos, que assim estejamos também nós, sempre abertos para acolher o próximo. O Papa ainda citou a cidade maravilhosa como uma das mais belas do mundo e a sua importância para o Brasil e a humanidade. Também tocou nas suas diferenças sociais. Finalizou a sua mensagem com a Benção Apostólica sobre toda a cidade e desejou um feliz ano de 2015 para todos.
Dessa maneira, ao celebrarmos a festa de São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro, quero agradecer a Deus por esta cidade e todo o seu povo. Assumindo a segunda parte do hino da cidade, nós pedimos que “este jardim florido de amor e saudade, terra que a todos seduz”; pedimos “que Deus te cubra de felicidade, ninho de sonho e de luz”! 
Que ao olharmos para o Cristo Redentor, possamos continuamente seguir os seus passos e saber que somos abençoados sempre por Ele. Assim, parabéns à nossa Cidade Maravilhosa! Que Deus derrame inúmeras bênçãos sobre todos!

Cardeal Orani João Tempesta, O.Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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