terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

A ecologia humana de Bergoglio

Em diversos momentos, papa revela seu pensamento sober a proteção à natureza.

Por Gian Guido Vecchi

Francisco recordou nessa segunda-feira (9) suas palavras à Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em novembro. Naquela ocasião a frase reveladora foi pronunciada pelo papa na saída, ao saudar os dependentes: “A água não é gratuita, como tantas vezes pensamos. Será o grave problema que poderá levar-nos a uma guerra”. Fome, sede e “economia que mata”, desflorestamento e conflitos. A “terceira guerra mundial em partes” se combate em várias frentes, sempre sobre a pele dos pobres. Tutela do ambiente e “ecologia humana”: tudo vem ao caso, no pensamento de Bergoglio.

Em março, o papa concluirá a encíclica sobre a custódia da criação, que ele pretende publicar entre junho e julho para que seja meditada antes da conferência de Paris sobre as mudanças climáticas. A mensagem à Expo, como a intervenção à FAO, antecipa conteúdos e estilos. Francisco exorta a resguardar-se dos “sofismas”, daquele “nominalismo do pensamento” abstrato da realidade e inconcludente.

Volta à mente o juízo sobre a conferência climática de Lima, revelado aos jornalistas no vôo a Manila: “O encontro no Peru não foi grande coisa, iludiu-me a falta de coragem. Porque é preciso ter a coragem de não “parar até certo ponto” e “ir ao fundo dos problemas: reconhecer a “iniquidade” como raiz de todos os males, agir sobre “causas estruturais”, renunciando “à autonomia absoluta dos mercados e da especulação financeira”, fundar o agir político sobre “pilastras” da ”dignidade da pessoa humana” e do “bem comum”. E custodiar “com ternura” a “mãe terra” que “pede respeito e não violência, ou pior ainda, arrogância de padrões”. Ai ao ”tomá-lo a bofetadas”.

Mais vezes o papa repetiu a frase que lhe disse um velho camponês: Deus perdoa sempre, os homens às vezes, a natureza jamais.
Corriere della Sera, 08-02-2015.
*A traduçao é de Benno Dischinger.

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