terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Livro 'O papa jesuíta', liberdade e laicidade

Em publicação, autor tenta mostrar os traços jesuítas no pensamento de José Mario Bergoglio.
ROMA – Francisco é o primeiro papa jesuíta da história e isto é perceptível em seus gestos, em suas palavras, nos seus pensamentos. Entender esta relação é o que se propõe o livro “O papa jesuíta, ‘pensamento incompleto’, liberdade e laicidade em Francisco”, escrito pelo Docente de Filosofia na Pontifícia Universidade Lateranense e Oficial do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Prof. Vittorio Alberti.
A obra é uma oportunidade para entender as relações entre cristianismo, liberdade de pensamento e laicidade. A Rádio Vaticano perguntou ao autor como o fato de ser filho de Santo Inácio é perceptível em Francisco: “No ser livre. Isto é muito claro, porque o jesuíta tem uma espiritualidade que o prescreve buscar Deus em todas as coisas. Os Exercícios de Santo Inácio prescrevem isto: em todas as coisas buscar a vontade de Deus. Todas as coisas significa também as mais impensadas, as mais imprevisíveis, as mais originais, portanto, não somente dentro das estruturas da Igreja, não naquilo que tu esperarias. Esta liberdade de busca, da vocação, ele a traduz em termos de assumir o seu papel. E isto é, acredito, aquilo que de mais jesuítico exista nele”.
O subtítulo do livro é “Pensamento incompleto, liberdade, laicidade no Papa Francisco”. Por que ‘pensamento incompleto’?
“De ‘pensamento incompleto’ falou ele e é uma categoria própria da espiritualidade dos jesuítas e é um pensamento que não se fecha, que não coloca um ponto definitivo, portanto, que não cria uma coerção: acreditas nisto, estás dentro, não acreditas nisto, estás fora. Incompleto quer dizer que está sempre aberto, sempre em busca, como o pensamento da filosofia”.
Um dos pontos, folheando este livro, é Papa Francisco e o anticlericalismo...
“O anticlericalismo é uma categoria que é interpretada segundo aquilo que a história nos ensinou, assim nós o entendemos geralmente como o movimento de libertação da Igreja entendida como estrutura de poder ligada à coroa. O anticlericalismo verdadeiro não é outra coisa que o cristianismo, não é outra coisa que que a instância de liberdade e de libertação própria do cristianismo que se opõe à idolatria da estrutura visível. Eu cristão livre não posso que estar em contínua busca do testemunho, da minha fé, da afirmação da irmandade.... Assim, Francisco indica o caminho do anticlericalismo neste sentido: devemos ser mais cristãos, menos clericais”.
Outro ponto são os aspectos de continuidade entre Bento XVI e o papa Francisco…
“O elemento de continuidade eu diria que é até mesmo lógico. Bento XVI realizou este gesto enorme da renúncia e marcou o passo: isto é, eu acredito que ele tenha dado a linha ao Conclave. Diante de um gesto assim importante, assim grave, assim dramático e corajoso, ele disse: não se pode que chegar a uma solução de renovação radical da estrutura eclesiástica e portanto, da Igreja, voltando às origens, em qualquer modo”.
SIR/RV

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