Ela morreu após ficar internada com pneumonia por um mês em hospital.
'Infelizmente, não tem reposição de peça', disse Fernanda Montenegro.
Terminou, por volta das 15h30 deste sábado (11), a cerimônia de cremação do corpo da crítica teatral Barbara Heliodora no Memorial do Carmo, no Caju, Zona Portuária do Rio. Heliodora morreu na manhã desta sexta-feira (10) no Hospital Samaritano, em Botafogo, Zona Sul do Rio, onde estava internada desde março. A crítica de teatro tinha 91 anos.
Amigos e parentes compareceram ao Memorial para se despedir de Barbara que, segundo eles, era ao mesmo tempo crítica ferina e uma mãe amorosa. A atriz Fernanda Montenegro, amiga de Bárbara Heliodora, avaliou que, nesta semana, o Brasil perdeu muito mais do que uma crítica famosa. "O Brasil perdeu uma mãe amorosa, uma estudiosa de Shakespeare, uma extraordinária mulher do teatro e uma brasileira responsável. Infelizmente, não tem reposição de peça", disse a a atriz.
Marília Pêra, ao sair da capela onde o corpo da atriz era velado, destacou que a crítica da amiga tinha sempre muito significado: "Mesmo nas críticas muito ruins você poderia aproveitar alguma coisa. Mas eu gostava do jeito que ela era. A gente tinha a impressão de que ela poderia escrever por mais 30, 40 anos. Mas o legado dela é que fica", analisou.
Marília Pêra, ao sair da capela onde o corpo da atriz era velado, destacou que a crítica da amiga tinha sempre muito significado: "Mesmo nas críticas muito ruins você poderia aproveitar alguma coisa. Mas eu gostava do jeito que ela era. A gente tinha a impressão de que ela poderia escrever por mais 30, 40 anos. Mas o legado dela é que fica", analisou.
Já a filha, Patricia Bueno, que é atriz, explicou que, mesmo sendo uma mãe muito amorosa, Bárbara não deixava de dar opiniões e fazer críticas sobre o trabalho da filha. "Ela dizia o que estava errado, se estava errado e me corrigia. Acho que fez muito bem, pelo curso da minha carreira", afirmou ela.
O ator Marco Nanini avaliou Bárbara como uma pessoa que contribuiu muito para as artes cênicas. "O teatro era a forma mais eficiente de retratar a atualidade, e ela era muito boa em fazer isso através da crítica", afirmou.
Biografia
Nascida em 29 de agosto de 1923, filha de uma poetisa, Anna Amélia Carneiro de Mendonça, e do historiador Marcos Carneiro de Mendonça, a crítica teatral e tradutora Barbara Heliodora se transformou em uma das maiores conhecedoras da obra de William Shakespeare no Brasil.
O ator Marco Nanini avaliou Bárbara como uma pessoa que contribuiu muito para as artes cênicas. "O teatro era a forma mais eficiente de retratar a atualidade, e ela era muito boa em fazer isso através da crítica", afirmou.
Biografia
Nascida em 29 de agosto de 1923, filha de uma poetisa, Anna Amélia Carneiro de Mendonça, e do historiador Marcos Carneiro de Mendonça, a crítica teatral e tradutora Barbara Heliodora se transformou em uma das maiores conhecedoras da obra de William Shakespeare no Brasil.
A paixão pelo escritor inglês começou na infância, aos 12 anos, após ganhar da mãe o primeiro volume das obras completas do dramaturgo. Ela costumava dizer que Shakespeare foi um grande e bom amigo ao longo dos anos.
Barbara estudou e se formou nos anos 1940 em literatura inglesa no Connecticut College, nos Estados Unidos. Aos 35 anos, iniciou a carreira no jornalismo, no jornal Tribuna da Imprensa, entre outubro de 1957 e fevereiro de 1958. Na época, amigos do teatro "O Tablado", insistiram para que ela escrevesse sobre o mundo teatral que ela tanto admirava.
'Dama de Ferro'
Foi no Jornal do Brasil, onde trabalhou até 1964, que sua carreira conquistou respeito e seriedade pelo conhecido rigor dos seus artigos e críticas. Ela era responsável pela resenha de teatro do jornal. A classe teatral brasileira se referia a ela como a "Dama de Ferro". Nos teatros, gostava sempre de sentar nas primeira fileiras para assistir aos espetáculos. Em 2013, em entrevista ao programa Starte, da Globonews, ela contou que já tinha visto mais de 3.500 espetáculos teatrais.
Foi no Jornal do Brasil, onde trabalhou até 1964, que sua carreira conquistou respeito e seriedade pelo conhecido rigor dos seus artigos e críticas. Ela era responsável pela resenha de teatro do jornal. A classe teatral brasileira se referia a ela como a "Dama de Ferro". Nos teatros, gostava sempre de sentar nas primeira fileiras para assistir aos espetáculos. Em 2013, em entrevista ao programa Starte, da Globonews, ela contou que já tinha visto mais de 3.500 espetáculos teatrais.
Entre 1964 e 1967, em plena ditadura militar, ela assumiu a direção do Serviço Nacional do Teatro. Barbara também deu aulas no Conservatório Nacional de Teatro e no Centro de Letras e Artes da Uni-Rio, onde se aposentou em 1985.
Voltou ao jornalismo em 1985, na revista Visão. Cinco anos depois, foi convidada trabalhar no jornal O Globo, onde ficou por mais de 20 anos. Deixou o dia a dia do jornal no final de 2013, ao completar 90 anos. Nesse mesmo ano, disse em entrevista ao programa Starte, da Globonews, que já tinha visto mais de 3.500 espetáculos teatrais. Mesmo sem a rotina de escrever diariamente sobre teatro, Barbara continuou a fazer traduções e participar de mesas de debates sobre Shakespeare, em reuniões semanais em sua casa, no Largo do Boticário.
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Barbara também fez direção, adaptação e tradução de diversas obras. Um de seus maiores desafios foi a tradução de mais de 30 peças de Shakespeare para o português. Em entrevista exibida em 2009, na Globonews, ela contou que fez a tradução ao longo de 30 anos. A mãe dela já tinha feito a tradução de "Hamlet" e "Ricardo III".
Ao longo da carreira ela escreveu seis livros. O primeiro em 1975, a partir da sua tese de doutorado na Universidade de São Paulo (USP) : "A Expressão Dramática do Homem Político em Shakespeare". Em 1997, "Falando de Shakespeare", onde reuniu conferências realizadas ao longo de 15 anos de trabalho.
Em 2000, Barbara escreveu "Martins Pena, uma introdução", a convite da Academia Brasileira de Letras. Em 2004, ela lançou uma coletânea de ensaios: "Reflexões Shakespearianas". E na companhia de outros quatro autores, lançou em 2005 "Brasil, Palco e Paixão" - Um século de Teatro", sobre uma parte da história do teatro brasileiro no século XX. O último livro foi "Caminhos do teatro Ocidental", resumo do trabalho como professora de história do teatro, de 1966 a 1985.
Em uma de suas últimas entrevistas disse que pensava sobre a contribuição do teatro. "O teatro é um documentário perfeito da história do ocidente. Você lendo as peças você vai acompanhar o desenvolvimento do ocidente exatamente. Os autores teatrais acabam refletindo exatamente a história toda".
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