Talvez minha mensagem, um arremedo de otimismo, lhe caía bem hoje.
Por Ricardo Soares*
Há muito sol no país por esses dias. Sol em São Paulo, Rio e Brasília , nossa capital que de tanta luz precisa e onde idiotas querem proibir turistas de fotografar o pôr de sol no Memorial JK. Acordar com uma luz dessas é muito bom. O sol que ilumina a janela que ilumina o novelo que ilumina o gato que com sua preguiça ilumina o dia. A chuva não veio, o tempo feio não veio,o mofo , aquelas bruxas que sobrevoam os sonhos ,tudo isso não veio. Veio uma luz dessas que é muito boa.
Há música ao longe? Há sim! Negra melodia de negros acordes, vulgo planeta jazz. É som suave, descansado, combina com acordar com uma luz dessas. Não, não há barulho de ondas do mar, pois ele está distante.
A vida vem em ondas, já disse outro poeta, em outras sondas. O espaço acima de mim está livre e aberto. Não há nuvens, há o tal "céu de brigadeiro". Penso que acordar com uma luz dessas é muito bom.O calor aquece as juntas, aprumo de novo as esperanças remotas e ponho-as para tomar um bom sol. Está tudo resistindo bem a umidade. Acordar com uma luz dessas é muito bom . Assim sendo bom dia.
Bom dia. Não sei quantos dias de sol já teve sua vida e nem quantas vidas se deleitaram com um dia de sol. Também não faço idéia de quanto já se escreveu sobre um dia de sol e nem se o sol é essa usina de vitamina E que me garantiu ser um dia uma simpática professora de meia idade lá na Serra do Roncador enquanto sentava-se numa pedra molhada, ao lado de uma cachoeira, com o sol lhe batendo na cara.
Escrevo sob o sol, sentado numa cadeira de praia, no gramadinho do lado externo de casa aproveitando a maravilha da tecnologia que me permite conexão sem fio fora do escritório. Todo mundo clama que o dia é lindo e é preciso aproveitar, sair por aí , andar , pedalar. Aquela velha imposição de que é preciso ser feliz mesmo com tantas intempéries. Nosso mundo regurgita os infelizes e eu não vou aqui desafinar o coro dos contentes num dia de sol.
Talvez minha mensagem, um arremedo de otimismo, lhe caía bem hoje- feira ainda mais se o tempo em sua cidade estiver bonito, céu com poucas nuvens ou nuvem alguma a lhe desenhar dúvidas na mente. Espero que nada nuble seu dia e que não se deixe levar pelos maus humores que nos pegam no pé assim que pomos os pés para fora da cama. Não se contamine pelo baixo nível da política nacional, pelo país ser refém na mão de bandidos legislativos. Não fique desolado com a péssima educação dos seus vizinhos e nem com os que furam filas se achando senhores da razão. Não se aborreça com deputados canalhas, com magistrados lavados na presunção, com articulistas analfabetos querendo nos impor razão e ressentimentos.
O mais difícil mesmo é manter um dia de sol dentro da gente. Fazer o calorzinho gostoso fluir pelas veias, descongelar nossas mágoas, aquecer o coração que necessita de dar e pedir perdão. Fico aqui assustado com essa pequena tendência solar em querer praticar auto- ajuda. Mas também, fazer o que ? estou tentando viver meu dia de dimensão paralela. Uma dimensão onde assassinos não matam crianças em Gaza , onde policias não executam pichadores e negros pobres, onde ruralistas respeitam os direitos indígenas e onde o sol nasce para todos. Porque esse é o princípio de tudo.
Há muito sol no país por esses dias. Sol em São Paulo, Rio e Brasília , nossa capital que de tanta luz precisa e onde idiotas querem proibir turistas de fotografar o pôr de sol no Memorial JK. Acordar com uma luz dessas é muito bom. O sol que ilumina a janela que ilumina o novelo que ilumina o gato que com sua preguiça ilumina o dia. A chuva não veio, o tempo feio não veio,o mofo , aquelas bruxas que sobrevoam os sonhos ,tudo isso não veio. Veio uma luz dessas que é muito boa.
Há música ao longe? Há sim! Negra melodia de negros acordes, vulgo planeta jazz. É som suave, descansado, combina com acordar com uma luz dessas. Não, não há barulho de ondas do mar, pois ele está distante.
A vida vem em ondas, já disse outro poeta, em outras sondas. O espaço acima de mim está livre e aberto. Não há nuvens, há o tal "céu de brigadeiro". Penso que acordar com uma luz dessas é muito bom.O calor aquece as juntas, aprumo de novo as esperanças remotas e ponho-as para tomar um bom sol. Está tudo resistindo bem a umidade. Acordar com uma luz dessas é muito bom . Assim sendo bom dia.
Bom dia. Não sei quantos dias de sol já teve sua vida e nem quantas vidas se deleitaram com um dia de sol. Também não faço idéia de quanto já se escreveu sobre um dia de sol e nem se o sol é essa usina de vitamina E que me garantiu ser um dia uma simpática professora de meia idade lá na Serra do Roncador enquanto sentava-se numa pedra molhada, ao lado de uma cachoeira, com o sol lhe batendo na cara.
Escrevo sob o sol, sentado numa cadeira de praia, no gramadinho do lado externo de casa aproveitando a maravilha da tecnologia que me permite conexão sem fio fora do escritório. Todo mundo clama que o dia é lindo e é preciso aproveitar, sair por aí , andar , pedalar. Aquela velha imposição de que é preciso ser feliz mesmo com tantas intempéries. Nosso mundo regurgita os infelizes e eu não vou aqui desafinar o coro dos contentes num dia de sol.
Talvez minha mensagem, um arremedo de otimismo, lhe caía bem hoje- feira ainda mais se o tempo em sua cidade estiver bonito, céu com poucas nuvens ou nuvem alguma a lhe desenhar dúvidas na mente. Espero que nada nuble seu dia e que não se deixe levar pelos maus humores que nos pegam no pé assim que pomos os pés para fora da cama. Não se contamine pelo baixo nível da política nacional, pelo país ser refém na mão de bandidos legislativos. Não fique desolado com a péssima educação dos seus vizinhos e nem com os que furam filas se achando senhores da razão. Não se aborreça com deputados canalhas, com magistrados lavados na presunção, com articulistas analfabetos querendo nos impor razão e ressentimentos.
O mais difícil mesmo é manter um dia de sol dentro da gente. Fazer o calorzinho gostoso fluir pelas veias, descongelar nossas mágoas, aquecer o coração que necessita de dar e pedir perdão. Fico aqui assustado com essa pequena tendência solar em querer praticar auto- ajuda. Mas também, fazer o que ? estou tentando viver meu dia de dimensão paralela. Uma dimensão onde assassinos não matam crianças em Gaza , onde policias não executam pichadores e negros pobres, onde ruralistas respeitam os direitos indígenas e onde o sol nasce para todos. Porque esse é o princípio de tudo.
* Ricardo Soares é diretor de tv, escritor,roteirista e jornalista.Autor de 7 livros foi cronista do "Estado de S.Paulo", "Jornal da Tarde", "Diário do Grande ABC" e revista "Rolling Stone".
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