segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Papa rejeita ideia de «divórcio católico» e reafirma centralidade do matrimónio indissolúvel na Igreja


Agência Ecclesia 28 de Setembro de 2015       (Lusa)

(Lusa)

Francisco antecipa temas em discussão no próximo Sínodo dos Bispos

Cidade do Vaticano, 28 set 2015 (Ecclesia) - O Papa Francisco disse hoje que a simplificação dos processos de nulidade matrimonial é diferente de um “divórcio católico” e sublinhou que a “indissolubilidade” vai ser sempre a doutrina da Igreja.

“O divórcio católico não existe, a nulidade é reconhecida se não houve matrimónio, mas se houve, é indissolúvel”, disse aos jornalistas, no voo de regresso dos Estados Unidos da América.

“Na reforma dos processos de nulidade matrimonial, fechei a porta à via administrativa, através da qual podia entrar o divórcio. Quem pensa em divórcio católico está errado”, acrescentou.

Francisco explicou que a reforma jurídica visa agilizar os processos, eliminando a necessidade de uma “dupla sentença”, mas a doutrina continua a ser a do matrimónio como Sacramento “indissolúvel”.

“Isto é algo que a Igreja não pode mudar, é doutrina, é um Sacramento indissolúvel. O processo judicial serve para provar que aquilo que parecia um sacramento não era sacramento”, precisou.

A este respeito, deu o exemplo dos casamentos “à pressa”, quando a noiva estava grávida, para “salvar as aparências”.

“Alguns deles correram bem, mas não há liberdade”, observou.

O Papa antecipou também um dos temas mais mediatizados do próximo Sínodo, a situação dos católicos divorciados que se voltaram a casar pelo civil.

“Parece-me simplista dizer que para estas pessoas a solução é a possibilidade de aceder à Comunhão. Não é a única solução”, alertou.

Francisco recordou que, além destas situações, há um conjunto de novas questões, como a dos jovens que não se querem casar ou o tema da “maturidade afetiva”.

“Para ordenar um padre há uma preparação de oito anos, mas para casar-se por toda a vida fazem quatro encontros de preparação matrimonial”, exemplificou.

Francisco comentou ainda a reforma da saúda promovida pelo presidente norte-americano Barack Obama, que poderia obrigar instituições católicas a práticas contrárias às suas convicções sobre o aborto e o planeamento familiar, bem como sobre os casos de funcionários que se recusaram a celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

“A objeção de consciência é um direito. Se impedimos uma pessoa de fazer objeção de consciência, negamos-lhe um direito”, advertiu, sublinhando que isso se aplica também aos trabalhadores de qualquer Governo.

Historicamente, disse ainda, esse direito foi negado a fiéis de outras religiões que eram obrigados a escolher entre a "espada" ou o "batismo".

O Papa respondeu a 11 perguntas, durante mais de 45 minutos.

OC

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