sexta-feira, 30 de outubro de 2015

'Em Santa Marta o coração pulsante do Pontificado'

Cidade do Vaticano, 30 out (Rádio Vaticano) - “A felicidade se aprende todos os dias” é o título do novo livro publicado na Itália na última quinta-feira (29/10), que reúne as matérias da Rádio Vaticano sobre as homilias do Papa Francisco na Casa Santa Marta entre março de 2014 e junho de 2015.

O volume segue a publicação de “A Verdade é um encontro” que compilou as homilias do primeiro ano de Pontificado. A Rádio Vaticano conversou com o Padre Antonio Spadaro, diretor da revista “Civiltà Cattolica”, responsável pela publicação.
"Muitas pessoas aguardam este momento matutino para ler ao menos o texto das homilias de Santa Marta. Estas homilias são uma experiência real que, dentro das possibilidades, deve ser vivida. Todavia, ao ler os textos tem-se contato com o que poderíamos chamar de uma “doutrina oral”: o Papa fala do Evangelho de maneira direta, de modo a tocar as pessoas e encontra-las. As suas palavras não são somente uma explicação do Evangelho, algo ligado a um mundo abstrato, intelectual, de explicação formal. Na verdade, com estas suas palavras, o Papa toca os corações, toca as pessoas, que se sentem profundamente envolvidas", disse.
Há uma grande atenção por parte dos fiéis, na verdade não somente dos fiéis pelas homilias. De algum modo elas são sempre novas, justamente como o Evangelho sobre o qual meditam...
Sim, o Papa usa uma linguagem que é – diria – poética e popular ao mesmo tempo. No fundo, ele procura uma linguagem que não dê somente razão à racionalidade e à fé, mas que comunique esta fé ao homem que escuta hoje. Portanto, tem-se um sentido muito particular de contemporaneidade ao Evangelho. Me impressionou – isso eu digo na introdução – como isso foi explicado por um filósofo, Giovanni Reale, que leu o primeiro volume das homilias como um texto de filosofia: no sentido que inverte o senso tradicional da relação com o pensamento. Isto é, este pensamento não é um “logos”, uma racionalidade abstrata, mas torna quem o escuta contemporâneo do Evangelho.
Também durante o Sínodo o Papa começava o dia celebrando a Missa na Casa Santa Marta com um grupo de fiéis: é dizer que o Sínodo já começava antes mesmo das Congregações...
É verdade, e podemos ver algo interessante: para o Papa, estas homilias são ocasiões importantes. Então, o Magistério que provém destas poucas palavras é um Magistério significativo que, muitas vezes, ilumina as interpretações daquilo que o Papa faz durante o dia: isso já vimos acontecer mais de uma vez. Sua mensagem é muito forte e significativa: reunir essas palavras e rele-las significa entrar no coração vivo, pulsante – na fonte podemos dizer – da visão do Papa Francisco da Igreja.
Neste segundo livro temos homilias que, com frequência, falam da misericórdia e do perdão...
A Misericórdia é a palavra-chave deste Pontificado! No fundo, Francisco, com um falar profundamente teológico, mas na forma do discurso pastoral, nos faz entender como a nossa visão de Deus deve se converter. Não é o Deus da lei, não é somente o Deus da normativa, não é um Deus rígido com o qual confrontar-se, mas é um Deus que acolhe e recebe sempre. Portanto, a misericórdia não é um objeto, não é uma coisa: é um envolvimento. A palavra-chave com a qual Francisco interpreta a misericórdia nestas homilias é o “envolvimento”. O perdão não é um ato legal, um ato de jurisprudência, uma condenação, uma anistia: ao contrário, é uma relação, é um envolvimento de Deus na vida de uma pessoa.
SIR

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