A diferença foi muito pequena, de apenas seis votos, mas serviu para o governo comemorar: do ponto de vista econômico, deixará de gastar até R$ 29,5 bilhões com reajuste dos servidores do Judiciário e, do ponto de vista político, revelou que seus opositores não têm mais a maioria na Casa, os 257 votos para lhe impor derrotas. Um pedido de impeachment, por exemplo, precisaria de 342 votos para ser acolhido.
A pretensão do governo agora é conseguir, ele próprio, chegar aos 257 votos, para ter maioria na Casa e o controle das votações.
- Há, sim, um processo de melhora para aglutinar mais a base, mas ainda há muito o que fazer - comentou o ministro-chefe da Casa Civil, Jacques Wagner.
- Está melhorando, sim, há duas semanas que estamos obtendo pequenas, mas importantes vitórias no Congresso - disse o ministro Edinho Silva, da Comunicação institucional de governo.
Nesta manhã, os assessores do governo estão se debruçando sobre a folha de votação para calcular onde houve os maiores índices de votos contrários entre os partidos da base governista.
A votação mais importante e que está servindo de parâmetro é a relativa ao reajuste do Judiciário. Até aqui, uma preocupação é o PDT, onde boa parte da bancada votou contra a manutenção do veto, contrariando a orientação do Palácio do Planalto. Mas houve defecções também no PT. A maior fidelidade partiu do PC do B, reconhece o governo. O partido tem repetido este comportamento em várias votações e também na defesa do governo na tribuna da Câmara.
Nas avaliações do governo, o presidente do Senado, Renan Calheiros, tem adotado "boa estratégia", segundo a coordenação política do Planalto, nas votações no Congresso. Na noite de ontem, por exemplo, ele manteve na pauta apenas os vetos - e encerrou a sessão quando constatou que o quorum estava caindo. Renan deixou de fora, por exemplo, o PLN-5, que trata da alteração da meta de superávit. Esse assunto estava no embate com a oposição e poderia contaminar a apreciação dos vetos, avaliou Renan.
A mudança da meta de superávit já havia sido aprovada pela Comissão de Orçamento, adiantando, assim, o processo no Legislativo. Pelo projeto, em lugar de apresentar superávit, o governo poderá fazer um rombo de quase R$ 120 bilhões no Orçamento deste ano. Essa votação deu tranquilidade ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que comemorou o resultado. "Ele passou a sorrir", brincou um colega.
Levy foi ao Congresso na tarde ontem para conversar sobre as matérias que considera importantes para avançar na busca do equilíbrio fiscal e fez os agradecimentos aos senadores, em reunião no gabinete de Renan Calheiros.
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