O texto leva em conta o princípio da "diferenciação": países desenvolvidos serão mais envolvidos.
Um acordo inédito para lutar contra o aquecimento global, cuja velocidade ameaça o planeta com catástrofes climáticas, foi adotado neste sábado em Paris, sob uma salva de palmas por 195 países, após vários anos de negociações extremamente árduas.
"Estou olhando a sala, vejo que a reação é positiva, não ouço objeções, o acordo de Paris para o clima foi adotado", declarou, bastante comovido, Laurent Fabius, presidente da 21ª Conferência da ONU para o Clima e ministro das Relações Exteriores da França, batendo o martelo no púlpito.
Uma salva de palmas de vários minutos tomou conta da sala de conferências, seis anos após o fiasco da COP15 de Copenhague, que fracassou em selar um acordo parecido.
A embaixadora francesa Laurence Tubiana, braço direito de Laurent Fabius, deu um longo abraço em Christina Figueres, a responsável pelo clima da ONU, antes que o presidente francês, François Hollande, se juntasse a eles na tribuna. Sob gritos de comemoração, todos se cumprimentaram.
Antes de entrar na sessão plenária, o mais importante grupo de países, o G77+China (134 países emergentes e em desenvolvimento), disse estar satisfeito com o texto, que recebeu modificações foram feitas durante a madrugadas.
"Estamos unidos, estamos juntos. Ficamos felizes de voltar a nossos países com este texto", disse à AFP Nozipho Mxakato-Diseko, negociadora sul-africana e porta-voz do G77+China.
"Nós estamos quase no final do caminho e sem dúvidas no início de um outro", declarou Fabius, apresentando o texto. Ele convidou os países a adotarem "um acordo histórico" ao longo de um discurso já carregado de emoção e pontuado por aplausos.
Não houve votação, já que o consenso é necessário no quadro da Convenção do Clima da ONU.
Na manhã deste sábado, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, exortou todos os países a "terminarem o trabalho" e adotarem um pacto contra o aquecimento global.
"O fim está próximo. Vamos terminar o trabalho agora. O mundo está assistindo. Milhões de pessoas dependem de sua sabedoria", declarou Ban aos delegados.
Um 'ponto de virada' para Greenpeace
Refletindo um sentimento compartilhado pelas ONGs ambientalistas, o grupo ambientalista Greenpeace afirmou, antes de sua adoção, que o acordo marca um "ponto de virada" e relega os combustíveis fósseis "ao lado errado da História", afirmou o grupo ambientalista Greenpeace.
"A roda da ação gira lentamente, mas em Paris ela se transformou. O texto coloca claramente a indústria de combustíveis fósseis no lado errado da História", afirmou durante uma coletiva de imprensa o diretor do Greenpeace Internacional, Kumi Naidoo.
O acordo estabelece uma meta de manter o aquecimento global "bem abaixo de 2°C" e pede "esforços contínuos para limitar o aumento em 1,5°C", em relação à era pré-industrial. Um objetivo mais ambicioso do que os 2°C vislumbrados inicialmente, que era ansiosamente exigido pelos países mais vulneráveis.
O projeto de acordo climático propõe um mínimo de 100 bilhões de dólares anuais para os países em desenvolvimento a partir de 2020 para combater o aquecimento global. Este montante deverá ser revisado "o mais tardar em 2025", acrescentou Fabius aos delegados de 195 países reunidos perto de Paris aos apresentar o texto.
O objetivo de alcançar em 2015 um acordo universal juridicamente vinculante foi fixado em 2011 em Durban, na África do Sul. As discussões muitas vezes trabalhosas dos últimos anos culminaram nessas duas semanas no centro de Le Bourget, ao norte de Paris.
No início da 21ª Conferência sobre o clima da ONU, 150 chefes de Estado e de Governo expressaram a urgência de tomar medidas contra um fenômeno que agrava as ondas de calor, secas, inundações, etc... e afeta principalmente os países pobres.
O aumento dos termômetros também ameaça a produtividade agrícola, os recursos marinhos e as reservas de água em muitas regiões. E quanto à subida dos oceanos, põe em perigo os Estados insulares, como Kiribati, e as comunidades costeiras.
Esse pacto, que entra em vigor em 2020, deve acelerar um movimento de redução do uso de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás), promover as energias renováveis ??e modificar o manejo de florestas e terras agrícolas.
O acordo reconhece a importância de dar um preço ao carbono para lutar eficazmente contra o aquecimento global.
"Em 2014, foi a primeira vez que os investimentos em energias renováveis ultrapassaram os em combustíveis fósseis, este movimento deve ser acelerado e o acordo contribuirá para isso", disse Matthieu Orphelin, da Fundação Nicolas Hulot.
Antes da conferência, quase todos os Estados se comprometeram a limitar suas emissões de gases do efeito estufa, mas seus esforços, se materializados, colocam o planeta na rota de um aumento do termômetro global estimada em + 3°C.
Para fazer melhor, o princípio de uma revisão obrigatória desses objetivos nacionais a cada cinco anos foi pautada. Mas o projeto de acordo define que a primeira revisão será apenas em 2025. Muito tarde, criticam as ONGs.
"Com +2°C, o clima já será bastante diferente de hoje", lembra o climatologista Jean Jouzel, "mas 2°C ou menos, é o objetivo que precisamos cumprir se, no final do século, quisermos viver um mundo onde possamos nos adaptar".
O texto leva em conta o princípio da "diferenciação", querendo que os países desenvolvidos sejam mais envolvidos em virtude de sua responsabilidade histórica nas missões de gás de efeito estufa.
Manifestações
Afresco humano, "linha vermelha", minuto de silêncio: milhares de militantes ambientalistas marcaram neste sábado em Paris o final das negociações contra o aquecimento global (COP21) com iniciativas festivas e simbólicas - acompanhadas de perto pela polícia.
Destaque entre os eventos realizados em inúmeros pontos da capital francesa, uma manifestação reuniu 6.500 pessoas de acordo com a polícia, 15.000 segundo os organizadores no gramado do Champ de Mars, no sopé da Torre Eiffel, sob a guarda das forças de segurança.
Enquanto se aguarda a aprovação final do acordo previsto para a COP21, realizada em Le Bourget, ao norte de Paris, os críticos ao projeto fizeram ouvir sua voz num palanque improvisado.
"Li o projeto de acordo final. Este texto, como já era de se esperar, vai nos levar ao desastre. Nossos representantes querem colocar o mundo no seu limite, mas não deixaremos isso acontecer", afirmou a militante anti-globalização canadense Naomi Klein, símbolo dos ambientalistas radicais.
"Nós somos a última geração que poderá impedir o caos climático", protestou outro interlocutor, pedindo para que a multidão presente se mobilize.
Após duras negociações com as autoridades, em alerta por medo de ações de pequenos grupos anti-globalização violentos, os organizadores concordaram com uma dispersão às 13h30 (de Brasília). Na hora marcada, os manifestantes deixaram o Champ de Mars em calma.
No começo do dia, perto do Arco do Triunfo, um longo banner de tecido vermelho simbolizando a "linha vermelha" que não vai ser cruzada nas negociações sobre o clima foi colocado ao longo de toda a avenida de la Grande Armée, do lado oposto à Champs-Elysées.
No local, 3.500 manifestantes, segundo a polícia, se reuniram em uma atmosfera festiva.
Jaquetas vermelhas, chapéus, cachecóis e tulipas vermelhas tinham invadido a calçada. À imagem do ativista que debaixo de um grande guarda-chuva vermelho segurava uma folha com a frase "Je suis Clima".
Na manhã deste sábado, um grande afresco humano também foi realizado por militantes mobilizados nas ruas da capital. Eles conseguiram marcar graças a um sistema GPS através do celular as palavras Clima, Justiça e Paz em pequenos pontos verdes num mapa interativo de Paris (www.climatejusticepeace.org).
LEIA TAMBÉM: Acordo final é submetido aos países da COP21
"Estou olhando a sala, vejo que a reação é positiva, não ouço objeções, o acordo de Paris para o clima foi adotado", declarou, bastante comovido, Laurent Fabius, presidente da 21ª Conferência da ONU para o Clima e ministro das Relações Exteriores da França, batendo o martelo no púlpito.
Uma salva de palmas de vários minutos tomou conta da sala de conferências, seis anos após o fiasco da COP15 de Copenhague, que fracassou em selar um acordo parecido.
A embaixadora francesa Laurence Tubiana, braço direito de Laurent Fabius, deu um longo abraço em Christina Figueres, a responsável pelo clima da ONU, antes que o presidente francês, François Hollande, se juntasse a eles na tribuna. Sob gritos de comemoração, todos se cumprimentaram.
Antes de entrar na sessão plenária, o mais importante grupo de países, o G77+China (134 países emergentes e em desenvolvimento), disse estar satisfeito com o texto, que recebeu modificações foram feitas durante a madrugadas.
"Estamos unidos, estamos juntos. Ficamos felizes de voltar a nossos países com este texto", disse à AFP Nozipho Mxakato-Diseko, negociadora sul-africana e porta-voz do G77+China.
"Nós estamos quase no final do caminho e sem dúvidas no início de um outro", declarou Fabius, apresentando o texto. Ele convidou os países a adotarem "um acordo histórico" ao longo de um discurso já carregado de emoção e pontuado por aplausos.
Não houve votação, já que o consenso é necessário no quadro da Convenção do Clima da ONU.
Na manhã deste sábado, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, exortou todos os países a "terminarem o trabalho" e adotarem um pacto contra o aquecimento global.
"O fim está próximo. Vamos terminar o trabalho agora. O mundo está assistindo. Milhões de pessoas dependem de sua sabedoria", declarou Ban aos delegados.
Um 'ponto de virada' para Greenpeace
Refletindo um sentimento compartilhado pelas ONGs ambientalistas, o grupo ambientalista Greenpeace afirmou, antes de sua adoção, que o acordo marca um "ponto de virada" e relega os combustíveis fósseis "ao lado errado da História", afirmou o grupo ambientalista Greenpeace.
"A roda da ação gira lentamente, mas em Paris ela se transformou. O texto coloca claramente a indústria de combustíveis fósseis no lado errado da História", afirmou durante uma coletiva de imprensa o diretor do Greenpeace Internacional, Kumi Naidoo.
O acordo estabelece uma meta de manter o aquecimento global "bem abaixo de 2°C" e pede "esforços contínuos para limitar o aumento em 1,5°C", em relação à era pré-industrial. Um objetivo mais ambicioso do que os 2°C vislumbrados inicialmente, que era ansiosamente exigido pelos países mais vulneráveis.
O projeto de acordo climático propõe um mínimo de 100 bilhões de dólares anuais para os países em desenvolvimento a partir de 2020 para combater o aquecimento global. Este montante deverá ser revisado "o mais tardar em 2025", acrescentou Fabius aos delegados de 195 países reunidos perto de Paris aos apresentar o texto.
O objetivo de alcançar em 2015 um acordo universal juridicamente vinculante foi fixado em 2011 em Durban, na África do Sul. As discussões muitas vezes trabalhosas dos últimos anos culminaram nessas duas semanas no centro de Le Bourget, ao norte de Paris.
No início da 21ª Conferência sobre o clima da ONU, 150 chefes de Estado e de Governo expressaram a urgência de tomar medidas contra um fenômeno que agrava as ondas de calor, secas, inundações, etc... e afeta principalmente os países pobres.
O aumento dos termômetros também ameaça a produtividade agrícola, os recursos marinhos e as reservas de água em muitas regiões. E quanto à subida dos oceanos, põe em perigo os Estados insulares, como Kiribati, e as comunidades costeiras.
Esse pacto, que entra em vigor em 2020, deve acelerar um movimento de redução do uso de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás), promover as energias renováveis ??e modificar o manejo de florestas e terras agrícolas.
O acordo reconhece a importância de dar um preço ao carbono para lutar eficazmente contra o aquecimento global.
"Em 2014, foi a primeira vez que os investimentos em energias renováveis ultrapassaram os em combustíveis fósseis, este movimento deve ser acelerado e o acordo contribuirá para isso", disse Matthieu Orphelin, da Fundação Nicolas Hulot.
Antes da conferência, quase todos os Estados se comprometeram a limitar suas emissões de gases do efeito estufa, mas seus esforços, se materializados, colocam o planeta na rota de um aumento do termômetro global estimada em + 3°C.
Para fazer melhor, o princípio de uma revisão obrigatória desses objetivos nacionais a cada cinco anos foi pautada. Mas o projeto de acordo define que a primeira revisão será apenas em 2025. Muito tarde, criticam as ONGs.
"Com +2°C, o clima já será bastante diferente de hoje", lembra o climatologista Jean Jouzel, "mas 2°C ou menos, é o objetivo que precisamos cumprir se, no final do século, quisermos viver um mundo onde possamos nos adaptar".
O texto leva em conta o princípio da "diferenciação", querendo que os países desenvolvidos sejam mais envolvidos em virtude de sua responsabilidade histórica nas missões de gás de efeito estufa.
Manifestações
Afresco humano, "linha vermelha", minuto de silêncio: milhares de militantes ambientalistas marcaram neste sábado em Paris o final das negociações contra o aquecimento global (COP21) com iniciativas festivas e simbólicas - acompanhadas de perto pela polícia.
Destaque entre os eventos realizados em inúmeros pontos da capital francesa, uma manifestação reuniu 6.500 pessoas de acordo com a polícia, 15.000 segundo os organizadores no gramado do Champ de Mars, no sopé da Torre Eiffel, sob a guarda das forças de segurança.
Enquanto se aguarda a aprovação final do acordo previsto para a COP21, realizada em Le Bourget, ao norte de Paris, os críticos ao projeto fizeram ouvir sua voz num palanque improvisado.
"Li o projeto de acordo final. Este texto, como já era de se esperar, vai nos levar ao desastre. Nossos representantes querem colocar o mundo no seu limite, mas não deixaremos isso acontecer", afirmou a militante anti-globalização canadense Naomi Klein, símbolo dos ambientalistas radicais.
"Nós somos a última geração que poderá impedir o caos climático", protestou outro interlocutor, pedindo para que a multidão presente se mobilize.
Após duras negociações com as autoridades, em alerta por medo de ações de pequenos grupos anti-globalização violentos, os organizadores concordaram com uma dispersão às 13h30 (de Brasília). Na hora marcada, os manifestantes deixaram o Champ de Mars em calma.
No começo do dia, perto do Arco do Triunfo, um longo banner de tecido vermelho simbolizando a "linha vermelha" que não vai ser cruzada nas negociações sobre o clima foi colocado ao longo de toda a avenida de la Grande Armée, do lado oposto à Champs-Elysées.
No local, 3.500 manifestantes, segundo a polícia, se reuniram em uma atmosfera festiva.
Jaquetas vermelhas, chapéus, cachecóis e tulipas vermelhas tinham invadido a calçada. À imagem do ativista que debaixo de um grande guarda-chuva vermelho segurava uma folha com a frase "Je suis Clima".
Na manhã deste sábado, um grande afresco humano também foi realizado por militantes mobilizados nas ruas da capital. Eles conseguiram marcar graças a um sistema GPS através do celular as palavras Clima, Justiça e Paz em pequenos pontos verdes num mapa interativo de Paris (www.climatejusticepeace.org).
LEIA TAMBÉM: Acordo final é submetido aos países da COP21
AFP
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