terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Patriarca Laham: ajuda à cidade de Madaya nas mãos de terroristas

 Rádio Vaticana

Roma (RV) - Madaya é uma cidade “refém” de grupos armados e terroristas, como também de membros do autoproclamado Estado islâmico, que usam civis “como escudos humanos”. É o que afirma à agência AsiaNews, o Patriarca Melquita Gregório III Laham, que destaca que na cidade síria disputada entre o governo e rebeldes vivem “20 mil, e não 40 mil pessoas, como escreveram ao meios de comunicação nestes dias”. “Nós, como Igreja, não temos acesso a esta cidade - acrescenta -, mas sabemos que enviar ajuda é arriscado, porque muitas vezes acabam nas mãos, como já ocorreu em outras partes, de grupos criminosos e terroristas”.

Risco para 400 mil sírios assediados em 15 diferentes lugares

Hoje na Síria cerca de 4,5 milhões de pessoas vivem em áreas disputadas e de difícil acesso para as agências humanitárias, incluindo pelo menos 400 mil em 15 localidades diferentes assediadas; pessoas que vivem em condições de extrema necessidade e sem a oportunidade de receber auxílio. Entre elas está Madaya, a 25 km ao noroeste de Damasco e apenas 11 quilômetros da fronteira com o Líbano; desde julho do ano passado a área está cercada por forças do governo, apoiadas por aliados xiitas libaneses de Hezbollah. Embora não existam dados atualizados sobre o número de vítimas, fontes de Médicos Sem Fronteiras (MSF) informaram que somente no último mês de dezembro teriam perdido a vida pelo menos 23 pessoas. Funcionários da ONU falam de testemunhos críveis de pessoas que morreram de fome e de outros que morreram enquanto tentavam fugir da área.

Partiram para Madaya os primeiros socorros

Nesta segunda-feira (11), depois de uma longa espera, um comboio carregado com gêneros alimentícios partiu para Madaya, com alimentos para pelo menos 20 mil pessoas durante um mês. Desde outubro do ano passado a população não recebe ajuda e os preços dos alimentos, quase impossíveis de serem encontrados, foram às estrelas, com um litro de leite sendo vendido no mercado negro por 200 dólares. Nos próximos dias deverão chegar à cidade também medicamentos e outros bens essenciais.

As ajudas podem acabar nas mãos de terroristas e grupos armados

O Patriarca de Antioquia e de todo o Oriente, Gregory III, disse à AsiaNews que, em situações como a de Madaya, é necessário ter cuidado no envio de ajudas porque “correm o risco de acabar nas mãos de terroristas, e não da população”. A situação da cidade é muito semelhante à vivida em Yarmouk, que no passado o Núncio Apostólico em Damasco tinha definido uma “vergonha” consumida no silêncio da comunidade internacional. “Se entrarem alimentos - explica sua beatitude - o risco é que vão ser confiscados. O problema é complicado, aqui não se trata apenas do governo que não deixa entrar ajuda, mas é um crime que continua em detrimento dos mais fracos. É a guerra dos grandes que sempre faz vítimas entre os pequenos”.

Escutar o apelo à paz do Papa Francisco

A esperança, prossegue o Patriarca, é que a ajuda enviada hoje “chegue à população”. Ao governo e à oposição “renovamos, como Igreja, o apelo para não se esquecer do ser humano, da vida, que deve ser tutelada e protegida”. A esperança é que se mova o quanto antes a diplomacia internacional e que a resolução para a paz na Síria votada em Nova Iorque “tome forma”, ainda que a crise entre o Irã e a Arábia Saudita “complique a situação”. Neste contexto de guerra e violência, conclui, “assume ainda mais valor o Ano da Misericórdia do Papa Francisco”, porque recorda às pessoas que “não se deve deixar apagar o fogo da esperança, que se deve rezar e trabalhar pela paz e reconciliação”. (SP)

(from Vatican Radio)

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