quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

A Porta Santa da Misericórdia

Aloísio Parreiras*

Na Bula de proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, o Papa Francisco expressou o desejo de que muitas pessoas redescubram o alcance da misericórdia divina no Ano Jubilar. Entre outras sugestões, ele orientou para que em muitas basílicas e igrejas fosse aberta uma porta da misericórdia, “onde qualquer pessoa que entre poderá experimentar o amor de Deus que consola, perdoa e dá esperança”.  (Papa Francisco, Bula Misericordiae vultus, nº 3).
A Porta da Misericórdia é uma Porta Santa especial, um sinal visível do amor de Deus e, por isso, de alguma forma, permite aos fiéis, que por ela adentrarem, realizar a experiência plena da misericórdia do Pai, por meio da recepção de uma indulgência. A primeira Porta Santa deste Ano Jubilar foi aberta, extraordinariamente, pelo Papa Francisco na Catedral de Bangui, na República Centro-Africana, no dia 29 de novembro de 2015. Posteriormente, no dia 8 de dezembro, na abertura do Ano da Misericórdia, o Papa abriu a Porta Santa na Basílica de São Pedro. Cada uma das quatro Basílicas papais de Roma (São Pedro no Vaticano, São João de Latrão, Santa Maria Maior e São Paulo Extra muros) tem uma Porta Santa.

Em nossa Arquidiocese foram abertas duas Portas Santas: na Catedral de Brasília e no Santuário do Menino Jesus de Praga, em Brazlândia. A Porta Santa permanece aberta a todos, pois ela é a imagem de Cristo que disse: “Eu sou a Porta!” (Jo 10,9). A passagem pela Porta Santa requer de nós uma atitude interior e as devidas disposições de sermos melhores na vivência da fé e da santidade. “Atravessar a Porta Santa é o sinal da nossa confiança no Senhor Jesus que não veio para julgar, mas para salvar”. (Papa Francisco, Audiência em 16 de dezembro de 2015). Por isso, uma das exigências para alcançarmos a indulgência é a participação no Sacramento da Reconciliação, pois, quando batemos na porta do coração de Cristo suplicando perdão, Ele nos acolhe, perdoa, restaura e revigora. Ao final da confissão, certamente, reforçaremos em nossa memória a certeza de que a única porta que conduz à salvação é Jesus Cristo, o rosto misericordioso do Pai. Por conseguinte, o sacerdote, após a confissão, poderá nos dar a seguinte penitência: “Anuncia-lhes tudo o que fez por ti o Senhor na Sua misericórdia” (Mc 5, 19).

Quando atravessamos a Porta Santa da Misericórdia, nós percebemos que Cristo conta conosco para manifestar a Sua misericórdia ao nosso próximo e, por isso, reforçamos os nossos bons propósitos de incrementarmos o nosso exercício das obras de misericórdia corporais e espirituais. “Não teria muita eficácia o Ano Santo se a porta do nosso coração não deixasse passar Cristo que nos leva a ir rumo aos outros, para levá-Lo e levar o Seu amor.” (Papa Francisco, Audiência em 16 de dezembro de 2015).

Na vigência deste Ano Jubilar, nós somos convidados, individualmente ou comunitariamente, a atravessarmos a Porta Santa da Misericórdia diversas vezes. Para facilitar a peregrinação das comunidades e das paróquias à Porta Santa da Catedral, foi estabelecido que, aos Domingos, às 10h30, a Santa Missa será de acolhida dos peregrinos e de suas comunidades. Participando dessa iniciativa, na Igreja Mãe de nossa Arquidiocese, nós perceberemos que este Ano da Misericórdia que estamos a viver constitui uma ocasião propícia para intensificarmos o serviço da misericórdia nas nossas comunidades eclesiais, de modo que cada um seja bom samaritano para o outro, para quem vive ao nosso lado. Deste modo, iremos perceber que “se abrirmos a porta a Jesus, se deixarmos que Ele esteja dentro da nossa história, se partilharmos com Ele as alegrias e os sofrimentos, experimentaremos uma paz e uma alegria que só Deus, amor infinito, pode dar” (Mensagem do Papa Francisco para a XXIX JMJ).

Quando atravessamos a Porta Santa da Misericórdia, devemos sentir que Deus não fecha as portas da salvação a ninguém, pois Ele é misericordioso. Devemos sentir também a suavidade do perdão de Cristo e a Sua presença em nosso meio, sobretudo nos momentos de maior necessidade. Olhando para o Pai misericordioso que escancara a Sua misericórdia para nós, aprendamos a escancarar a porta do nosso coração, por meio da acolhida e do perdão aos nossos coetâneos. Atravessemos o limiar da Porta Santa, professando: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna!” (Jo 6, 68). Ou ainda: Esteja sempre conosco, ó Senhor, a Tua misericórdia; em Ti, nós esperamos!
Rezemos, neste Ano da Misericórdia, para que Cristo revele o Seu rosto misericordioso a todos aqueles que O buscam com coração sincero. “Ele é a porta. Ele é a passagem para a salvação. Ele nos conduz ao Pai. E a porta, que é Jesus, nunca está fechada, não está fechada nunca, está sempre aberta a todos, sem distinção, sem exclusão, sem privilégio”. (Papa Francisco, Ângelus em 25 de agosto de 2013). Por isso, quando passarmos pela Porta Santa, reforcemos nosso compromisso com o anúncio do Evangelho, da Misericórdia, da Verdade e do Bem e sintamos, em nossos corações, a companhia da Virgem Maria Santa, a Mãe da Misericórdia, que nos ensina a cantar as misericórdias de Deus em nossa história com renovada justiça e esperança.
*Escritor e membro do Movimento de Emaús, Arquidiocese de Brasília

Nenhum comentário:

Postar um comentário