quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Conversão, misericórdia e fraternidade

Começa a Quaresma e com ela nossa caminhada com Jesus, para celebrar a Páscoa.
Por Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena*

Começa a Quaresma e com ela nossa caminhada com Jesus, para celebrar a Páscoa. É tempo especial de conversão, misericórdia e fraternidade. Na Quarta-feira de Cinzas, ao receber as Cinzas, ouvimos o convite de Jesus: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). A atitude de conversão deve ser vivida através da oração, da penitência e da caridade. A oração, como encontro pessoal com o Senhor, abreviando as distâncias criadas pelo pecado; a penitência, para nos libertarmos das dependências daquilo que passa e para procurarmos ser mais sensíveis e misericordiosos; e, a caridade, acolher quantos têm necessidade do nosso tempo, da nossa amizade e da nossa ajuda. Jesus nos chama a viver a oração, a caridade e a penitência com coerência. 

A cor roxa utilizada neste tempo litúrgico possui significado penitencial. Ela é sinal e recordação de penitência que integra o processo de conversão a que todos somos chamados a viver na misericórdia. O esforço de superação do pecado sempre comporta renúncias e sacrifícios; o mesmo ocorre quando se busca o crescimento na vida cristã, como a vivência do amor fraterno. 
Nesta Quaresma do Ano Santo da Misericórdia somos chamados a buscar, ainda mais, a misericórdia de Deus, por meio da oração e do sacramento da Reconciliação. A misericórdia de Deus transforma o coração de cada pessoa e faz-lhe experimentar um amor fiel, tornando-o assim, por sua vez, capaz de misericórdia. 
O Evangelho deste primeiro domingo da Quaresma, apresenta-nos as tentações de Jesus no deserto, segundo Lucas (Lc 4,1-13), levando-nos a refletir sobre as tentações encontradas no mundo de hoje. A pedra, a ser mudada em pão, faz pensar na tentação de acumular e consumir bens materiais. A referência aos reinos da terra expressa a tentação do poder e glória deste mundo. O lançar-se do alto do templo para ser socorrido de forma espetacular corresponde a tentação da fama e de coisas grandiosas. Outras tentações, hoje existentes, podem ser recordadas. Contudo, o Evangelho não quer apenas falar e advertir a respeito das tentações. Pretende, acima de tudo, nos transmitir a certeza da vitória de Cristo e daqueles que, unidos a Cristo, lutam para vencer as tentações, alcançando com ele a vitória, a verdadeira libertação.
Desde quarta-feira de cinzas, em todo o Brasil, realiza-se a Campanha da Fraternidade. Ela está intimamente relacionada à Quaresma, como um exercício intensivo de amor fraterno e como meio de conversão, a fim de alcançarmos a misericórdia. A cada ano, toma-se um aspecto da vida em que a fraternidade necessita ser vivenciada com especial atenção e empenho pessoal e comunitário. Neste ano, a Campanha da Fraternidade é ecumênica, pois está sendo assumida em conjunto com o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC). O seu tema é “Casa comum, nossa responsabilidade”, ressaltando o cuidado responsável pela Criação e o direito ao saneamento básico para todos. O lema dessa Campanha é extraído da profecia de Amós: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24). Assumir o cuidado com a Casa Comum reascende a esperança de um novo céu e uma nova terra onde habitam a justiça e o direito. Caminhemos com Jesus, para celebrar a vida.

CNBB
*Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena é bispo de Guarabira (PB).

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