Igreja católica é uma instituição eminentemente conservadora
Em recente “carta aberta”, sem a assinatura de nenhum bispo, a Cáritas pretende alertar o povo brasileiro contra o que ela considera “(…) as últimas ações de setores conservadores, incluindo os meios de comunicação (…).” No entender do referido órgão eclesiástico, “estamos presenciando o mesmo discurso de combate à corrupção propagado pelos meios de comunicação às vésperas do golpe de 1964.”
Primeiramente, é bom lembrar que a Igreja católica é uma instituição eminentemente conservadora, pois Cristo fundou-a para que o evangelho se conservasse ou se preservasse puro, estreme de heresias. Assim, nada mais lógico que, em 1964, a jerarquia e o laicato se pusessem contra o comunismo ateu, conforme expendi em artigo publicado dias atrás (https://pt.zenit.org/articles/marcha-da-familia-com-deus-pela-liberdade/).
Consoante notória e mansa doutrina do Concílio Vaticano II, não compete ao clero (bispos, presbíteros e diáconos) manifestar-se sobre a “política concreta”, de cada situação peculiar. Este mister pertence aos leigos, como dissertei em análise veiculada há alguns dias (https://pt.zenit.org/articles/os-bispos-nestes-dias-de-angustia-nacional-precisam-repetir-os-ensinamentos-da-moral-crista-ad-nauseam/). Por exemplo, são João Paulo II, arrimado na Doutrina Social da Igreja, em discursos e encíclicas, amiúde advogou a imperiosidade de uma reforma agrária, sem embargo, o santo nunca quis ensinar país nenhum como pôr em prática a tal reforma.
As diatribes da Cáritas contra os “conservadores”, declinadas na aludida “carta aberta”,sem o autógrafo de nenhum bispo, parecem inconsistentes e injustas, pois não levam em conta que a democracia implica a oitiva de todos os setores da sociedade, e não só da esquerda de color marxista. Percebe-se quão urgente se revela uma redobrada atenção para com os leigos, assunto a ser debatido na próxima assembleia da CNBB, a teor da minha reflexão exibida neste portal (https://pt.zenit.org/articles/diga-se-um-grande-nao-a-clericalizacao-do-leigo/).
Neste momento de trauma nacional, a Igreja interviria através do leigo, houvesse bastantes leigos capacitados, devidamente apetrechados na Doutrina Social da Igreja. São os leigos-políticos, leigos-juízes, leigos- promotores, enfim, os leigos que ocupam os altos escalões do poder, que têm de atuar em favor da mantença das instituições do Estado democrático de direito. Do clero, máxime dos sucessores dos apóstolos, nesta fase conturbada da história, espera-se a explanação dos inconcussos princípios gerais da moral social cristã, expostos oportuna e inoportunamente ao povo de Deus e aos cidadãos de boa vontade.
Zenit
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