sexta-feira, 15 de abril de 2016

Dois anos do sequestro: um minuto de oração por meninas levadas pelo Boko Haram


APARECIDA, 14 Abr. 16 / 01:00 pm (ACI).- Há dois anos, em 14 de abril de 2014, 256 meninas foram sequestradas pelo Boko Haram em uma escola secundária em Chibok, na Nigéria. Em visita ao Brasil, o Arcebispo de Jos e presidente da Conferência Episcopal da Nigéria, Dom Ignatius Kaiagama, lembrou este drama e a realidade dos cristãos que sofrem com a perseguição do grupo terrorista em seu país.

Dom Kaiagama veio ao Brasil a convite da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) e teve a oportunidade de relatar a situação da Nigéria durante a 54ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que acontece em Aparecida (SP).

Antes do encontro com os Prelados brasileiros, Dom Kaiagama afirmou à Fundação ACN que não há qualquer notícia sobre o “paradeiro das meninas” e pediu que cada pessoa dedique “um minuto de oração” por essas jovens.

Ele recordou que essas meninas caíram nas mãos de um grupo terrorista “que viola, tortura”, submete os seus prisioneiros “à fome, ao isolamento, ao casamento forçado e à conversão ao islã”.

Pouco tempo após o sequestro, 57 destas meninas conseguiram escapar. Em relação às outras 219, permanecem em lugar incerto sob o controlo do Boko Haram. O caso mobilizou pessoas de todo o mundo na campanha #BringBackOurGirls (Tragam de volta nossas meninas).

Nesta quarta-feira, 13, a emissora americana CNN transmitiu um vídeo no qual aparecem 15 dessas meninas sequestradas. A gravação, que teria sido feita em 25 de dezembro do ano passado, foi enviada pelos terroristas às autoridades como “prova de vida” das moças.

Nas imagens, elas aparecem usando vestes islâmicas e cobrindo as cabeças, dizem que estão bem e pedem que governo nigeriano coopere com o Boko Haram para sua soltura. Segundo informou a mídia internacional nos últimos dias, o grupo terrorista divulgou pela primeira vez um pedido de resgate de 50 milhões de euros pela libertação das jovens.

Relato aos Bispos brasileiros

O presidente da Conferência Episcopal da Nigéria, Dom Ignatius Kaiagama, falou aos Bispos brasileiros reunidos em Assembleia, na quarta-feira, 13. Ele relatou o drama que vivem em seu país, pedindo a solidariedade fraterna à situação dos cristãos perseguidos.

“Quando falo às pessoas vejo que não há informações suficientes sobre nós. Muitos não têm ideia do que acontece do outro lado do mundo”, disse o Prelado, segundo o site da CNBB.

De acordo com o Arcebispo, a Nigéria enfrenta “o extremismo religioso, promovido pelo grupo Boko Haram, islâmico terrorista, e o problema de conflitos étnicos no país. A pobreza é a consequência destes dois problemas”.

Em um país onde há apenas 54 Dioceses e menos de 70 Bispos, Dom Kaiagama contou que “há, inclusive, um caso de uma Diocese que rejeitou o próprio bispo, por ele não possuir a mesma etnia”.

“A Conferência dos Bispos da Nigéria é a voz dos que não têm voz”, assinalou.

O Arcebispo de Jos expôs como é a situação enfrentada no país diante da atuação do Boko Haram, grupo que jurou lealdade ao também grupo terrorista Estado Islâmico (ISIS), e que procura a instauração de um califado nas regiões que controla no norte da Nigéria.

“Além de castigar e matar os cristãos – relatou –, o grupo terrorista islâmico ataca os próprios mulçumanos, dificultando os seus momentos de oração”.

Segundo ele, duas dioceses já foram atingidas pelas atividades do grupo.  “Atualmente, centenas de milhares de pessoas estão desalojadas. Conventos e paróquias foram fechados. O Seminário menor foi queimado. A minha Igreja, na Arquidiocese de Jos, foi atacada e muitas pessoas foram mortas”, denunciou.

Conforme assinala o site da CNBB, o Prelado ressaltou que neste contexto, muitos muçulmanos são abertos ao diálogo e são moderados. Mas, quanto ao Boko Haram, reforçou que se trata de um grupo irracional e insensível, indisposto ao diálogo.

“Muitos cristãos têm a tentação de querer lutar com os mulçumanos quando tentamos proteger a nossa fé e a identidade cristã. Não podemos nos fechar em nós mesmos”, completou.

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