A Comissão de Comércio do Senado dos Estados Unidos já pediu ao Facebook para fornecer um relatório completo de como a empresa opera
Foi em meados de 2014, quando se deu a conhecer que o Facebook tinha realizado em 2012 um experimento sem o consentimento de seus usuários: seus pesquisadores alteraram o tipo de conteúdos dos murais de 690.000 pessoas a fim de conhecer as reações emotivas dos seus cadastrados. A alguns perfis mostrou-se somente publicações positivas e a outros só negativas.
Os resultados do estudo foram publicados no final de junho de 2014 no Proceedings of the National Academy of Science e mostraram que as pessoas expostas a conteúdos negativos eram mais propensas a publicar coisas negativas enquanto que ficaram mais otimistas com as suas publicações aqueles que viam nos seus murais notícias positivas. O experimento, portanto, demonstrou que Facebook é capaz de mudar o estado emocional dos seus usuários.
E se em vez de emoções fossem certas ideias ou opiniões políticas ou sócio-religiosas? Na segunda-feira, 09 de maio de 2016, a web Gizmodo.com denunciou o caso: Facebook altera os resultados nos murais dos usuários controlando que o tipo de informações recebidas como “tendências” sejam sempre as progressistas (cf. Former Facebook Workers: We Routinely Suppressed Conservative News).
O “modus operandi” foi revelado por ex-funcionários (News curators) que disseram que foram obrigados a tapar notícias conservadoras e destacar as progressistas; afirmaram que recebiam ordens de destacar só as notícias progressistas na área de “tendências” (trending News) da rede social.
Logo um porta-voz do Facebook afirmou que as diretrizes da empresa não permitiam a supressão de determinado tipo de ideias, mas não desmentiu que alguns empregados poderiam seguir o próprio critério na hora de selecionar quais sim e quais não aparecem nos murais dos usuários como notícia relevante.
Poucos dias depois, na quarta-feira 18 de maio, Marc Zuckerber reuniu-se com representantes de 15 meios de comunicação conservadores da União Americana no contexto das revelações de alguns dos seus ex-funcionários.
Em sua fanpage o fundador do Facebook, observou que os conservadores eram um segmento demográfico importante para o Facebook e reconheceu que as recentes notícias haviam enfraquecido a confiança dos meios conservadores à sua rede social. “Acho que o Facebook entende que existe um problema”, disse Brent Bozell, presidente do Media Research Center, nas declarações citadas pelos Los Angeles Times («Mark Zuckerberg says many conservatives don’t trust Facebook to show ‘content without a political bias’», 18.05.2016).
Não é a primeira vez que o Facebook está envolvido em casos de viés ideológico. O estudo «True Liberty in a New Media Age: An Examination of the Threat of Anti-Christian Censorship and Other Viewpoint Discrimination on New Media Platforms» (“Liberdade Verdadeira em uma Nova Era Midiática: Análise da Ameaça da Censura Anticristã e da Discriminação de outras Opiniões nas Novas Plataformas de Mídias”) mostra precisamente como o Facebook bloqueia opiniões cristãs não ofensivas e mantém sem censura páginas ou publicações manifesta e grosseiramente anti-cristãs.
Um exemplo concreto é o que aconteceu com o autor deste artigo: na sexta-feira, 20 de maio de 2016 publiquei um post que textualmente dizia: “No México o presidente quer impor o gaymônio. Convido-vos a assinar isso”, e em seguida vinha um link. No sábado 21 de maio a rede social me relatava que havia bloqueado por ter infringido as normas da comunidade.
Não é irrelevante que o Facebook se posicione a favor ou contra, exibindo ou ocultando, determinando tipo de conteúdos tendo em conta que não é um meio editorial, mas um distribuidor de conteúdos. E é justamente aqui onde reside o preocupante do assunto. Que na “culture war” Facebook tome partido e mostre um viés ideológico deve ser um aviso: por um lado, não acreditar que o importante que aparece na rede social realmente o seja e, por outro lado, para não perder de vista que quando um meio de comunicação toma partido implica para o usuário o ter que também tomar partido por essa ou outra rede social afim às suas ideias.
Felizmente a Comissão de Comércio do senado dos Estados Unidos já pediu para o Facebook fornecer um relato completo de como a empresa opera a alimentação de notícias. No fundo, se trata de um problema de transparência. Zenit
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