Artigo da Arquidiocese de Fortaleza •
Pe. Brendan Coleman Mc Donald*
De que a mentalidade individualista alastrou-se para o campo da religião não há mais dúvida. Hoje um indivíduo escolhe sua religião, ou religiões, num contexto pluralista. Embora sendo membro de uma instituição religiosa, há certa tendência de escolher crenças, ritos e normas que lhe agrade subjetivamente, resultando assim numa adesão parcial ou fraca à sua instituição religiosa de origem. Há também pessoas adeptos do sincretismo onde procuram construir sua própria religião composto de fragmentos e práticas de várias religiões. Aumenta vertiginosamente o número de pessoas que não pertence a nenhuma instituição religiosa e, portanto, não há uma manifestação religiosa exterior. O número de ateus aumentou como também os adeptos às práticas esotéricas baseadas em doutrinas que entram em choque frontal com o cristianismo.
É notória hoje a tendência à inversão de sentido da experiência religiosa. Quer dizer, a religião em lugar de ser uma forma de reconhecimento, adoração, louvor e entrega ao Criador, é vista numa ótica utilitarista onde o crente busca bem-estar interior, cura de males ou doenças, sucesso na vida dos negócios e prosperidade etc. A chamada “teologia da prosperidade” é muita procurada por pessoas hoje em dia e explorada pela mídia. A meu ver, esta falsa teologia está banalizando a religião a reduzindo ao um mero espetáculo para entretenimento do público. Em nossa sociedade laicista crescem também a tendência de considerar religião como assunto privado e achar manifestações públicas em matéria de moral e ética inoportunas.
Infiltrou também em novas religiões, influenciada por certas escolas psicológicas, a crença que todos são inocentes e bons e ninguém deve sentir pecador ou culpado. Porém, mais nocivo ainda são as religiões que atribuem toda culpa aos demônios, espíritos malignos, encostos, possessão demoníaco etc. assim enganando pessoas simples e de pouca instrução formal. Finalmente, crescem movimentos religiosos autônomos através de proselitismo televisivo, enganando muitas pessoas com a chamada “teologia da prosperidade” que deturpa textos bíblicos. Realmente é fácil ver o crescimento hoje do individualismo e subjetivismo na área de religião no Brasil.
*Redentorista e Assessor da CNBB Reg. NE1
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