ENTREVISTA ao embaixador Francisco José Otonelli. Esclarece detalhes sobre um acordo em andamento entre a Biblioteca Nacional do Uruguai e a do Vaticano
No Uruguai passou-se de um laicismo a uma laicidade melhor entendida, como separação da Igreja do Estado, mas não como uma ideologia laica. Assim garantiu nesta terça-feira o embaixador do Uruguai junto à Santa Sé, Francisco José Ottonelli, conversando com ZENIT depois da apresentação do novo portal de ANSA América Latina, na sede do Instituto Ítalo Latino Americano.
Sobre a ideia do Uruguai como um estado ideologicamente laicista, disse que “não é assim”. Acrescentou que “influenciou muito em determinado momento no Uruguai a ideologia do Partido Colorado, eu embora muito respeitoso do direito das pessoas mantém uma distância com relação às ideias religiosas”, e acrescentou: “falo-o com grande respeito porque têm o seu direito de pensar dessa forma”.
Destacou que a figura de um dos fundadores do Partido Colorado, José Batlle y Ordóñez, “levou um pouco a essa tendência e não valorizou devidamente a influência das religiões”. Além do mais porque nessa época “via-se a Igreja como algo ligado à Espanha e isso foi negativo em um momento muito difícil”.
O embaixador também observou a existência de outros partidos como “o Nacional e o Frente Amplo, que têm muito respeito pela religião, sem uma concepção anticlerical, e com um respeito muito grande de que existam as igrejas e as relações com estas. E não somente com a católica, mas no geral com todas as que estão no Uruguai”.
Para corroborar descreveu como “interessante” o fato de que “neste momento uma religião afro-descendente apresentou um projeto que no Uruguai se dedique uma jornada ao diálogo inter-religioso, embora já haja muito diálogo entre as religiões”. Além do mais, garantiu que há muita tranquilidade e respeito no ambiente e nas relações entre entidades políticas e religiosas.
Não somente existe respeito “mas há o exercício de uma mudança de informação. Além do mais as religiões vão se inserindo e conhecendo a sociedade e influindo nela”. Neste sentido destacou que “agora quando se discute um tema social no Parlamento se chama às diversas religiões para saber o que opinam sobre o tema. E isso beneficia a todos”.
O embaixador Otonelli afirmou hoje em dia “as relações com a Santa Sé são excelentes”. E observou que, como embaixador, está buscando “um acordo entre a Biblioteca do Vaticano e a Biblioteca Nacional do Uruguai. E que em poucas semanas chega em Roma o seu diretor e ficará por algumas semanas para ver as tarefas realizadas lá e compartilhar formas de trabalhar”.
Sobre a figura do Papa Francisco disse que “Estamos impressionados com a figura do Papa, que conhece muito o mundo no qual se move, que contribui muito, exige e às vezes também critica muito suavemente. E isso é bom porque favorece o respeito recíproco e o intercâmbio das culturas”. Zenit
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