Teatro da Cidade corre o risco de fechar por falta de gestores políticos competentes.
Jonas Bloch: "o Teatro da Cidade é um viveiro de talentos dirigido por Pedro Paulo Cava".
Por Jonas Bloch*
Belo Horizonte, anos 60. Eu, junto com Jota Dangelo, produzíamos teatro febrilmente. Teatro adulto, infantil, shows. Fazíamos de tudo. Dirigindo, atuando, fazendo cenários, figurinos, iluminação, trilhas sonoras.
Nosso grupo, o Teatro Experimental, precisava de mais gente, era preciso formar atores e técnicos.
Abrimos as portas do grupo e demos um curso de Teatro, com a esperança de que aparecessem novos companheiros, tão apaixonados pelo Teatro como nós.
E foi desta forma que surgiram talentos, como Carlos Alberto Ratton, que se tornou ótimo autor, Arildo de Barros, que integra o grupo Galpão, e Pedro Paulo Cava, um dos mais promissores, que revelava uma base ideológica, uma garra, um empenho que, para nós, estava claro que se tornaria um artista importante para a cena mineira. E não estávamos enganados.
Pedro demonstrou, logo de início, que veio para ficar. Numa Belo Horizonte tão pouco generosa com seus artistas de Teatro, a trajetória de Pedro Paulo é heroica. Durante todos esses 50 anos, com uma tenacidade admirável, ele montou um repertório de alto nível, sem se curvar aos apelos do mercado.
Construiu o Teatro da Cidade, numa época em que havia carência de bons espaços. Fez adaptações, como a de “Mulheres de Hollanda”, aplaudida com entusiasmo em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro. Deu oportunidade a novos atores, ensinou em Universidades, semeou o Teatro em uma terra árida, onde só poderia germinar com um trabalho de alguém cheio de determinação.
Torço para que surja um gestor político que o reconheça, apoie e não deixe o nosso Teatro da Cidade fechar as portas.
Belo Horizonte deve muito a Pedro Paulo Cava.
*Jonas Bloch é ator e diretor
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