Padre Geovane Saraiva*
Jesus nos indica o caminho da
verdade e da vida, através dele mesmo, ao se encarnar e entrar no mundo,
realizando a vontade do Pai. Daí a importância de olhar para a grandeza do
homem que se alimentava de gafanhotos e mel da selva, figura humana e divina
que recebeu o maior de todos os elogios do seu Mestre e Senhor, no que Ele
afirmou: “Dos nascidos de mulher, ninguém é maior que João Batista” (Mt, 11,
11). É no mistério indizível de Deus que é possível compreender a brutalidade e
crueldade do crime, de uma pessoa que morreu ao testemunhar sua fé, ao
denunciar mentiras e injustiças, concretamente na figura de João Batista. Sua
morte faz-nos lembrar de todas as pessoas que, pela causa do Evangelho,
conscientes de suas consequências, numa confiança inabalável, perderam e perdem
a vida (cf. Mc 6, 17-29).

Nossa atenção, no dia 29 de
agosto, se volta para João Batista, filho do sacerdote Zacarias e de Isabel,
conhecido como o “precursor” de Cristo pela palavra e pela vida (cf. Mc 17,
29). Tendo nascido seis meses antes do Messias de Deus, não exerceu função
sacerdotal, a exemplo do seu pai Zacarias, mas foi mostrado ao mundo como
pregador, como um homem que desempenhou bem sua função, anunciando um batismo
de penitência para o perdão dos pecados. Seu grande trunfo encontrava-se na
vinda do Salvador da humanidade. Sua vocação profética, desde o ventre materno,
reveste-se de algo extraordinário, repleto de júbilo messiânico, ao preparar o
nascimento do Salvador da humanidade.
Um homem foi enviado por Deus, e
o seu nome se chamava João. O Evangelho de São João, logo no início, depois do
prólogo, trata do batismo realizado por João no Rio Jordão, batizando o autor
do batismo, tendo como ponto alto o seu encontro com Jesus, pois, ao vê-lo
passar, reconhece-o e expressa deste modo: “Eis o Cordeiro de Deus, aquele que
tira o pecado do mundo” (cf. Jo 1, 29).
É nesse sentido que olhamos com
amor e carinho para a figura de João Batista, o maior de todos os profetas, que
foi imolado sem alarde e sem julgamento, vítima de maldades e intrigas na Corte
Real. Sua morte brutal e violenta nos faz pensar na nossa missão de batizados,
anunciadores de novos tempos, numa mística que deveria ser profundamente
marcada de coragem e esperança, personificada nos seres humanos, na aspiração e
no compromisso com um mundo verdadeiramente de irmãos, numa Igreja com rosto
pascal. O batismo de penitência que o acompanhou no anúncio prefigura o batismo
segundo o Espírito, no sentido de que as pessoas abracem a fé, transformando-se
em criaturas novas.
Para vivermos bem e realizados, é
necessário que se faça o seguimento de Jesus de Nazaré, que tem origem no seu
projeto de amor para conosco, a partir do exigente anúncio do “precursor”,
realizado através da experiência central e decisiva, na obediência ao projeto
do Pai em favor da humanidade, no exemplo doloroso supracitado, na acolhida da
bela e indispensável missão de testemunhá-lo como luz e acolhê-lo no íntimo do
coração. Amém!
*Pároco de Santo Afonso e vice-presidente da
Previdência Sacerdotal, integra a Academia Metropolitana de Letras
de Fortaleza - geovanesaraiva@gmail.com
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