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A nova versão tenta modernizar a história de "Ben-Hur: Uma História do Cristo".
Cena do filme "Ben-Hur: Uma História do Cristo", dirigida pelo russo-cazaque Timur Bekmambetov.
Por Nayara Reynaud
Dirigida pelo russo-cazaque Timur Bekmambetov, a nova versão tenta modernizar a história de "Ben-Hur: Uma História do Cristo", romance de Lew Wallace, publicado em 1880. Essa era, aliás, a mesma tarefa da produção premiada há quase sessenta anos. No entanto, a desconfiança diante do novo longa acaba ajudando-o a despertar um sentimento inverso: o da surpresa pelo interessante resultado entregue, apesar de irregular.
A trama começa com o acidente de Judah Ben-Hur (Jack Huston), só citado no anterior, para ajudar a compor o foco no relacionamento do nobre judeu com seu irmão Messala Severo (Toby Kebbell), um romano adotado pelo pai dele, governador da Judeia. A forte ligação entre eles também revela a competição que já existia desde a juventude e o quanto o afastamento do segundo, que se perde em campos de batalha, vai influenciar na oposição entre um e outro, quando Messala volta como oficial do Império Romano que domina a região.
Se dentro das duas horas do novo filme não cabem os grandes diálogos das mais de três horas e quarenta da antiga produção, este Judah se mostra mais simpatizante da revolta dos judeus pela dominação estrangeira. O roteiro de Keith R. Clarke e John Ridley cria assim uma justificativa melhor do que a de um mero acaso para construir o arco do protagonista, drasticamente alterado quando Messala o condena às galés e atiça seu sentimento de vingança.
Há igualmente uma diferença no retrato do personagem implícito em toda esta narrativa. Se Wyler iniciava o longa com o nascimento de Jesus, destacava José e Maria, mas mostrava o Filho de Deus sempre de lado ou de costas. Timur, por sua vez, prefere uma figura mais humana através da participação do ator brasileiro Rodrigo Santoro dando vida a um Messias que está inserido no meio do povo, dando exemplo de sua palavra.
Filmando também na Itália só que sem o mesmo orçamento, guardando as proporções de cada época, daquela que era a maior produção do cinema até então, Bekmambetov não abusa tanto dos efeitos especiais, reservando-os para as sequências mais espetaculares nas galés e na tão famosa corrida de bigas, utilizando bem o 3D, além de investir na edição e na trilha sonora.
Depois do pão e circo romano, porém, o bom ritmo mantido até então pelo roteiro, direção e elenco, perde-se e a trama grita pelo seu fim. Por isso, a decisão equivocada de encerrar o terceiro ato de maneira apressada, não criando as bases suficientes para estabelecer a redenção pretendida, torna o discurso um tanto falso. No entanto, se a ideia era diminuir o peso da vingança para exaltar a moral de reconciliação deste filme, o público pode ao menos perdoar a escorregada final.
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Reuters
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