segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Mudanças climáticas poderão aumentar o quadro de doenças

 domtotal.com

Por Ulisses Confalonieri*

O aumento de temperatura associado a períodos de chuvas e secas extremas, conforme projetam os estudos sobre as mudanças climáticas, poderão gerar um impacto na proliferação de doenças causadas por mosquitos transmissores. Segundo o professor Ulisses Confalonieri, “em 2040 se estima que a temperatura aumentará 2,5 graus em alguns municípios do Paraná” e, por conta disso, o quadro de algumas doenças poderá aumentar. “As doenças transmitidas por mosquito, por exemplo, geralmente decorrem de uma temperatura mais alta e de algum grau de umidade, porque esses fatores sempre aceleram a proliferação de mosquitos”, diz.

Confalonieri explica ainda que a “a existência de uma maior ou menor população de mosquito transmissor” vai depender da “variação climática”. “Por exemplo, no Rio Grande do Sul, na maior parte do ano, dificilmente haverá transmissão continuada desses vírus, porque nessa região é bastante frio e o mosquito não consegue transmitir as doenças. Se a temperatura média nessas regiões mais frias aumentar, há um risco de expansão da transmissão do vírus de forma mais continuada”, exemplifica na entrevista a seguir, concedida por telefone à IHU On-Line. 

A prevenção desse cenário, diz, dependerá de ações localizadas segundo o grau de vulnerabilidade de cada município. “Se existe uma vulnerabilidade por causa de deficiência no sistema de saúde local, isso tem que ser corrigido. Existem várias ações específicas, no setor de saúde, que precisam e devem ser feitas, independentemente da mudança do clima, como controlar o mosquito, educar a população para não deixar água acumulada e para evitar que o mosquito se prolifere dentro de casa. Agora, se o município tem problemas de drenagem urbana, isso é algo específico que precisa ser melhor visto em virtude do aumento de chuvas naquela região”. Além disso, adverte, municípios ambientalmente “devastados” e “desmatados”, “como é o caso do Paraná, que só tem duas regiões com floresta preservada – Serra do Mar, na região litorânea, e a região de Foz do Iguaçu -, tendem a enfrentar maiores problemas por conta das mudanças climáticas”.

Ulisses Confalonieri é graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ e em Medicina pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - Unirio, e é mestre e doutor em Ciências pela UFRRJ. Atualmente é professor da Fundação Oswaldo Cruz e da Universidade Federal Fluminense.

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