terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Jesuítas construtores da globalização

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Físico português destaca em livro o empreendedorismo da Companhia de Jesus e elogia voz moderna do papa Francisco.
Filme de Scorsese também destaca empreendedorismo jesuíta em sua missão no Japão.
Filme de Scorsese também destaca empreendedorismo jesuíta em sua missão no Japão. (Divulgação)

Lisboa - O cientista Carlos Fiolhais elogiou a forma como o carisma empreendedor da Companhia de Jesus continua vivo em figuras como o Papa Francisco.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o físico e professor universitário explicou que começou a interessar-se pela história da Companhia de Jesus quando assumiu o cargo de diretor da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra.

À frente daquela ‘cápsula do tempo’, que está a assinalar 300 anos de existência, este responsável teve ocasião de perceber o quanto os jesuítas sempre estiveram “perto da educação e da ciência”, e a partir daí na vanguarda do processo de “globalização”.

Para Carlos Fiolhais,“os jesuítas foram exemplares” na promoção da globalização atual, ao levarem ao mesmo tempo a informação e a evangelização.

Numa época da História que envolveu não só o Oriente, a Ásia, na China e o Japão por exemplo, mas também a América do Sul, com o contributo de outras congregações religiosas.

“Foi um momento extraordinariamente enriquecedor para a humanidade e esse encontro teve protagonistas, teve acontecimentos, foi feito em grande medida por portugueses ou então por missionários estrangeiros que passaram por Portugal”, frisou o ensaísta, a respeito da obra intitulada ‘Jesuítas, construtores da globalização’.

O livro em causa, publicado por ocasião dos 200 anos da restauração da Ordem da Companhia de Jesus, e escrito em parceria com o historiador José Eduardo Franco, mostra em texto e imagem essa faceta empreendedora, que os jesuítas mantém atualmente.

Carlos Fiolhais recordou “o exemplo recente do padre Luís Archer, que introduziu a moderna genética” em Portugal e, num nível mais abrangente, “o Papa Francisco”, o primeiro Papa jesuíta, que estudou química e “escreveu um documento notável sobre o problema do ambiente”, a encíclica ‘Laudato Si’ , publicada em 2015.

“Ele tem tentado unir as pessoas à volta de coisas essenciais, a paz, a qualidade de vida no planeta, que nos deviam de facto unir”, reconhece o físico, que considera que apesar do contexto atual não estar “fácil”, Francisco conseguirá continuar a afirmar a sua voz “muito moderna”.

“Ele é um jesuíta, será sempre um jesuíta e isso não deixa de ser uma marca muito forte, inspiradora para ele e esperemos que inspiradora também para a humanidade”, acrescentou.

Quanto à obra ‘Jesuítas, construtores da globalização’, Carlos Fiolhais espera que ela possa contribuir para aproximar mais o percurso da Companhia de Jesus do conhecimento “popular”, através da “divulgação de história, de ciência, de cultura acima de tudo”.

Outra obra que entrou no espaço público dedicada à história da Companhia de Jesus é o filme ‘Silêncio’, do realizador norte-americano Martin Scorsese, e que chegou na última semana às salas de cinema em Portugal.

Um projeto inspirado no livro homónimo do japonês Shuzaku Endo e que conta a história dos missionários jesuítas portugueses martirizados no Japão, durante a perseguição aos cristãos naquele país asiático, a partir dos séculos XVI e XVI.

Para Carlos Fiolhais, trata-se de um “filme extraordinário” que mostra um “encontro” que não se fez só de partilha ou de comunhão mas também de “martírio”, com os cristãos a serem “perseguidos, torturados e muitas vezes assassinados”.

Um episódio que “marcou muito o destino da religião católica no Japão, que chegou a ter 300 mil pessoas e que vai depois resumir-se a cristãos que vivem escondidos durante vários séculos”, concluiu.


Ecclesia

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