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A Igreja tem um rosto jovem, mas com expressões bem distintas.
As juventudes da Igreja são muitas. (Magis Brasil)
Por Gilmar Pereira*
No ano de 2007, Bento XVI esteve no Brasil e fez um emblemático discurso à juventude católica. Em sua fala, o papa dizia: “Vós, jovens, não sois apenas o futuro da Igreja e da humanidade, como uma espécie de fuga do presente. Pelo contrário: vós sois o presente jovem da Igreja e da humanidade. Sois seu rosto jovem. A Igreja precisa de vós, como jovens, para manifestar ao mundo o rosto de Jesus Cristo, que se desenha na comunidade cristã. Sem o rosto jovem a Igreja se apresentaria desfigurada”.
De fato, a Igreja possui um rosto jovem, mas tal rosto se configura complexo. Cada grupo, movimento ou pastoral evidencia, no seu modo de ser, algum aspecto que contempla do divino. Desse modo, pode-se falar não somente de uma juventude católica, mas juventudes que, segundo os distintos seguimentos do catolicismo a que pertencem, vão apresentar fisionomias diferentes desse mesmo rosto.
No seu artigo, Culturas juvenis católicas: tendências, Flávio Sofiati fala de quatro grandes expressões do rosto jovem da Igreja. Longe de reduzir a pluralidade de expressões eclesiais a quatro linhas, o autor mostra a diversidade interna ao catolicismo jovem ressaltando suas tendências hegemônicas. Os jovens da Igreja não são todos iguais, nem pensam e se organizam de modo idêntico.
Justamente por esse modo distinto de assimilar a fé que cada grupo trás, João Elton de Jesus, em seu artigo Juventude, catolicismo e homossexualidade, busca dar visibilidade àqueles que buscam seu lugar na Igreja cotejando a fé que receberam com o modo com que configuram sua sexualidade. O autor esboça os avanços e impasses no diálogo da Igreja com as pessoas homossexuais, particularmente os jovens, que buscam integrar fé e vida no corpo eclesial.
Tal integração também passa pela intelecção da fé e o encontro desta com a razão. Assim, Uatos Pires Pereira, no artigo Juventude e Catolicismo: o caso da Pastoral Universitária, delineia dois modos de ação pastoral no âmbito universitário. A presença cristã na universidade pode ser a da disputa ou a do diálogo. O autor traça um caminho positivo de estar no meio acadêmico.
Compreender quem são os jovens e o que esperam da Igreja poderá contribuir no entendimento da dificuldade que muitos têm de se vincular mais estreitamente com sua dimensão institucional. Ao mesmo tempo que a Igreja é renovada pela juventude, esta precisa de que a Igreja se renove para que encontre seu espaço.
Boa leitura!
*Gilmar Pereira é mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, graduado em Filosofia pelo CES-JF e em Teologia pela FAJE. Responsável pela editoria de Religião do Dom Total. Escreve a 'Dica da Semana', às sextas-feiras, neste site. Palestrante, fotógrafo, cerimonialista, assessor de comunicação. E-mail: gilmar_jf@hotmail.com.
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