Papa Francisco durante o Ângelus. Foto: Alexey Gotovsky / ACI Prensa
VATICANO, 26 Mar. 17 / 10:00 am (ACI).- O Papa Francisco explicou neste domingo antes da oração do Ângelus que o cristão é chamado a atuar como “filho da luz” e isto comporta uma séria de mudanças, como abandonar as “falsas luzes” e os preconceitos que distorcem.
Na janela do Palácio Apostólico, o Papa comentou o Evangelho no qual Jesus devolve a visão a um cego de nascença. “Cristo lhe restituiu a visão e realiza este milagre com uma espécie de rito simbólico: primeiro mistura a terra à saliva e coloca nos olhos do cego; depois lhe ordena a se lavar na piscina de Siolé”.
O Pontífice sublinhou que “somos chamados a comporta-nos como ‘filhos da luz’”, mas isso “exige uma mudança radical de mentalidade, uma capacidade de julgar homens e coisas segundo uma outra escala de valores, que vem de Deus”.
“O que significa ter a verdadeira luz, caminhar na luz?”, perguntou-se. “Significa, antes de tudo, abandonar as falsas luzes: a luz fria e fátua do preconceito contra os outros, porque o preconceito distorce a realidade e nos enche de aversão contra aqueles que julgamos sem misericórdia e condenamos sem apelo. Isto é pão de todo dia! Quando se fala mal dos outros, não se caminha na luz, se caminha na sombra”, acrescentou.
“Outra luz falsa, porque sedutora e ambígua, é aquela do interesse pessoal: se valorizamos homens e coisas baseados em critérios de nossa utilidade, do nosso prazer, do nosso prestígio, não realizamos a verdade nos relacionamentos e nas situações”.
Voltando ao Evangelho, explicou que “com este milagre Jesus se manifesta e se manifesta a nós como luz do mundo e o cego de nascença representa cada um de nós, que fomos criados para conhecer Deus, mas por causa do pecado somos como cegos, temos necessidade de uma nova luz, a da fé, que Jesus nos deu”.
Francisco assegurou que este episódio da Bíblia “se refere também ao Batismo, que é o primeiro Sacramento da fé: o Sacramento que nos faz ‘vir à luz’, mediante o renascimento da água e do Espírito Santo; assim como acontece ao cego de nascença, ao qual se abrem os olhos após ter sido lavado na água da piscina de Siloé”.
“O cego de nascença curado nos representa quando não nos damos conta de que Jesus é a luz, ‘a luz do mundo’, quando olhamos para outros lugares, quando preferimos confiar nas pequenas luzes, quando tateamos no escuro”.
O Papa assinalou que “o fato de que aquele cego não tenha um nome nos ajuda a nos refletir com o nosso rosto e o nosso nome na sua história”.
Ao concluir, o Santo Padre pediu que a Virgem Maria “nos obtenha a graça de acolher novamente nesta Quaresma a luz da fé, redescobrindo o dom inestimável do Batismo, que todos nós recebemos. E esta nova iluminação nos transforme nas atitudes e nas ações, para sermos também nós, a partir da nossa pobreza, portadores de um raio da luz de Cristo”.
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