quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Colapsa o catolicismo na América Latina?

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Pesquisadora acredita que o desencanto é devido ao declínio da pobreza e ao surgimento de uma classe média mais individualista que se afasta das instituições.
A própria popularidade do Papa passa de 7.2 em 2013 a 6.8 na atualidade.
A própria popularidade do Papa passa de 7.2 em 2013 a 6.8 na atualidade. (Reprodução/ Periodista Digital)

Os países onde há mais pessoas que se declaram católicas são Paraguai (89%), México (80%), Equador (77%), Peru (74%), Colômbia (73%) e Bolívia (73%).

Abatido por numerosos escândalos de pedofilia, a Igreja Católica Latino-Americana sofre uma queda acentuada, que nem o Papa Francisco consegue parar, o primeiro Papa da Grande Patria. Os fiéis que fogem em debandadas do catolicismo vão às igrejas protestantes ou se lançam nos braços do agnosticismo e do ateísmo.

Até mesmo a imagem do Papa Francisco se deteriorou na América Latina, onde o catolicismo perdeu a fé diante do surgimento de alguns grupos religiosos evangélicos e de um processo acelerado de secularização, de acordo com um levantamento de Latinobarómetro apresentado no dia 12 de janeiro em Santiago do Chile.

O estudo mostra a evolução da religião em 18 países latino-americanos entre 1995 e 2017, e veio há alguns dias antes da visita que o pontífice faz ao Chile e ao Peru (15 a 21 de janeiro).

"O mais importante é a forte queda do catolicismo e o forte aumento daqueles que declaram que não têm religião, que são agnósticos ou ateus", disse a diretora do Latinobarómetro, Marta Lagos.

De acordo com o trabalho, os latino-americanos avaliam o Papa Francisco com 6,8, nota inferior aos 7,2 que recebeu em 2013, quando assumiu o cargo.

A média de 6,8 para a região supõe diferenças por país. Aqueles que dão uma melhor avaliação ao Pontífice são Paraguai (8.3), Brasil (8), Equador e Colômbia (7,5), enquanto Uruguai (5,9) e Chile (5,3) estão no outro extremo.

Ao filtrar as respostas de acordo com a religião professada pelos inquiridos, os católicos dão uma nota de 7.7 ao Papa, evangélicos 5.1 e ateus ou agnósticos 5.3.

Os países onde há mais pessoas que se declaram católicas são Paraguai (89%), México (80%), Equador (77%), Peru (74%), Colômbia (73%) e Bolívia (73%).

65% dos entrevistados nos 18 países da América Latina dizem que confiam na Igreja. As nações onde tem mais crédito são Honduras (78%), Paraguai (77%) e Guatemala (76%), enquanto no Chile apenas 36% dos cidadãos têm confiança na instituição.

De acordo com Marta Lagos, o ponto de ruptura no caso chileno é a condenação do abuso sexual contra o influente sacerdote Fernando Karadima, sentenciado pelo Vaticano em 2011.

Antes que o escândalo fosse descoberto, a confiança dos chilenos na Igreja Católica era de cerca de 60%, mas em 2011 caiu fortemente para 38%.

O número de latino-americanos que se declaram católicos caiu de forma constante durante as últimas duas décadas. Se, em 1995, os católicos representavam 80%, essa porcentagem caiu para 59% em 2017, de acordo com a pesquisa.

No outro extremo, existem sete nações onde a religião católica já representa menos da metade da população: República Dominicana (48%), Chile (45%), Guatemala (43%), Nicarágua (40%), El Salvador (39%), Uruguai (38%) e Honduras (37%).

Em países como Honduras e Guatemala, o declínio acentuado dos católicos está diretamente relacionado ao surgimento da religião evangélica, que se tornou o credo maioritário.

No Chile e no Uruguai, por outro lado, é explicado pelo aumento da população que não professa nenhuma religião, ateus ou agnósticos. No Uruguai, este grupo representa 41% dos cidadãos e no Chile 38%, de acordo com a pesquisa.

"Desta forma, dentro de dez anos, o número de países latino-americanos que terão a religião católica como a religião dominante será uma minoria", disse Marta Lagos.

A diretora do Latinobarómetro acredita que o desencanto geral com a religião católica na América Latina é devido ao declínio da pobreza e ao surgimento de uma classe média mais individualista que se afasta das instituições.

Marta Lagos destacou que a eleição de Francisco em 2013 teve um "efeito positivo" no catolicismo e tem o carisma necessário para recuperar uma parte da fé perdida.

Na opinião dela, as visitas que fez na região e a próxima viagem ao Chile e ao Peru refletem a preocupação do pontífice de restaurar a influência que a Igreja perdeu nos últimos anos.

 A pesquisa do Latinobarómetro incluiu entrevistas pessoais com 1.200 pessoas de países da América do Sul e México e 1.000 na América Central, com margem de erro entre 2,8 e 3%.


Periodista Digital - Tradução: Ramón Lara

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