domingo, 13 de maio de 2018

Negros ganham R$ 1,2 mil a menos que brancos em média no Brasil; trabalhadores relatam dificuldades e ‘racismo velado’


Abolição completa 130 anos neste domingo (13). Segundo especialistas, período de escravidão e falta de políticas públicas estão por trás de desigualdades atuais. Negros têm índices de educação mais baixos e condições de vida mais precárias, apontam dados do IBGE.
Por Clara Velasco*, G1

13/05/2018 Eliad, de 52 anos, Ellen, de 32, e Willian, de 21, relatam situações de dificuldades e preconceitos no mercado de trabalho (Foto: Celso Tavares/G1)
Eliad, de 52 anos, Ellen, de 32, e Willian, de 21, relatam situações de dificuldades e preconceitos no mercado de trabalho (Foto: Celso Tavares/G1)

Eliad e uma conhecida ficaram desempregadas na mesma época. Uma amiga em comum resolveu ajudar. Encaminhou uma vaga de coordenadora de um projeto social em uma instituição pública para a conhecida. Para Eliad, ofereceu trabalho na sua casa, como doméstica. Eliad é negra; a conhecida, branca.

“Quem tinha expertise para trabalhar como coordenadora de um projeto era eu. Mas eu fiquei ali como doméstica. Precisava trabalhar, tinha uma filha para sustentar. É assim que as coisas funcionam”, diz Eliad dos Santos, de 52 anos.

Eliad tem mestrado em Teologia e História, estudou na Universidade de Birmingham, no Reino Unido, e já assessorou e coordenou diversos projetos sociais, principalmente envolvendo temáticas de gênero e raça.

Por conta de sua alta escolaridade, ela acaba se sobressaindo em relação à média de negros no país, que têm índices de educação mais baixos. Mas afirma que, em muitas situações, o preconceito é mais forte que os seus diplomas. “O Brasil é muito cruel nesse sentido, desse racismo velado. É muito difícil mesmo”, diz.

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