sábado, 18 de agosto de 2018

DEBATE: Bolsonaro é pressionado sobre direito das mulheres e escorrega em economia

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O candidato do PSL a presidente da República, Jair Bolsonaro, hesitou ao ser confrontado em temas sensíveis à sua candidatura.
Bolsonaro teve dificuldades em responder sobre problemas econômicos e, mais uma vez, mudou de assunto quando questionado sobre os direitos das mulheres.
Bolsonaro teve dificuldades em responder sobre problemas econômicos e, mais uma vez, mudou de assunto quando questionado sobre os direitos das mulheres. (ALOISIO MAURICIO/ESTADÃO CONTEÚDO)

Pressionado por adversários no segundo debate entre os candidatos à Presidência da República, promovido na noite de ontem (17) pela Rede TV!, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, hesitou ao ser confrontado em temas sensíveis à sua candidatura. Bolsonaro teve dificuldades de responder uma questão sobre a dívida pública e foi acusado pela candidata da Rede, Marina Silva, de fazer “vista grossa” à discriminação que sofrem as mulheres. Diferentemente do primeiro encontro entre os presidenciáveis, o assunto ética na política foi frequente e o PT, sem representantes no encontro, alvo de ataques.

Direito das mulheres

O terceiro bloco do debate reservou um embate entre Bolsonaro e Marina, respectivamente líder e segunda colocada nas pesquisas de intenção de voto sem a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Operação Lava Jato e registrado no Tribunal Superior Federal (TSE) como candidato do PT.

“Você disse que a questão dos salários melhores para as mulheres é uma coisa que não precisa se preocupar porque já está na CLT”, questionou a candidata da Rede. “Só uma pessoa que não sabe o que significa uma mulher ganhar um salário menor que os homens e ter a mesma capacidade, a mesma competência e ser a primeira a ser demitida e a última a ser promovida e quando vai na fila de emprego, só por ser mulher, não se aceita. É uma questão que tem que se preocupar, sim, porque quando se é presidente da República tem que fazer cumprir o artigo 5º da Constituição Federal, que diz que nenhuma mulher deve ser discriminada. E não fazer vista grossa dizendo que não precisa se preocupar.”

Ao responder, Bolsonaro partiu para o ataque e acusou Marina de ser uma evangélica que defende plebiscito para a legalização do aborto e da maconha. O candidato do PSL disse ser a favor do direito das mulheres de portar arma de fogo. Na tréplica, Marina rebateu lembrando o episódio em que Bolsonaro foi fotografado em Goiânia ensinando uma criança a fazer, com as mãos, o gesto de uma pistola. “A coisa que uma mãe mais quer é educar os filhos para que eles sejam homens de bem. Você é um deputado, pai de família. E você um dia desse pegou a mãozinha de uma criança e ensinou como é que se faz para atirar. É esse o ensinamento que você quer dar ao povo brasileiro?”

A atuação da candidata da Rede - única mulher presente - foi ressaltada pelo presidenciável do PSOL: “Quero parabenizar você, Marina, por ter colocado Bolsonaro no seu lugar. Eleição não se ganha no grito”, disse Guilherme Boulos.

Economia

O debate passou por vários temas econômicos: desemprego, teto de gastos, reforma tributária e outros. Na parte em que jornalistas perguntavam para os candidatos, Bolsonaro foi questionado se deve ser papel do presidente da República se preocupar com o Orçamento da União e a parcela destinada ao pagamento da dívida pública. “Cabe ao presidente da República, são números absurdos, meus economistas dizem que tem solução, mas será difícil”, afirmou o candidato do PSL, que costuma dizer que assuntos econômicos serão respondidos por seu eventual ministro da Fazenda, o economista Paulo Guedes. Na continuação da resposta, Bolsonaro apontou como solução a redução do tamanho do Estado, privatizações, além de facilitar vida de quem quer abrir empresa no Brasil e diminuir encargos trabalhistas. Ele disse ainda querer que “empregados e patrões sejam amigos e não inimigos”.

Ataques ao PT e PSDB fragilizado

Antes do início do debate, a emissora decidiu retirar o púlpito que seria de Lula. Segundo apurou o Estado, a Rede TV! consultou os candidatos pouco antes do início do evento sobre a manutenção do espaço, mesmo vazio, da chapa petista. Apenas Boulos foi favorável a manter o púlpito.

Ainda no primeiro bloco, Alvaro Dias questionou Marina Silva sobre a potencial inelegibilidade da candidatura de Lula, sem citar o ex-presidente. Ele classificou a atual situação como uma “vergonha nacional”. “O político inelegível não é um preso político. É um político preso. E essa encenação de candidatura é uma afronta ao País”, disse o candidato do Podemos.

Sem representante no estúdio, o PT foi alvo no debate. Alckmin citou o partido ao defender a PEC do Teto dos Gastos, que, segundo ele, foi uma medida contra o “estouro” das contas públicas. Em referência ao número do partido adversário que “foram 13 anos de PT, 13 milhões de desempregados”. Em seguida disse que a PEC do Teto dos Gastos foi uma “vacina contra o PT”.

Mais tarde, questionado sobre a “velha política”, o tucano admitiu que o PSDB também sofre com questionamentos éticos. “Nós também estamos fragilizados”, disse Alckmin.

Meirelles é vinculado a Temer

Por outro lado, Meirelles voltou a se associar a Lula - que lidera as pesquisas de intenção de voto -, mas foi vinculado por adversários ao presidente Michel Temer. “O presidente Lula então eleito, me chamou para presidir o Banco Central. Lá criamos mais de 10 milhões de empregos. Depois voltei para ser ministro da Fazenda para corrigir a bagunça feita por Dilma”, afirmou o candidato do MDB, ao se apresentar no início do evento.

Quando questionado por um jornalista sobre o que não repetiria do que viu na gestão Lula, Meirelles afirmou que não iria adotar o loteamento de cargos. “Não houve nas minhas áreas loteamento de cargos.” Foi contestado por Bolsonaro. “MDB é o símbolo do toma lá da cá, muitos ministros estão envolvidos na Lava Jato, indicação política, seu partido nunca abriu mão, abocanhar mais e mais ministérios, mais e mais diretoria de estatais, ai surge ineficiência do Estado e ai surge a corrupção”, afirmou o candidato do PSL.

Conhecido pelo temperamento explosivo, Ciro se manteve cordial com todos os concorrentes, e com os jornalistas. Por diversas vezes, pediu “perdão” quando ultrapassou o tempo permitido. Na maioria das vezes, escolheu Alckmin para responder suas perguntas.


Agência Estado/Domtotal.com

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