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Sim, lembremos JK. O presidente dos 'anos dourados'.
JK foi um homem público diferente, um administrador que não apenas vislumbrava, mas construía o futuro. (Reprodução)
Por Afonso Barroso*
Pobre de espírito, de cultura e de vergonha, a maioria da população brasileira é levada a eleger, para administrar o País, políticos que são o retrato fiel dessa indigência moral à qual acrescentam esperteza e desonestidade. Não existe mais, no Brasil, o que se possa chamar de grandes homens, especialmente no ambiente enlameado da política e da gestão pública. As novas gerações precisam fazer uma visita à História se quiserem conhecer políticos e administradores que fariam inveja aos de hoje, se estes tivessem ao menos a capacidade de sentir inveja.
O maior de todos era mineiro e se chamava Juscelino Kubitschek.
É sempre oportuno lembrar JK, e mais ainda neste tempo de campanha presidencial e na semana em que se comemora a data do seu nascimento, ocorrido na histórica Diamantina em 12 de setembro de 1902.
JK foi um homem público diferente, um administrador que não apenas vislumbrava, mas construía o futuro. Foi assim como prefeito de Belo Horizonte, onde mudou o visual da cidade. Sua primeira grande realização como gestor público foi a criação da Pampulha. Na sua administração, iniciada em 1941, ele descobriu e deu asas a um jovem arquiteto a quem entregou a missão de ajudá-lo a transformar o local, então distante e inóspito, no mais belo cartão postal da cidade. Surgiu então a lagoa, e à margem dela o conjunto arquitetônico que lançou ao mundo o talento de Oscar Niemeyer. E à modernidade o nome da capital mineira.
Eleito governador em 1950, Juscelino foi responsável por um surto de progresso como nunca se vira em Minas Gerais. Entre suas realizações destaca-se, entre muitas outras, a criação de várias usinas para produção de energia elétrica, como a Cemig.
Sua fama de bom administrador espalhou-se pelo Brasil, a ponto de fazer com que se elegesse presidente da República. Iniciou o governo, em 1956, anunciando cinquenta anos de progresso em cinco de governo.
50 ANOS EM 5 era o seu slogan. Dito e realizado. Ao fim de seu mandato, o parque industrial brasileiro havia crescido de forma espantosa com o aumento do número de usinas hidrelétricas, da indústria de aço, da implantação das fábricas de automóveis e de 20 mil quilômetros de rodovias abertas.
A obra mais impressionante foi a construção de Brasília – a nova capital, que representou a interiorização do Governo federal e viria a se tornar patrimônio cultural da humanidade.
Até então podia-se ver nos mapas do Brasil a delimitação da área limítrofe ao Estado de Goiás com a inscrição “futura capital federal”.
Com Juscelino, o deserto ganhou vida. Edificada no Planalto Central com projeto do urbanista Lúcio Costa, do paisagista Burle Marx e, mais uma vez, o do arquiteto Oscar Niemeyer, a cidade emergiu no Cerrado como um milagre, em menos de quatro anos, sob o comando de outro grande mineiro, Israel Pinheiro, à frente de milhares de operários, os “candangos” ali chegados de todas as partes do País.
Cumpria-se o que o grande presidente dissera em emocionado discurso no dia em que determinou o início das obras:
"Deste planalto central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino".
Sim, lembremos JK. O presidente dos “anos dourados”. O presidente pé-de-valsa, que sabia dançar e sorrir. O presidente seresteiro. O presidente Bossa Nova, como apelidou o músico e humorista Juca Chaves. O presidente que fazia o povo sorrir e cantar “como poderei viver sem a sua, sem a sua, sem a sua companhia”. O presidente, enfim, que dificilmente terá similar na história da República.
*Afonso Barroso é jornalista, redator publicitário e editor.
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