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É por isso que o cristianismo é mais que uma religião: é um estilo de vida, ao qual somos chamados a viver, inspirados segundo a vida mesma de Jesus.
É preciso movimento e só o Espírito do Ressuscitado é capaz de flexibilizar e trazer vigor à experiência religiosa, de modo que o cristianismo seja, de fato, cristianismo. (Reprodução/ Pixabay)
Por Felipe Magalhães Francisco*
É preciso que consideremos a alegria como uma característica marcante da vida cristã. Um cristianismo acabrunhado não condiz com seu princípio mais fundamental: o Reino de Deus. O anúncio que portamos pressupõe encantamento e apaixonamento, duas realidades que devem nos encher de entusiasmo. Só assim o mundo reconhecerá que, verdadeiramente, vale a pena confiar a vida por essa realidade que se dá na pessoa de Jesus Cristo.
Tenho certeza de que todos nós já experimentamos, nalgum momento, um cristianismo triste. Esse cristianismo só é triste porque se perdeu de Jesus. A prática puramente religiosa do cristianismo pode nos levar a um automatismo puramente preceitual. É por isso que o cristianismo é mais que uma religião: é um estilo de vida, ao qual somos chamados a viver, inspirados segundo a vida mesma de Jesus. Ter em nós os mesmos sentimentos que haviam em Cristo Jesus (Fl 2,5), eis o estilo de vida que deve nos configurar como cristãos e cristãs.
Muitas vezes, a instituições religiosas se fixam no enrijecimento. Quando falta o Espírito, o cristianismo se resume a uma instituição cujo sentido fica em suas próprias estruturas: o sentido sem-sentido. É preciso movimento e só o Espírito do Ressuscitado é capaz de flexibilizar e trazer vigor à experiência religiosa, de modo que o cristianismo seja, de fato, cristianismo. Os bons ares do Espírito percebemos no pastoreio de Francisco, que tem, continuamente, animado o seu rebanho à alegria do Evangelho.
Essa alegria à qual Francisco nos anima tem gerado medo. A plena confiança nas instituições leva a muitos e se fecharem ao renovo espiritual, próprio do mover do Espírito Santo, Senhor que dá vida, tal como confessamos no Credo Niceno-constantinopolitano. As reações ao projeto de Francisco, muitas vezes agressivas e rasteiras que temos acompanhado, são o medo da novidade que é sempre necessária, para a própria continuidade da Tradição. O apego a velhas e caducas formas de viver a fé, aprisiona a alegria e nos afasta do âmago de nossa experiência transformadora com Jesus Cristo, o Crucificado-Ressuscitado.
Essa alegria nasce do amor, pois este é a fonte da verdadeira alegria. Fora do amor, nada se sustenta. E é justamente a esse amor que devemos confiar nossa vida, pois o amor tem um rosto. Ao vislumbrarmos esse rosto, nossa vida se enche de alegria, mesmo que, por vezes, caiamos no desalento. Nossa melhor resposta àqueles e àquelas que se apegam à instituição, sem mais, é a vivência da alegria, pois no rosto de quem vive, verdadeiramente, um sentido, há um irradiar. Não ceder ao medo da alegria, pois, é uma tarefa cotidiana para os cristãos e cristãs. Essa alegria, aliás, encoraja-nos à missão e ao anúncio efetivo e eficaz do Reino, o qual já experimentamos no hoje escatológico de nossa existência filial.
*Felipe Magalhães Francisco é teólogo. Articula a Editoria de Religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015). E-mail: felipe.mfrancisco.teologia@gmail.com.
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