segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Nasce nova Igreja Ortodoxa independente de Moscou

domtotal.com
A criação de uma Igreja Ortodoxa ucraniana foi aprovada no Sínodo em Kiev. O patriarca de Moscou protestou na véspera, com carta a líderes mundiais, incluindo o Papa Francisco.
Sínodo realizado em Kiev elegeu o metropolita Iepifanit como Primaz da nova Igreja independente de Moscou.
Sínodo realizado em Kiev elegeu o metropolita Iepifanit como Primaz da nova Igreja independente de Moscou. (Vatican Media)
Representantes das Confissões ortodoxas ucranianas, reunidos em um Sínodo, aprovaram neste sábado, 15, a criação de uma Igreja independente da tutela religiosa de Moscou, uma decisão voltada a garantir a “segurança” e a independência espiritual da Ucrânia.

O anúncio foi feito diante de uma multidão de apoiadores, reunidos no centro da capital Kiev, pelo presidente do país Petro Poroshenko.

O Sínodo, reunido na Catedral de Santa Sofia, elegeu o metropolita Iepifanit como Primaz da nova Igreja independente. Agora ele irá a Istambul para receber das mãos do Patriarca Bartolomeu o tomos, ou seja, a atestação formal da autonomia.

Este jovem eclesiástico de 39 anos, pouco conhecido do grande público, é próximo ao Patriarca de Kiev Filaret, excomungado por Moscou e reabilitado pelo Patriarcado de Constantinopla em outubro.

Durante a Assembléia, que reuniu a hierarquia eclesiástica das Igrejas Ortodoxas independentes do Patriarcado de Moscou, também foi aprovado o estatuto da recém nascida Igreja nacional.

Patriarca Kirill

O Patriarca de Moscou e Toda a Rússia, Kirill, havia enviado na sexta-feira um apelo ao Papa Francisco, aos líderes das Igrejas cristãs, aos governos da França e da Alemanha e às Nações Unidas para sinalizar a interferência do Estado ucraniano na Igreja Ortodoxa de Kiev e pedir respeito pela liberdade religiosa.

Em sua mensagem, o Patriarca Kirill fala do risco de "perseguição", em referência à parte do episcopado ucraniano ligado a Moscou que recusava-se a participar do Sínodo realizado neste sábado.

A carta de Kirillé longa e detalhada e menciona alguns eventos que ocorreram em detrimento da Igreja Ortodoxa Ucraniana vinculada à Rússia, como a tentativa das autoridades ucranianas de usar as grutas de Kiev e Pochaev Lavras, principais locais sagrados da Ucrânia ortodoxa.

Temendo a violação dos direitos e liberdades dos cristãos ortodoxos próximos a Moscou, o Patriarca Kirill dirigiu-se ao Papa Francisco, ao arcebispo de Cantuária Justin Welby, líder da Comunhão Anglicana, ao rev. Olav Fykse Tveit, secretário geral do Conselho Ecumênico de Igrejas, a António Guterres, secretário-Geral das Nações Unidas, bem como ao Chefe de Estado francês Emmanuel Macron e à chanceler alemã, Angela Merkel, pedindo a eles "para defenderem a liberdade de consciência e de religião garantida pelo direito internacional".


Vatican News

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