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A empatia pelo outro é critério importantíssimo no cristianismo.
Tânia da Silva Mayer (Pixabay)
Por Tânia da Silva Mayer*
Estamos vivendo os dias atônitos com todos os acontecimentos que temos presenciado. Não só os acontecimentos em si provocam nossas consciências como também, e principalmente, as atitudes das pessoas constrangem e até apavoram. A sensação que compartilhamos é a de que “o mundo está ao contrário e ninguém reparou”. Há algo que dá o tom de anormalidade e esse algo é a desumanidade que denuncia o quanto irracionais e apáticos muitos de nós têm se tornado. Comemorar a dor e o sofrimento de alguém que vê sua casa e seus bens consumirem com o fogo é abandonar os parâmetros de solidariedade universal que somos chamados a ter para com nossos semelhantes.
A empatia pelo outro é critério importantíssimo no cristianismo. A solidariedade horizontal é conclamada em todas as relações. O outro, independente de quem ele seja, deve ser tratado sob os pilares da misericórdia e não lhe deve ser negado o direito a uma existência digna e feliz. Tudo isso se realiza pelo exercício da justiça que é somente nosso ajustamento ao projeto do Reino de paz e justiça inaugurado por Jesus. Por isso, os cristãos e as cristãs têm enorme responsabilidade quando se constata na sociedade uma crescente indiferença ao próximo e ao seu sofrimento. A indiferença é sintoma de outra coisa mais grave, do abandono da consciência e do sentimento que nos permite reconhecer que todas as pessoas gozam de uma mesma dignidade radicalmente humana.
Esse cenário precisa se transformar urgentemente. Não é possível que percamos o reconhecimento mútuo do valor que cada um de nós possui. Em meio ao caos de desumanidades praticadas, é importante reconhecer o quanto contribuímos também para essa situação conflituosa. Ainda dá tempo de reorientarmos nossas ações e pensamentos e abandonar a indiferença e o comodismo que nos distancia das pessoas. O tempo da quaresma é uma oportunidade para avançarmos na transformação que nos ajusta ao Reino de Deus. Não é a religião que deve mudar nem tampouco as instituições que precisam se converter, mas cada um de nós deve começar a mudar em si mesmo aquilo que quer ver transformar no mundo e nas relações. É tempo de conversão, nada melhor perguntar quem somos nós para depois então nos perguntarmos que mundo é esse?!
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