sexta-feira, 5 de abril de 2019

Conhecer o Islã: diálogos que constroem a paz

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Comumente visto pelo olhar preconceituoso como perigoso, o Islã é muito maior que suas expressões fundamentalistas.
Mulheres marroquinas passam pela mesquita Hassan II em Casablanca, com seu minarete de 210 metros, o maior do mundo.
Mulheres marroquinas passam pela mesquita Hassan II em Casablanca, com seu
 minarete de 210 metros, o maior do mundo. (Pascal Rossignol/ Reuters)
Por Felipe Magalhães Francisco*

O desconhecimento a respeito do Islã ainda é grande. Há alguns clichês bastante nocivos que se espalham a seu respeito, muitas vezes a partir daquilo que a própria mídia diz. O desconhecimento é a raiz do preconceito e este é extremamente desumanizante e marginalizador. O Islã é uma das religiões que mais têm crescido em todo o mundo. Após um duradouro processo de secularização e de sua negação na Europa, por exemplo, a religião tem seu retorno por grande influência do Islã. Em outros continentes, o crescimento do número de muçulmanos tem se dado de forma bastante expressiva, seja pelo movimento das migrações, seja pela conversão de novos adeptos.

Num mundo cada vez mais globalizado e de intercâmbio cultural, conhecer as expressões de fé que compõem o leque religioso da humanidade é muito importante, no processo de construção de sociedades mais comprometidas com valores fundamentais para a humanização. Estabelecer pontes que unam visões de mundo diversas, de modo a ampliar o horizonte de consciência sobre o ser humano, sobre o mundo e, inclusive, sobre Deus é caminho mais que urgente para estes tempos de tantas polarizações e discursos de ódio. Nesse sentido, um passo importante é nos abrirmos para ouvir a respeito do diferente, daquilo que nos interpela em nossos próprios lugares, mas que contribuem para a ampliação de nossos horizontes de compreensão e para a cultura da paz.

No Brasil, com o atual Governo Federal, cada vez mais estaremos às voltas com temáticas que envolvem conflitos religiosos, movidos por ideologias que geram até mesmo embaraços diplomáticos. Tradicionalmente, o corpo diplomático brasileiro tem um trabalho bastante importante no processo de cultivar uma cultura de paz entre os povos. Vimos uma postura diplomática diferente, quando, por motivação de setores de representantes de algumas igrejas evangélicas, o Governo levanta a possibilidade de mudar a embaixada brasileira para Jerusalém, o que seria um aceno ao Estado de Israel – e com os EUA, vale dizer – e um distanciamento com os países árabes, diretamente envolvidos e interessados na questão da Palestina. Na atual gestão, esta semana temos acompanhado nas mídias que a postura do presidente da República, em sua viagem a Israel, provocou alguns desconfortos diplomáticos, tal como a visita ao Muro das Lamentações e a assinatura de um livro, declarando apoio à reconstrução do Templo de Jerusalém, onde atualmente há uma Mesquita importante para o Islã. A questão política também atinge a dimensão religiosa.

Dedicamos este Dom Especial, a refletir um pouco sobre o vasto e rico universo do Islã, na intenção de suscitar, nos leitores e leitoras, um interesse pelo aprofundamento do conhecimento dessa religião, tão importante no cenário mundial. Romper com má compreensões e com preconceitos amplia nosso olhar para aquilo que realmente importa e para aquilo que podemos aprender e agregar no contato com o diferente. O diálogo é o caminho para a paz.

No primeiro artigo, Bismillah – Islã uma religião para todos os povos, Francirosy Campos Barbosa apresenta os elementos centrais da religião, a partir dos seis pilares da fé. Patrícia Prado propõe o artigo O Islã que pouco se ouve falar, no qual ressalta elementos fundamentais a respeito da fé islâmica, descortinando-nos o olhar para que vejamos o que realmente importa. No terceiro artigo, A questão religiosa por trás de toda a problemática entre Israel e Palestina, o Sheik Jihad Hassan Hammadeh aborda esta temática que gera tantas dúvidas e que geralmente só podemos acompanhar, superficialmente, nos noticiários.

As-Salamu Alaikum e boa leitura!

*Felipe Magalhães Francisco é teólogo. Articula a editoria de religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015). E-mail: felipe.mfrancisco.teologia@gmail.com.

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