Novo pacto educacional terá como objetivo curar três "fraturas" que afetam o mundo.
Segundo o papa, a educação hoje se choca com um processo de "aceleração" . (Element5 Digital/ Unsplash)
Por Inés San Martín
O papa Francisco está convidando líderes mundiais e jovens a se reunirem no Vaticano em 14 de maio de 2020, para um evento chamado Reinventing the global educational alliance.
"Nunca houve tanta necessidade de unir nossos esforços em uma ampla aliança educacional, formar indivíduos maduros capazes de superar divisões e antagonismos e restaurar o tecido dos relacionamentos em prol de uma humanidade mais fraterna", escreveu Francisco em uma mensagem anunciando a iniciativa, divulgada pela assessoria de imprensa do Vaticano na quinta-feira (12).
Segundo o papa, a educação hoje se choca com um processo de "aceleração" que prende a existência humana a um "turbilhão de tecnologia e informatização de alta velocidade, alterando a continuamente dos nossos pontos de referência".
Como resultado, a identidade humana perde "sua solidez", escreveu.
De acordo com um provérbio africano, apontou, "é preciso uma vila inteira para educar uma criança". Quando se trata de educação, essa vila ainda precisa ser criada, começando por limpar o terreno da "discriminação" para deixar a fraternidade " florescer".
Segundo o papa, isso inclui não apenas professores, estudantes e suas famílias, mas a sociedade civil em geral, incluindo a ciência, os esportes, a política e as organizações de caridade.
"Em outras palavras, uma aliança entre os habitantes da Terra e nossa 'casa comum', a qual devemos cuidar e respeitar", escreveu Francisco. "Uma aliança que gera paz, justiça e hospitalidade entre todos os povos da família humana, bem como diálogo entre religiões".
Além da reunião de 14 de maio no Auditório Paulo VI do Vaticano, Francisco disse que vários seminários sobre tópicos relacionados serão realizados em outros locais para se prepararem para o evento.
"Convido todos a trabalhar por esta aliança e a se comprometer, individualmente e dentro de nossas comunidades, a nutrir o sonho de um humanismo enraizado na solidariedade e receptivo às aspirações da humanidade e ao plano de Deus", escreveu.
De acordo com uma declaração da Congregação para a Educação Católica, a iniciativa é uma resposta a uma solicitação que ocorreu durante várias reuniões que o papa teve com personalidades diferentes de "várias culturas e afiliações religiosas".
O comunicado dizia que o quinto aniversário da encíclica ambiental Laudato si era um "contexto ideal" para o lançamento do evento.
"As personalidades mais importantes do mundo são convidadas a participarem da iniciativa proposta, que é, ao mesmo tempo, política, cultural e religiosa, e em particular, convida os jovens a quem o futuro pertence", diz o comunicado do Vaticano. "O objetivo é despertar uma consciência e uma onda de responsabilidade pelo bem comum da humanidade, começando pelos jovens e alcançando todas as pessoas de boa vontade."
A declaração da congregação também disse que o novo pacto educacional terá como objetivo curar três "fraturas" que afetam o mundo.
A primeira é a que separa a realidade da transcendência. Segundo o Vaticano, as crianças devem ser introduzidas à “realidade total”, incluindo a abertura ao transcendente, curando uma “fenda vertical entre o homem e o Absoluto”.
A segunda fratura que o pacto deve curar é a “horizontal”, entre gerações, culturas e dentro da família, com pessoas que trazem diferentes visões e religiões culturais e com pessoas que enfrentam dificuldades financeiras, sociais e morais.
A terceira fratura é aquela entre a humanidade e o meio ambiente, com uma necessidade urgente de “criar as condições para a "cidadania ecológica'” que eduquem em “austeridade responsável, contemplação agradecida do mundo e cuidem da fragilidade dos pobres e do meio ambiente”.
Publicado originalmente em Crux.
Tradução: Ramón Lara
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