sexta-feira, 26 de abril de 2013

Amai-Vos! - Dom Sergio

Dom Sergio da Rocha*
Como reconhecer um verdadeiro discípulo de Cristo? Como saber se alguém é cristão? É o próprio Jesus quem nos dá a resposta: "nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros" (Jo 13,25). No breve trecho do Evangelho segundo João, hoje proclamado, encontra-se um traço essencial da identidade do discípulo: o amor. A palavra "amor" tem recebido diversos significados, nem sempre condizentes com os ensinamentos de Jesus. Para se entender como cada discípulo deve amar, é necessário considerar o contexto em que Jesus proclama o "novo mandamento": a última ceia, com gestos concretos de serviço e doação da própria vida, o lava-pés, a eucaristia e a cruz. O modo como Jesus amou ilumina o modo como cada discípulo deve amar. Um amor que não se resume a palavras, mas se expressa em gestos concretos, como demonstra Jesus na Ceia e na Cruz. Por isso, é manifestado através do serviço humilde, da partilha, do sacrifício, da doação de si, do perdão, da fidelidade até a morte. O breve e riquíssimo texto joanino, hoje proclamado, deixa bastante claro, que a medida do amor cristão é o amor de Cristo: "como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros" (Jo 13,34).

Embora o amor na vida cristã deva se estender a todos, até mesmo aos inimigos, o texto meditado nos faz pensar na importância do amor entre os que são discípulos de Cristo. O testemunho da caridade, vivido entre os cristãos, sempre foi muito importante, mas hoje adquire relevância ainda maior. A primeira comunidade cristã crescia através do testemunho do amor entre os seus membros. Entre nós, que participamos da vida da Igreja, o amor deve crescer sempre mais à medida do amor de Cristo. Assim fazendo, estaremos contribuindo para que o Evangelho seja acolhido por muitos que não conhecem a Jesus e não participam da Igreja. É preciso evangelizar através do testemunho da caridade. Por isso, ao proclamar este Ano da Fé, Bento XVI ressaltou a relação que deve existir entre a fé e a caridade, de tal modo que, a caridade se torna fé vivida. O Papa Francisco tem mostrado a face amorosa de Deus e da Igreja com simplicidade. 

O caminho do amor de Cristo há de ser trilhado de modo simples e generoso, sem orgulho ou ostentação.  Por isso, devemos reconhecer que necessitamos crescer sempre mais no amor: entre nós, na Igreja; com os irmãos que não estão conosco; na família e, de modo, especial, com os pobres, os doentes e sofredores. Somente o amor de Deus é perfeito. O amor por nós vivido precisa crescer e amadurecer para se assemelhar ao amor ensinado e vivido por Cristo. Recordo, mais uma vez, não só a necessidade da vivência do amor em nível pessoal, mas também, comunitário. A vivência do amor é também um traço essencial da comunidade eclesial, de tal modo que podemos concluir que uma comunidade será reconhecida como cristã, se praticar o mandamento do amor. Assim fazendo, estaremos glorificando a Deus na liturgia e na vida, como Cristo glorificou ao Pai amando-nos até o fim.

*Arcebispo Metropolitano de Brasília

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