Reconciliar o mundo em Cristo em nome do Pai: essa é a missão de Jesus
'O resto, as curas, o ensinamento, as reprovações são só sinais daquele milagre mais profundo que é a recriação do mundo'
Se existisse um “bilhete de identidade” para os cristãos, certamente a liberdade estaria entre as principais características. A liberdade dos filhos de Deus – explicou o papa Francisco na homilia da missa celebrada na manhã dessa quinta-feira (4), na capela da Domus Sanctae Marthae – é o fruto da reconciliação com o Pai atuada por Jesus, o qual assumiu sobre si os pecados de todos os homens e redimiu o mundo com a sua morte na cruz. Ninguém, frisou o Pontífice, pode-nos privar dessa identidade.
Celebraram com o papa entre outros o cardeal Telesphore Placidus Toppo, arcebispo de Ranchi, Índia, e o arcebispo Piero Marini, presidente do Pontifício Comitê para os Congressos Eucarísticos Internacionais, que acompanhava alguns funcionários do dicastério.
A reflexão do Santo Padre baseou-se no trecho do evangelho de Mateus (9, 1-8) no qual se narra o milagre da cura do paralítico. O Papa comentou os sentimentos que devem ter surpreendido a alma do homem inválido quando, levado numa maca, ouve Jesus dizer-lhe: “coragem filho, os teus pecados são-te perdoados”.
Quem estava próximo de Jesus naquele momento e ouviu as suas palavras “disse: “Ele blasfema, só Deus pode perdoar os pecados”. E Jesus para lhe fazer compreender bem perguntou-lhe: “O que é mais fácil, perdoar os pecados ou curar? E curou. Jesus, diz são Pedro, passou fazendo o bem, curando todos, curou todos”.
“Mas Jesus – prosseguiu o bispo de Roma – quando curava um doente não era só um curador. Quando ensinava ao povo, pensemos nas bem-aventuranças, não era só um catequista, um pregador moral. Quando reprovava a hipocrisia dos fariseus e dos saduceus não era um revolucionário que queria afugentar os romanos. Não, estas coisas que Jesus realizava – a cura, o ensinamento, as palavras fortes contra a hipocrisia – eram apenas um sinal, um sinal mais forte daquilo que Jesus fazia: perdoar os pecados”.
Reconciliar o mundo em Cristo em nome do Pai: “essa é a missão de Jesus. O resto, as curas, o ensinamento, as reprovações são só sinais daquele milagre mais profundo que é a recriação do mundo. Uma linda oração da Igreja diz: “Ó Senhor tu que criaste maravilhosamente o mundo, mais maravilhosamente o redimiste, o recriaste”“. Portanto, a reconciliação é recriação do mundo e a missão mais profunda de Jesus é a redenção de todos nós, pecadores. E “Jesus – acrescentou o papa – faz isto não com palavras, nem gestos ou caminhando nas ruas, não! Fá-lo com a sua carne. É precisamente Deus que se torna um de nós, homem, para nos curar a partir de dentro”.
Mas, perguntou-se o pontífice, “podemos dizer que Jesus se fez um pecador? Não é exatamente assim, porque ele não podia pecar. São Paulo diz a palavra justa: não se fez pecador fez-se pecado (cf. 2 Cor 5, 21). Assumiu sobre si todo o pecado. E isto é bom, esta é a nova criação”, é “Jesus que desce da glória e se humilha até à morte e morte de cruz. Esta é a sua glória e esta é a nossa salvação. E a cruz no final, faz-se pecado (cf. ibid.)”.
Ao referir-se à primeira leitura da missa, tirada do livro do Gênesis (22, 1-19), o papa recordou que enquanto Abraão tinha respondido imediatamente ao filho Isaac que o invocava diante do fogo do sacrifício “a Jesus que dizia “Meu Pai” o Pai não responde. E ele disse só: “Pai, por que me abandonaste?”“. Jesus “tinha-se tornado pecado para nos libertar (cf. ibid.)”, este “é o milagre maior” através do qual Jesus nos tornou filhos de Deus e nos deu a liberdade de filhos. E precisamente por isto “podemos dizer: “Pai”. De outra forma nunca o poderíamos ter dito”.
"Deus reconciliou consigo o mundo em Cristo - concluiu – confiando-nos palavra da reconciliação. E a graça de levar em frente com força, com a liberdade de filhos, esta palavra de reconciliação. Nós somos salvos em Jesus Cristo” e ninguém jamais nos poderá privar desta graça.
Dom Total
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