Dom Total une-se aos os familiares, aos movimentos sociais e ao povo do Maranhão para homenagear o Pe. Victor Asselin, fiel amigo dos pobres, notável advogado defensor dos Direitos Humanos, falecido no dia 23/08/13, sexta-feira. (Na foto abaixo e na capa: Pe. Asselin, à esquerda, recebe afetuoso abraço de Manoel da Conceição.)
Confira a Nota do MST:
Aos familiares do Padre Victor Asselin,
à Igreja do Maranhão e a todos camponeses,
Soube com muito pezar que perdemos nosso querido Victor Asselin.
Ele foi uma pessoa extraordinária, que dedicou toda sua vida para o povo Maranhense e sobretudo para os camponeses mais pobres.
Em nome do MST, Movimento dos trabalhadores rurais sem terra, gostaria de manifestar nossa dor, e nossa esperança de que seu exemplo de fidelidade e coerencia com seus principios serão uteis para toda nossa militancia. Grande Asselin! Sentiremos sua falta. (Joao pedro stedile)
Repercussão na mídia:
MORRE AOS 85 ANOS O PADRE VICTOR ASSELIN
(Publicado em 24 de agosto de 2013 por manoelsantos)
O padre Victor Asselin, um dos fundadores da Comissão Pastoral da Terra, faleceu no início da manhã desta sexta-feira (23) em decorrência de um câncer generalizado. Nascido no Canadá, o padre Victor Asselin viveu no Maranhão por mais de quatro décadas, Ele teve um longo trabalho de base junto aos lavradores maranhenses.
Em 1975, ele foi um dos fundadores da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Brasil. Foi também o vice-presidente nacional e primeiro a presidir a Comissão no Maranhão. Em 1982, lançou pela editora Vozes o livro “Grilagem, Corrupção e Violência em Terra do Carajás”, única obra no que diz respeito ao mapeamento da grilagem de terra no Brasil. A partir daí foi processado e sofreu ameaças de morte, principalmente por grileiros de terras no interior do Estado. Chegou ao Maranhão no dia 31 de julho de 1966 após ter exercido o ensino de Filosofia.
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
MORRE O PADRE VICTOR ASSELIN, UM EXEMPLO DE CRSTIANISMO E CIDADANIA
O nosso amigo Victor Asselin faleceu ontem às 17h30, no Hôpital Saint Croix, Drummondville, Canadá. Como não poderia deixar de ser, lutou até o fim, superando todas as previsões médicas contra um Câncer. Que Deus conforte sua família e a todos nós.
Ao Victor, que tive a alegria de estar ao seu lado em seus últimos dias, a minha saudade. Que o seu nome, herdado pelo meu filho Victor Abas Bíscaro, em sua homenagem, mantenha sempre aceso o seu exemplo de Cristianismo e Cidadania.
Para mim, esses dias estão sendo de grande aprendizado. Victor, mesmo debititado, ainda deixou hospital para acomodar-me em sua casa, chegando ao ponto de arrumar a minha cama e conferir se não faltava nada na geladeira. Como faria Cristo, na verdade. Quatro dias depois, entrou em coma.
Conheci toda sua maravilhosa e acolhedora família. Revi parte de sua história, conversei com seus amigos e colegas... Receba dois grandes beijos Victor Asselin, um meu e outro do nosso Victor. E até mais... (Texto de Sandro Bíscaro)
CONHEÇA UM POUCO MAIS DO PADRE VICTOR ASSELIN Postado por Josué Almeida Moura às 09:07
Chegada ao Brasil A vinda de Victor para o Brasil, se deu pelo pedido do Papa PIo XII feito aos Bispo que possuiam um grande número de padres em seu clero a colaborar com o envio de alguns destes ao Brasil que necessitava de padres, foi a partir daí que o bispo da sua diocese aceitou enviar alguns padres e fez um contrato com o bispo da diocese de Pinheiro. Os primeiros padres da sua diocese chegaram ao Maranhão em 1955. Ele em 1966.
Em meados da década de 70 período em que a comunidade católica era integrante da Arquidiocese de São Luis, Victon Asselin, foi enviado para São Mateus e na cidade cuidou de orientar os lavradores e a cuidar do pastoreio cristão na cidade, em 2005, ano do jubileu de 50 anos da paróquia de São Mateus, Padre Victor retornou a cidade, onde foi homenageado pelo trabalho desenvolvido na cidade.
O padre advogado Como advogado atuou desde 1985 atuou nas áreas penal e agrária, e inclusive foi advogado no caso do assassinato do Padre italiano Maurizio Maraglio, morto por pistoleiros em outubro de 1986 em São Luis-MA, nesta época Padre Maurizio era pároco em São Mateus e a cidade vivia um clima tento de conflitos agrários.
Mesmo sendo canadense, Padre Victor Asselin, constuma dizer que foi radicado no Maranhão.
O que pensava sobre a política
"Ser político é uma das vocações mais dignas que o mundo conhece. Aprender a ser político e a "fazer política" é uma aprendizagem corajosa que os tempos atuais exigem. Passar de uma mentalidade mesquinha e fechada - a serviço dos interesses individuais, navegando na promiscuidade entre o público e o privado - para uma mentalidade generosa e aberta, a serviço do "bem comum", só pode se concretizar por pessoas apaixonadas pelo seu povo e por sua pátria."
"O papa Paulo VI escreveu que ´a política é uma maneira exigente de viver o engajamento cristão a serviço dos semelhantes´. Como fazer para que a política seja a "arte do possível"? As eleições dos últimos anos são o resultado de fracassos, de angustias, de demorados sofrimentos, de teimosia no trabalho e de uma fé profunda que sempre nos sustentou. E, apesar de todas as suas ambiguidades e limitações, temos visto resultados inéditos."
Estes são trechos do prefácio que ele (Padre Victor Asselin) generosamente escreveu para o livro Manual Eleitoral 2008 para candidatos, dirigentes partidários e agentes políticos, do meu grande amigo e jornalista Luis Mello Neves.
O livro Grilagem: corrupção e violência em terras do CarajásEste livro foi reeditado recentemente (teve lançamento em 5 de dezembro de 2009) pela Ética Editora. A obra é única como mapeamento da grilagem de terras no Brasil, desde o Rio Grande do Sul até o Maranhão e o Pará. Mostra, com documentos públicos irrefutáveis, incluindo inquéritos administrativos federais e da Polícia Federal, como se deu a maior fraude cartorial que se tem notícia no mundo e que transferiu milhões de hectares de terras devolutas no país, especialmente no Maranhão, para empresários e empresas, muitas delas sem vínculo com a vida agrária, como o Jornal Folha de São Paulo. No Maranhão a fraude se dava no Cartório de Turiaçu, com a devida sentença favorável do juiz da comarca, Ribamar Fiquene. Fiquene depois seria vice-governador e dono da empresa Faculdade Atenas Maranhense - FAMA, situada na avenida São Luis Rey de França, bairro do Turu.
NOTA DO INSTITUTO JACKSON LAGO PELA MORTE DO PE. VICTOR ASSELINPublicado em 24 de agosto de 2013 por manoelsantos
O Instituto Jackson Lago, tomado de profunda surpresa e dor, vem a público dizer de sua tristeza ao receber a notícia do falecimento do nosso querido Pe. Victor Asselin, militante sincero da generosidade humanista e construtor convicto da utopia libertária.
Pe. Victor Asselin, que por muitos anos teve uma destacada jornada de solidariedade às lutas e movimentos sociais do Maranhão, nos deixa um legado extraordinário de amor ao próximo e de solidariedade que devem marcar o cotidiano dos que lutam para construir um mundo novo.
Este Instituto registra o sentimento de dor que, com certeza, abate todos e todas que fazem dos seus sonhos a luta por um mundo novo. Homenagear a memória do nosso querido Pe. Victor Asselin é continuarmos lutando pelo que mais o movia, o amor ao povo, aos pobres, aos oprimidos em suas lutas pela libertação.
NOTA DE CLAY LAGO, PRESIDENTE DO INSTITUTO JACKSON LAGO
São Luís, 23 de agosto de 2013
Lembranças de Victor Asselin Victor Asselin não foi apenas mais um padre estrangeiro que se tornou maranhense ao vir para o nosso estado. Canadense, ele chegou por cá em 1966. Desde então, tornou-se a principal referência do estudo, da organização e da luta pela terra no Maranhão.
Asselin foi fundador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), tendo participado do encontro que criou a entidade, em 1975, em Goiânia. Da CPT, foi seu primeiro vice-presidente nacional e primeiro presidente no Maranhão.
Ao pesquisar sobre o que estava por trás de tanta violência aos camponeses e camponesas maranhenses, descobriu uma ampla rede de grilagem (grilar - fazer títulos falsos de posse da terra) que envolvia corrupção, poderes constituídos e políticos do Estado. Sua pesquisa transformou-se no livro "Grilagem: corrupção e violência em terras do Carajás" (de 1982), reeditado em 2009, pelo qual recebeu como "prêmio" uma espécie de exílio do Maranhão, onde sequer pôde fazer a divulgação do livro, jurado de morte que foi por poderosos e grileiros. Como observa o historiador Carlos Leen Santiago, o livro do Pe. Victor está para o Maranhão como "Veias Abertas", de Eduardo Galeano, está para a América Latina: desnuda a realidade estrutural maranhense a fundo, por isso permanece tão atual e de imprescindível leitura.
Até os últimos dias no Maranhão, Pe. Victor foi coerente pela opção que fez pelos mais pobres e camponeses. Lembro que, mesmo muito educado, não deixou de dar uma descompostura numa antiga conhecida sua que havia aderido ao sarno-petismo: ao pedir sua benção, disse a ela: "Não, eu não te abençoo!"... Pe.Victor não compreendia como petistas tão vinculados à luta dos trabalhadores rurais tinham baixado a cabeça para a oligarquia que tanto assassinou camponeses maranhenses.
Por essa sua coerência, foi um dos primeiros a colocar-se ao lado de Jackson Lago na defesa de seu mandato contra o golpe judiciário orquestrado pela oligarquia, ocorrido em abril de 2009. Advogado, também foi um dos primeiros a subscrever a ação judicial que as organizações populares preparavam para pedir a cassação do mandato de Roseana Sarney, eleita governadora sob amplo abuso de poder econômico, em 2010. Asselin, como símbolo da CPT e da luta pela reforma agrária, assinaria o documento juntamente com Pe. João Maria Van Dame, referência da ASP na luta pela saúde pública, e Ricarte Almeida, expressão da Cáritas na luta por políticas públicas e transparência no orçamento.
Em novembro de 2010, quando nos encontramos na solenidade de outorga de título de doutor honoris causa a Manoel da Conceição, na UFMA, ele me dizia que o exemplo que "Mané" nos dava era o da convicção, de não baixar as bandeiras, de manter a resistência sem medo. Até o último momento que pôde, Victor Asselin não tergiversou em estar ao lado da justiça, da paz e pela vida.
Nos movimentos sociais, quando queremos exaltar uma pessoa querida e importante que se foi, mas deixa a marca de sua atuação, de suas ideias e ideais, grita-se bem alto o nome dela e, mais alto ainda, a palavra PRESENTE, para significar que sua luta prosseguirá pelos que aqui ficam.
Sobre o Pe. Victor Asselin, não há outra coisa a fazer em sua homenagem que não alçá-lo ao topo dos ícones da luta por um Maranhão livre.
- Maria Aragão: presente!
- Neiva Moreira e Jackson Lago: presentes!
- Padre Josimo e Magno Cruz: presentes!!
- Padre Victor Asselin: PRESEEENTE!!!!
(*) Franklin Douglas - jornalista, professor e doutorando em Políticas Públicas (UFMA), escreve para o Jornal Pequeno aos domingos, quinzenalmente. Artigo publicado no Jornal Pequeno (edição 25/08/2013, p. 12).
COMUNICADO DOS FAMILIARES DO PE. VICTOR ASSELIN
2013/8/23 Victor Asselin <victorasselin@hotmail.com>
Bonjour,
Victor Asselin est décédé jeudi le 22 aout 2013 a 17:30 heures.
La famille recevra les condoléances vendredi le 30 aout a l´église de St-Nicéphore
a compter de 10:00 heures.Les funérailles seront célébrées a 15:00 heures.
Aos familiares do Padre Victor Asselin,
à Igreja do Maranhão e a todos camponeses,
Soube com muito pezar que perdemos nosso querido Victor Asselin.
Ele foi uma pessoa extraordinária, que dedicou toda sua vida para o povo Maranhense e sobretudo para os camponeses mais pobres.
Em nome do MST, Movimento dos trabalhadores rurais sem terra, gostaria de manifestar nossa dor, e nossa esperança de que seu exemplo de fidelidade e coerencia com seus principios serão uteis para toda nossa militancia. Grande Asselin! Sentiremos sua falta. (Joao pedro stedile)
Repercussão na mídia:
MORRE AOS 85 ANOS O PADRE VICTOR ASSELIN
(Publicado em 24 de agosto de 2013 por manoelsantos)
O padre Victor Asselin, um dos fundadores da Comissão Pastoral da Terra, faleceu no início da manhã desta sexta-feira (23) em decorrência de um câncer generalizado. Nascido no Canadá, o padre Victor Asselin viveu no Maranhão por mais de quatro décadas, Ele teve um longo trabalho de base junto aos lavradores maranhenses.
Em 1975, ele foi um dos fundadores da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Brasil. Foi também o vice-presidente nacional e primeiro a presidir a Comissão no Maranhão. Em 1982, lançou pela editora Vozes o livro “Grilagem, Corrupção e Violência em Terra do Carajás”, única obra no que diz respeito ao mapeamento da grilagem de terra no Brasil. A partir daí foi processado e sofreu ameaças de morte, principalmente por grileiros de terras no interior do Estado. Chegou ao Maranhão no dia 31 de julho de 1966 após ter exercido o ensino de Filosofia.
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
MORRE O PADRE VICTOR ASSELIN, UM EXEMPLO DE CRSTIANISMO E CIDADANIA
O nosso amigo Victor Asselin faleceu ontem às 17h30, no Hôpital Saint Croix, Drummondville, Canadá. Como não poderia deixar de ser, lutou até o fim, superando todas as previsões médicas contra um Câncer. Que Deus conforte sua família e a todos nós.
Ao Victor, que tive a alegria de estar ao seu lado em seus últimos dias, a minha saudade. Que o seu nome, herdado pelo meu filho Victor Abas Bíscaro, em sua homenagem, mantenha sempre aceso o seu exemplo de Cristianismo e Cidadania.
Para mim, esses dias estão sendo de grande aprendizado. Victor, mesmo debititado, ainda deixou hospital para acomodar-me em sua casa, chegando ao ponto de arrumar a minha cama e conferir se não faltava nada na geladeira. Como faria Cristo, na verdade. Quatro dias depois, entrou em coma.
Conheci toda sua maravilhosa e acolhedora família. Revi parte de sua história, conversei com seus amigos e colegas... Receba dois grandes beijos Victor Asselin, um meu e outro do nosso Victor. E até mais... (Texto de Sandro Bíscaro)
CONHEÇA UM POUCO MAIS DO PADRE VICTOR ASSELIN Postado por Josué Almeida Moura às 09:07
Chegada ao Brasil A vinda de Victor para o Brasil, se deu pelo pedido do Papa PIo XII feito aos Bispo que possuiam um grande número de padres em seu clero a colaborar com o envio de alguns destes ao Brasil que necessitava de padres, foi a partir daí que o bispo da sua diocese aceitou enviar alguns padres e fez um contrato com o bispo da diocese de Pinheiro. Os primeiros padres da sua diocese chegaram ao Maranhão em 1955. Ele em 1966.
Em meados da década de 70 período em que a comunidade católica era integrante da Arquidiocese de São Luis, Victon Asselin, foi enviado para São Mateus e na cidade cuidou de orientar os lavradores e a cuidar do pastoreio cristão na cidade, em 2005, ano do jubileu de 50 anos da paróquia de São Mateus, Padre Victor retornou a cidade, onde foi homenageado pelo trabalho desenvolvido na cidade.
O padre advogado Como advogado atuou desde 1985 atuou nas áreas penal e agrária, e inclusive foi advogado no caso do assassinato do Padre italiano Maurizio Maraglio, morto por pistoleiros em outubro de 1986 em São Luis-MA, nesta época Padre Maurizio era pároco em São Mateus e a cidade vivia um clima tento de conflitos agrários.
Mesmo sendo canadense, Padre Victor Asselin, constuma dizer que foi radicado no Maranhão.
O que pensava sobre a política
"Ser político é uma das vocações mais dignas que o mundo conhece. Aprender a ser político e a "fazer política" é uma aprendizagem corajosa que os tempos atuais exigem. Passar de uma mentalidade mesquinha e fechada - a serviço dos interesses individuais, navegando na promiscuidade entre o público e o privado - para uma mentalidade generosa e aberta, a serviço do "bem comum", só pode se concretizar por pessoas apaixonadas pelo seu povo e por sua pátria."
"O papa Paulo VI escreveu que ´a política é uma maneira exigente de viver o engajamento cristão a serviço dos semelhantes´. Como fazer para que a política seja a "arte do possível"? As eleições dos últimos anos são o resultado de fracassos, de angustias, de demorados sofrimentos, de teimosia no trabalho e de uma fé profunda que sempre nos sustentou. E, apesar de todas as suas ambiguidades e limitações, temos visto resultados inéditos."
Estes são trechos do prefácio que ele (Padre Victor Asselin) generosamente escreveu para o livro Manual Eleitoral 2008 para candidatos, dirigentes partidários e agentes políticos, do meu grande amigo e jornalista Luis Mello Neves.
O livro Grilagem: corrupção e violência em terras do CarajásEste livro foi reeditado recentemente (teve lançamento em 5 de dezembro de 2009) pela Ética Editora. A obra é única como mapeamento da grilagem de terras no Brasil, desde o Rio Grande do Sul até o Maranhão e o Pará. Mostra, com documentos públicos irrefutáveis, incluindo inquéritos administrativos federais e da Polícia Federal, como se deu a maior fraude cartorial que se tem notícia no mundo e que transferiu milhões de hectares de terras devolutas no país, especialmente no Maranhão, para empresários e empresas, muitas delas sem vínculo com a vida agrária, como o Jornal Folha de São Paulo. No Maranhão a fraude se dava no Cartório de Turiaçu, com a devida sentença favorável do juiz da comarca, Ribamar Fiquene. Fiquene depois seria vice-governador e dono da empresa Faculdade Atenas Maranhense - FAMA, situada na avenida São Luis Rey de França, bairro do Turu.
NOTA DO INSTITUTO JACKSON LAGO PELA MORTE DO PE. VICTOR ASSELINPublicado em 24 de agosto de 2013 por manoelsantos
O Instituto Jackson Lago, tomado de profunda surpresa e dor, vem a público dizer de sua tristeza ao receber a notícia do falecimento do nosso querido Pe. Victor Asselin, militante sincero da generosidade humanista e construtor convicto da utopia libertária.
Pe. Victor Asselin, que por muitos anos teve uma destacada jornada de solidariedade às lutas e movimentos sociais do Maranhão, nos deixa um legado extraordinário de amor ao próximo e de solidariedade que devem marcar o cotidiano dos que lutam para construir um mundo novo.
Este Instituto registra o sentimento de dor que, com certeza, abate todos e todas que fazem dos seus sonhos a luta por um mundo novo. Homenagear a memória do nosso querido Pe. Victor Asselin é continuarmos lutando pelo que mais o movia, o amor ao povo, aos pobres, aos oprimidos em suas lutas pela libertação.
NOTA DE CLAY LAGO, PRESIDENTE DO INSTITUTO JACKSON LAGO
São Luís, 23 de agosto de 2013
Lembranças de Victor Asselin Victor Asselin não foi apenas mais um padre estrangeiro que se tornou maranhense ao vir para o nosso estado. Canadense, ele chegou por cá em 1966. Desde então, tornou-se a principal referência do estudo, da organização e da luta pela terra no Maranhão.
Asselin foi fundador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), tendo participado do encontro que criou a entidade, em 1975, em Goiânia. Da CPT, foi seu primeiro vice-presidente nacional e primeiro presidente no Maranhão.
Ao pesquisar sobre o que estava por trás de tanta violência aos camponeses e camponesas maranhenses, descobriu uma ampla rede de grilagem (grilar - fazer títulos falsos de posse da terra) que envolvia corrupção, poderes constituídos e políticos do Estado. Sua pesquisa transformou-se no livro "Grilagem: corrupção e violência em terras do Carajás" (de 1982), reeditado em 2009, pelo qual recebeu como "prêmio" uma espécie de exílio do Maranhão, onde sequer pôde fazer a divulgação do livro, jurado de morte que foi por poderosos e grileiros. Como observa o historiador Carlos Leen Santiago, o livro do Pe. Victor está para o Maranhão como "Veias Abertas", de Eduardo Galeano, está para a América Latina: desnuda a realidade estrutural maranhense a fundo, por isso permanece tão atual e de imprescindível leitura.
Até os últimos dias no Maranhão, Pe. Victor foi coerente pela opção que fez pelos mais pobres e camponeses. Lembro que, mesmo muito educado, não deixou de dar uma descompostura numa antiga conhecida sua que havia aderido ao sarno-petismo: ao pedir sua benção, disse a ela: "Não, eu não te abençoo!"... Pe.Victor não compreendia como petistas tão vinculados à luta dos trabalhadores rurais tinham baixado a cabeça para a oligarquia que tanto assassinou camponeses maranhenses.
Por essa sua coerência, foi um dos primeiros a colocar-se ao lado de Jackson Lago na defesa de seu mandato contra o golpe judiciário orquestrado pela oligarquia, ocorrido em abril de 2009. Advogado, também foi um dos primeiros a subscrever a ação judicial que as organizações populares preparavam para pedir a cassação do mandato de Roseana Sarney, eleita governadora sob amplo abuso de poder econômico, em 2010. Asselin, como símbolo da CPT e da luta pela reforma agrária, assinaria o documento juntamente com Pe. João Maria Van Dame, referência da ASP na luta pela saúde pública, e Ricarte Almeida, expressão da Cáritas na luta por políticas públicas e transparência no orçamento.
Em novembro de 2010, quando nos encontramos na solenidade de outorga de título de doutor honoris causa a Manoel da Conceição, na UFMA, ele me dizia que o exemplo que "Mané" nos dava era o da convicção, de não baixar as bandeiras, de manter a resistência sem medo. Até o último momento que pôde, Victor Asselin não tergiversou em estar ao lado da justiça, da paz e pela vida.
Nos movimentos sociais, quando queremos exaltar uma pessoa querida e importante que se foi, mas deixa a marca de sua atuação, de suas ideias e ideais, grita-se bem alto o nome dela e, mais alto ainda, a palavra PRESENTE, para significar que sua luta prosseguirá pelos que aqui ficam.
Sobre o Pe. Victor Asselin, não há outra coisa a fazer em sua homenagem que não alçá-lo ao topo dos ícones da luta por um Maranhão livre.
- Maria Aragão: presente!
- Neiva Moreira e Jackson Lago: presentes!
- Padre Josimo e Magno Cruz: presentes!!
- Padre Victor Asselin: PRESEEENTE!!!!
(*) Franklin Douglas - jornalista, professor e doutorando em Políticas Públicas (UFMA), escreve para o Jornal Pequeno aos domingos, quinzenalmente. Artigo publicado no Jornal Pequeno (edição 25/08/2013, p. 12).
COMUNICADO DOS FAMILIARES DO PE. VICTOR ASSELIN
2013/8/23 Victor Asselin <victorasselin@hotmail.com>
Bonjour,
Victor Asselin est décédé jeudi le 22 aout 2013 a 17:30 heures.
La famille recevra les condoléances vendredi le 30 aout a l´église de St-Nicéphore
a compter de 10:00 heures.Les funérailles seront célébrées a 15:00 heures.
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